‘15/07/2005
A conquista, pelo São Paulo, da Copa Libertadores da América fez com que os jornais de São Paulo alterassem suas capas. A Folha atualizou a manchete: ‘Papéis de Valério são queimados em MG’ (Edição Nacional) e ‘Valério pede benefícios para colaborar’ (Ed. SP). O ‘Estado’ investe em investigação de corrupção dentro dos Correios: ‘CPI apura coleta de propina em franquias dos Correios’ (20h55) e ‘CPI apura mensalão em franquias dos Correios’ (1h25).
No ‘Globo’, a manchete também trata do ‘mensalão’: ‘Valério ameaça contar tudo e negocia redução de pena’.
Em relação à Daslu, a principal notícia da Folha, na minha opinião, é a revelação, aparentemente exclusiva, de que a Secretaria de Fazenda de São Paulo (desde janeiro) e o Ministério Público Federal (desde 2003) já investigavam a empresa. Acho que esta era a notícia que deveria estar na capa do jornal, secundada pela informação de que o ministro da Justiça ‘tentará acalmar empresariados sobre caso Daslu’.
Escândalo do ‘mensalão’
Se a própria assessoria do deputado Rodrigo Maia admite, como a Folha informa no texto ‘Líder do PFL levanta suspeitas sobre petistas’ (pág. A5 da Ed. SP), que não checou as identidades dos nomes encontrados num levantamento que fez de pessoas que estiveram no Banco Rural, por que motivo o jornal publica estes nomes e os associa a deputados? Como é um levantamento preliminar, deveria apenas servir de base para uma apuração completa. Além de expor novos nomes sem confirmação da identidade, o jornal se viu obrigado a recorrer a fórmulas risíveis, como ‘supostos familiares e assessores de deputados petistas’. O fato de o ‘Jornal Nacional’ embarcar no levantamento mal feito não significa que o jornal também deva ser irresponsável.
No caso, até entendo que o jornal noticie o levantamento e a suspeita do deputado, mas deveria omitir os nomes explicando para os leitores que não foi possível fazer uma checagem. Se amanhã ficar comprovado que assessores e familiares destes deputados estiveram no prédio para receber dinheiro da conta das empresas de Marcos Valério, aí sim o jornal publica os nomes.
Ficou ruim, na Edição Nacional, a inserção, no texto em que a Folha publica o depoimento de Marcos Valério na Corregedoria (‘Valério disse ter feito doações de campanha’, pág. A6), a informação de que ele esteve ontem na Procuradoria Geral da República das 15h às 16h. Como a informação não tem nada a ver com o depoimento na Corregedoria, deveria ter tido um destaque com intertítulo ou em nota separada. A Edição SP (pág. A10) ficou ainda pior, porque a informação foi mantida no segundo parágrafo e ignorou a reportagem que virou a manchete do jornal, ‘Valério propõe colaborar para ter ‘proteção’.
O ‘Globo’ tem boa entrevista com Kennedy Moura, ‘Fui chamado por uma questão de Estado’.
Operação Narciso
A cobertura do caso Daslu está hoje mais equilibrada do que a de ontem. A começar pelo editorial do jornal que, embora faça ponderações em relação a possíveis excessos em outras operações, afirma que a realizada na Daslu é ‘justificável’.
O jornal não deixa de registrar a movimentação dos empresários (‘Fiesp propõe ato contra ‘arbitrariedade’) e a reação do prefeito de São Paulo (‘Serra vê prisão de Tranchesi como exagerada’), mas registra com destaque a posição do governo (‘Thomaz Bastos tenta acalmar empresários’), da PF (‘PF rebate crítica e nega abuso contra Daslu’) e dos juízes (‘Entidade quer Justiça desigual, diz juiz’), todas reportagens publicadas na capa e página B3 de Dinheiro.
O ‘Estado’ tem informação relevante para entender a Operação Narciso que não vi na Folha: ‘Grampo precipitou ação na Daslu’. Segundo o jornal, a gravação de uma conversa telefônica feita dez dias atrás a pedido do MPF acelerou a operação.
O ‘Estado’ fez o trabalho de campo e procurou algumas empresas relacionadas pelo MPF como envolvidas nas fraudes (‘Em vez de importadora, a casa de um serralheiro’). Procurou também as marcas que alugam espaço na loja (‘Parceiro diz que apenas aluga espaço’).
A Folha tem duas informações importantes: a Secretaria de Fazenda de São Paulo já fazia auditoria na empresa desde janeiro e o Ministério Público Federal de São Paulo já havia pedido à Justiça em 2003 a expedição de mandados de busca e apreensão (‘Fazenda de SP quer cobrar ICMS da Daslu’).
Está errada a linha fina da manchete da pág. B3 da Folha. O Ministério Público Federal pedia, em 2003, mandados de busca e apreensão, e não ‘investigação’. Investigar ele já investigava.
Fica mais fácil entender o complexo sistema de sonegação com os exemplos dados pelo Luís Nassif na sua coluna, na pág. B4, do que na arte ‘Como era o esquema’ (capa do caderno).
Aviso
Participo segunda-feira ,em Salvador, do Seminário de Comunicação e Política organizado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Por esta razão não farei as Críticas Internas de segunda e terça.
14/07/2005
A prisão da empresária Eliana Tranchesi, dona da Daslu, dividiu as capas dos principais jornais com as notícias dos escândalos de corrupção. A Folha deu mais destaque para a prisão e levou para a primeira página extratos de dois artigos com comentários críticos à ação da Polícia Federal. Deveria ter previsto um contraponto que explicasse ou defendesse a operação.
No ‘Estado’ e no ‘Globo’, os títulos da crise do governo tiveram mais destaque.
Folha – ‘Operação da PF detém dona da Daslu’ e ‘Diretor da Abin cai após chamar integrantes da CPI de ‘bestas-feras’.
‘Estado’ – ‘Chefe da Abin diz que CPI é ‘picadeiro’, aumenta crise e cai’ e ‘Polícia invade Daslu e prende dona’.
‘Globo’ – ‘Valério usou fantasma’ e ‘Sonegação de luxo na Daslu’.
A prisão da empresária foi destaque nas capas dos principais jornais de banca: ‘Presa a dona da loja mais cara do Brasil –No lugar de dondocas, polícia na Daslu’ (‘O Dia’), ‘Dona da Daslu é presa por fraude e sonegação– PF faz blitz no maior templo de consumo de luxo do país’ (‘Agora’), ‘Dona da Daslu é presa como sacoleira de luxo’ (‘Diário de S. Paulo’) e ‘Polícia prende e Justiça solta dona da loja mais cara do país’ (‘Extra’).
Escândalo do ‘mensalão’
Está ruim a Edição Nacional da Folha.
Sem a queda do chefe da Abin, sem a libertação do ex-assessor petista preso com reais na mala e dólares na cueca e sem a notícia de que o dinheiro do ex-assessor do PT era para abrir uma revendedora de automóveis, a edição chegou desatualizada. Como não têm as principais notícias do ‘mensalão’, as páginas que abrem o noticiário –A4 (‘Pagamento de bilhete põe em xeque irmão de Genoino’) e A5 (‘PF liberou malas de dinheiro de políticos sem investigação’)– enfraqueceram a edição.
A Folha informa, na sua Edição Nacional desatualizada, que ‘ontem mesmo a PF cumpriu mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal na Corregedoria Geral da Receita e no gabinete do chefe da Divisão de Nomenclatura, Classificação Fiscal e Origem de Mercadorias do mesmo órgão, Cesar Dalston’ (‘PF faz apreensão na Receita Federal’, pág. A8). Como informa o próprio jornal na sua Edição SP, não foram necessárias a busca e apreensão na Divisão de Nomenclatura. O jornal se precipitou.
O ‘Globo’ continua a fuçar os documentos enviados pela Coaf à CPI e descobriu um morto sacando da conta da SMPB, de Marcos Valério. É a manchete do jornal e sua principal reportagem, ‘Valério tinha fantasma de bolso cheio – Ferroviário morto em 99 aparece como autor de saque feito em 2003’.
A Folha errou ao informar, na sua Edição SP, que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ainda não havia recebido a resposta da Telemar ao ofício que enviara anteontem cobrando explicações a respeito de investimentos na empresa do filho do presidente Lula (‘CVM cobra explicações da Telemar’, pág. A11). Segundo o ‘Globo’, a telefônica respondeu ontem mesmo ao ofício: ‘Telemar: aporte na Gamecorp é irrelevante’. O ‘Estado’ também noticia a resposta da Telemar.
Segundo o ‘Globo’, o governo de Minas acatou sugestão do MP e suspendeu os contratos com as agências de publicidade de Marcos Valério.
A Folha não informa que a CPI dos Bingos decidiu ontem a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Waldomiro Diniz (‘Cachoeira poupa Dirceu na CPI dos Bingos’, pág. A8).
Operação Narciso
A Folha fez a cobertura mais extensa da operação da Polícia Federal na Daslu, da mesma forma como havia feito a maior cobertura na inauguração da nova loja. Achei as duas coberturas, a da inauguração e a da prisão (ontem, em Dinheiro), exageradas.
A parte do noticiaria me pareceu ok. Mas não houve equilíbrio na repercussão.
Nas quatro páginas e meia que o jornal publicou sobre a prisão (cinco, se contamos com a coluna da Mônica Bergamo, na Ilustrada), só foram destacados os questionamentos e as críticas: ‘Empresários temem abuso da PF’, ‘OAB vê operação da Polícia Federal na Daslu com ‘ressalvas’, ‘Clientes vêem dona da Daslu como ‘vítima’, ‘ACM chora e defende empresária’, ‘Órfãs da Daslu’, ‘Ação tem marketing policial’ e a nota ‘Down no high’.
Diante de tantos depoimentos e comentários criticando a prisão da dona da Daslu, o jornal poderia ter publicado pelo menos unzinho defendendo ou explicando a ação da Polícia Federal.
Poderia, pelo menos, ter dado título para o comentário do jurista Dalmo Dallari (pág. B4), o único ouvido que justificou a operação.
Impressão
Quatro exemplares da Edição Nacional que folheei tinham problema de impressão. O anúncio da pág. A7 ficou borrado na A6 e dificultou a sua leitura.
13/07/2005
Apenas o ‘Globo’, entre os três grandes jornais, tem informação nova sobre as investigações do ‘mensalão’: ‘Delúbio: Valério intermediava reuniões do PT com empresas’. A manchete do jornal do Rio é baseada no depoimento do ex-tesoureiro do PT à Polícia Federal.
Folha e ‘Estado’ deram destaques para as novas mexidas no ministério:
Folha – ‘Gushiken perde status de ministro’.
‘Estado’ – ‘Lula troca outros quatro ministros e rebaixa Gushiken’.
Escândalo do ‘mensalão’
O ‘Globo’ tem várias informações relevantes que não vi na Folha. A cobertura do desdobramento do caso no Ceará me pareceu bem mais completa no jornal do Rio. Alguns destaques:
– ‘A confissão do tesoureiro’: o jornal teve acesso ao depoimento de Delúbio Soares à Polícia Federal. Segundo o ‘Globo’, ‘Delúbio admitiu que Valério intermediava encontros da direção do PT com empresários’.
– ‘PT tem rombo de R$ 72 milhões apesar da contribuição de filiados’.
– ‘Valério representava o Banco Rural’. Segundo o jornal, ‘o empresário esteve três vezes nos Correios falando pela instituição’.
– ‘PF investiga esquema de caixa dois no PT-CE’ e ‘Ele estava estranho há dias’. Segundo o jornal, José Adalberto, o ex-assessor preso com dinheiro em Congonhas, já teria confessado que a grana era destinada a Kennedy Moura, exonerado do BNB. Ainda segundo o ‘Globo’, o dinheiro viria de empresários de SP beneficiados por empréstimos do BNB.
– O jornal encontrou mais uma testemunha, ex-petista, disposta a acusar a deputada federal Neyde Aparecida, do PT de Goiás, de ‘desvio de dinheiro’: ‘De aliado a algoz’, é o título.
– ‘Telemar sabia que filho de Lula era sócio da Gamecorp’. Segundo o jornal, a composição acionária da empresa foi passada à telefônica quatro meses antes da assinatura do contrato. A Folha tem boa reportagem sobre o mesmo assunto, ‘Telemar mantém associação diferenciada com Gamecorp’.
Segundo a Folha, o ex-diretor dos Correios Eduardo Medeiros admitiu ter sido indicado para o cargo pelo ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira (pág. A10 da Edição SP e A9 da Edição Nacional). Segundo o ‘Valor’, o ex-diretor negou ter sido indicado por Pereira.
O jornal joga hoje no fogo três novos personagens sem comprovação ou acusação assumida de que estejam envolvidos nos escândalos: Fernando Moura (‘Painel’), Chico Júnior (‘Painel’) e André Gustavo Vieira da Silva (‘Delúbio é padrinho de publicitário que tem conta do BNDES’, pág, A10 da Ed. Nacional e A9 da Ed. SP). Fica a sensação de que está atirando para todos os lados. No caso de Fernando Moura, se a oposição (assim, sem identificação) tem como provar que ele foi beneficiado em licitação da Petrobrás, como afirma o ‘Painel’, as provas já poderiam estar no jornal de hoje.
A Folha tem duas páginas e meia sobre a reforma ministerial , mas não tem um só artigo que analise a lógica das mudanças e seus objetivos.
Não há justificativa jornalística para a pesquisa CNI/Sensus, que mostra que a imagem do presidente não foi afetada pelas acusações de corrupção, não tenha tido o devido destaque na Edição Nacional (‘Lula continua popular, diz pesquisa’, pág. A6). Fica parecendo que o jornal quis esconder o resultado.
Publicidade
Os jornais deveriam tomar mais cuidado na distribuição das peças publicitárias em suas páginas. A Folha e o ‘Globo’ de hoje publicam o anúncio da nova empresa aérea Webjet colado às reportagens sobre a disputa de tarifas provocada pela sua chegada ao mercado (pág. B3, na Folha, e 31, no ‘Globo’). É como se atendessem a um pedido do anunciante.
Futebol
A nota ‘Edmundo se envolve em acidente no Rio’ (pág. D4) omite uma informação básica: quando foi o acidente? Ontem? Anteontem? Há uma semana?
É improvável que os jogadores Ronaldo e Zidane tenham doado R$ 281 milhões para a ONU, como está na nota ‘Ronaldo e Zidane doam R$ 281 mi para a ONU’, na página D4. O mais provável é que o valor seja R$ 281 mil. A verificar.
Esporte
Recebi de Roberto Prata de Lima Dias, da Editoria de Esporte, através da Secretaria de Redação, a seguinte observação a propósito da nota de ontem ‘Esporte’ da Crítica Interna:
‘Só gostaria de chamar a atenção para o fato de que o título ‘Oleg dá vida curta a Daiane’ e a linha-fina ‘…já descarta participação na Olimpíada de Pequim’, citados pelo ombudsman, não constam no declaratório do treinador e nem mesmo no texto da reportagem. A única declaração dele sobre isso é justamente para falar que não pode fazer o que o título diz que ele fez: ‘Por causa do joelho, é difícil prever o futuro’.
Uma boa entrevista com o técnico ou com a atleta acabaria com as dúvidas.
12/07/2005
Dos grandes jornais, apenas o ‘Estado’ omitiu, na formulação da manchete, o partido do deputado flagrado com sete malas de dinheiro. Como o noticiário de corrupção e malas de dinheiro tem girado todo em torno do PT e dos partidos da base aliada, a distinção é importante.
Folha – ‘Pefelista é detido com malas de dinheiro’ (Edição Nacional) e ‘PF encontra R$ 10 mi com bispo do PFL’ (Ed. SP).
‘Estado’ – ‘Deputado é detido com R$ 10 mi’.
‘Globo’ – ‘Bispo da Universal, deputado do PFL é detido com R$ 10 milhões’.
Os jornais econômicos têm leituras distintas do momento:
‘Valor’ – ‘Real forte e juros altos desaceleram os lucros’, ‘Crise bate à porta das indústrias de Franca’ e ‘Siderúrgicas já ajustam produção’.
‘Gazeta Mercantil’ – ‘Bons indicadores da economia desafiam a crise’ e ‘O maior lucro trimestral da Aracruz: R$ 493 milhões’.
Escândalo do ‘mensalão’
Os três grandes jornais dão tratamentos diferentes para o flagrante de ontem.
O ‘Estado’ inclui o caso, que envolve o PFL, partido de oposição, sob o chapéu ‘Crise no Governo Lula – O Planalto encurralado’, o que parece um despropósito.
O ‘Globo’, que não perde a oportunidade de cutucar a Igreja Universal e a Record, criou chapéus bem humorados: na capa, ‘A multiplicação das malas’; internamente, ‘Escândalo do dizimão’, para distinguir do resto da cobertura que continua abrigada sob o chapéu ‘Escândalo do mensalão’.
Na Folha, o chapéu foi ‘Malas suspeitas’ e ficou fora da cobertura dos escândalos que envolvem o governo, o que considero correto.
A Folha deu manchete para o flagrante, mas abriu a cobertura com os desdobramentos da crise do ‘mensalão’, jogando o episódio do PFL para o final do caderno (págs. A8 e A9). Como este era o assunto mais importante de ontem, deveria ter aberto o noticiário do jornal. Acho também que o partido do deputado flagrado deveria ter sido explicitado na manchete interna (‘PF apreende 7 malas de dinheiro com deputado’).
O jornal tem tido a preocupação de isolar o noticiário sobre a empresa do filho do presidente Lula, a Gamecorp, do resto da cobertura sobre o escândalo do ‘mensalão’. Hoje está na última página da editoria, sob o chapéu ‘Negócios’ e com um título incompreensível, ‘BNDES nega influência em ação da Telemar’. Acho correta a atitude do jornal de investigar o caso sem restrições e de mantê-lo separado dos escândalos partidários. O que não significa que esta cautela deva gerar títulos cifrados.
Por falar em cautela, é o segundo caso em que a Folha é induzida a erro. Primeiro, foi no faturamento da DNA (‘DNA não é a agência que mais cresceu, afirma Ibope’, em 28/7). Agora, é o caso da Globalprev, empresa sob suspeita de ter sido beneficiada pelo governo pelo fato de ser propriedade de dois ex-sócios do ministro Gushiken. De acordo com o título de hoje, ‘Prefeitura de Indaiatuba reconhece que errou faturamento da Globalprev’ (pág. A8 da Edição Nacional e A10 da Ed. SP).
A coluna do Luís Nassif (B4) também trata da Globalprev e das explicações do ministro Gushiken. Deveria ter havido remissão.
Terror em Londres
O jornal deveria ter trazido mais personagens da tragédia, como a primeira vítima identificada, Susan Levy, e Davinia Turrel, a jovem cuja foto com uma máscara protetora cobrindo-lhe o rosto correu o mundo. Estas histórias caberiam perfeitamente no texto ‘Busca revela desespero de familiares’.
Sabatina Folha
Foi pouco uma página e meia para a entrevista com Salman Rushdie (págs. A14 e A15).
O jornal poderia ter remetido os que queriam ler mais sobre a sabatina para o Folha Online.
Testes clínicos
Muito interessante a entrevista com Richard Smith (‘Médico sugere moratória de publicações’, em Ciência, pág. A16).
Caso Richthofen
Não ficou claro, no texto ‘STJ nega liberdade aos irmãos Cravinhos’ (pág. C2 da Edição SP), por que o ministro do STJ considerou que os casos de Suzane (beneficiada com um habeas corpus que lhe permite responder em liberdade) e dos irmãos Cravinhos são diferentes. Quais são as diferenças?
Esporte
Está no ‘Estado’: ‘Oleg dá vida curta a Daiane’. Segundo o jornal, o técnico da ginasta ‘aponta problemas nos joelhos e já descarta participação na Olimpíada de Pequim’.
Ilustrada
O texto ‘Filme de Walter Salles estréia em 4º lugar nos EUA’ (pág. E3) informa quanto ‘Dark Water’ arrecadou no final de semana, mas não informa quanto custou. Se o enfoque da estréia do filme era grana, os números deveriam estar completos.
11/07/2005
A prisão em flagrante, SEXTA-FEIRA, do dirigente petista do Ceará e assessor do irmão do presidente nacional do PT com o equivalente a R$ 437 mil precipitou as mudanças que o partido relutava em fazer e deu o mote para as manchetes dos jornais no final de semana. Folha, ‘Estado’ e ‘Globo’ têm títulos nas capas de SÁBADO, DOMINGO e hoje, SEGUNDA, parecidos. A evolução das manchetes:
Folha – ‘Petista é preso com R$ 437 mil em notas’ (sáb.), ‘Crise tira Genoino da presidência do PT’ (dom.) e ‘PT vai investigar ações de ex-dirigentes’ (2ª).
‘Estado’ – ‘Assessor do PT é preso com mala de notas e US$ 100 mil sob a roupa’ (sáb.), ‘Genoino cai e Tarso assume PT’ (dom.) e ‘Cúpula do PT decide monitorar ministros’ (2ª).
‘Globo’ – ‘Dirigente petista é preso com R$ 437 mil na mala e na cueca’ (sáb.), ‘Cúpula ligada a Dirceu cai e Tarso assume PT’ (dom.) e ‘Efeito Delúbio faz Tarso apertar controle no PT’ (2ª).
As revistas também têm foco nos desdobramentos do escândalo do ‘mensalão’:
‘Veja’ – ‘Ele sabia?’ – A revista publica pesquisa que mostra que 55% dos entrevistados dizem que Lula sabia da corrupção.
‘Época’ – O PT em frangalhos’.
‘IstoÉ’ – ‘A CPI pega fogo’.
Escândalo do ‘mensalão’
As edições de final de semana dos três grandes jornais trazem uma cobertura extensiva das várias frentes em que o escândalo vem se desdobrando.
Fora o impacto da prisão do dirigente petista do Ceará, as principais novidades dos últimos dias apareceram no ‘Globo’ de sexta-feira com as revelações que envolvem o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o PT de Goiás (‘Motorista afirma que transportou US$ 200 mil de Delúbio numa mala’), o procurador da Fazenda Glênio Guedes (levantamento do jornal mostrou que ele comprou 13 imóveis no valor de R$ 5 milhões nos últimos quatro anos) e o filho do presidente Lula (‘Telemar é sócia de filho de Lula em empresa’).
A Folha, que já havia revelado as transferências das contas das agências de Marcos Valério para o procurador da Fazenda, recuperou, no sábado, o levantamento dos indicadores de enriquecimento e deu visibilidade ao negócio fechado entre a Telemar e o filho do presidente.
Achei as edições da Folha nestes dias corretas, com a preocupação de ouvir as várias versões em jogo. Vários artigos, entrevistas e cartas de leitores discutem o momento político e as causas da corrupção.
Uma reportagem, no entanto, me incomodou, ‘Governo Aécio emprega um ex-diretor da SMPB’, publicada no domingo na pág. A13. Entendo que o jornal esteja preocupado em buscar todas as conexões que partem dos núcleos dos escândalos, como as agências de publicidade de Minas DNA e SMPB. Mas algumas conexões mereciam mais apuração antes de serem publicadas. O fato de um ex-diretor da SMPB trabalhar agora para o governo de Minas não significa necessariamente que exista alguma irregularidade. Acho que a relação justifica a investigação, mas tenho dúvidas se o jornal, no meio de tantas denúncias, deve expor mais pessoas sem evidências de crimes, irregularidades ou imoralidades. Não sei se o jornal pode afirmar, baseado neste caso, que ele ‘evidencia que as denúncias do suposto ‘mensalão’ respingam nos tucanos’. É quase certo, pelo que se sabe de outros escândalos, que representantes de todos os partidos, inclusive do PSDB, estejam de alguma maneira envolvidos com algum dos vários tentáculos dos esquemas de corrupção que emergem. Mas, neste caso específico (a contratação, pelo governo de Minas, de um ex-diretor da SMPB), a apuração publicada pela Folha (ainda) não comprova a conclusão de que as denúncias respingam nos tucanos.
O ‘Valor’ de hoje tem uma informação interessante: ‘Juristas divergem sobre a possibilidade de cassar mandato de ex-ministro [ José Dirceu]’. Há dúvidas se seu mandato pode ser cassado por quebra de decoro por atos que teria praticado como ministro de Estado. A ver.
Esporte
Leitor observa que a foto que ilustra o jogo Botafogo 1 x 2 Fluminense é da partida Fluminense x Internacional.’