‘Produção industrial bate recorde histórico’ é a manchete da Folha e, com pequenas variações, de praticamente todos os jornais.
Eleições
É até possível que vários candidatos à Prefeitura de São Paulo tenham feito plásticas e retocado o rosto. Mas a reportagem da pág. A7 de Brasil não trata disso. Ela analisa o retoque de fotos através de recursos eletrônicos. Não acho, portanto, correto o título ‘Candidatos retocam rosto para atrair eleitor’. O certo seria algo como candidatos retocam retratos (ou fotos, ou imagem) para atrair eleitor.
Mas isso não é o mais grave nesta reportagem. Embora se proponha a analisar os artifícios utilizados pelos candidatos, no plural, a reportagem tem quase que apenas um foco, a prefeita Marta Suplicy. Apenas em relação a ela o jornal se preocupou em pegar a foto de campanha e comparar minuciosamente com uma foto recente apontando todos os recursos que sabe ou imagina que foram utilizados. Por que não foi feito um quadro deste com cada um dos candidatos mais importantes? Por que não houve o mesmo cuidado de produção e acabamento em relação aos outros? Por que as outras fotos são todas de 2002 e não comparam uma foto atual com a foto retocada que certamente estão distribuindo? E se ainda não distribuíram, o certo seria esperar para fazer uma reportagem comparando todos os candidatos.
Acho que a pauta é boa e pertinente, o artificialismo das imagens montadas pelos candidatos deve ser destrinchado e desmontado para o eleitor, os dados técnicos da reportagem mostram um cuidado de apuração, mas o resultado final é uma reportagem parcial, sem equilíbrio, ruim para o jornal.
Acho que deveria ser feito ainda algo parecido com todos os outros três candidatos citados além da prefeita.
Índia
‘Índia gastará bilhões em programas sociais’, é o título da pág. 14 de Mundo. ‘O novo governo indiano (…) prevê gastar bilhões de dólares em programas sociais (…)’, é a abertura do noticiário. Quantos bilhões a Índia pretende gastar? Se o número não está disponível, o jornal não teria outro caminho para abrir e dar título ao noticiário sobre o país? Como está, ficou vago, impreciso e sem sentido.
E a Indonésia?
O jornal publicou segunda-feira, em Mundo, mais de meia página com uma apresentação da eleição na Indonésia (‘Indonésia realiza sua primeira eleição direta’, pág. A10). Quem ganhou? Quem foi para o segundo turno? Na terça saiu um texto-legenda sem o resultado e depois mais nada. O leitor da Folha não sabe até hoje quem foi para o segundo turno porque o caso foi abandonado. Das duas, uma: ou o jornal errou ao dar o destaque que deu na segunda-feira ou errou ao não dar seqüência ao noticiário. Nos dois casos, perdeu o leitor.
BNDES
A entrevista com o presidente do BNDES (‘Nacionalismo do banco é eficiente e eficaz, diz Lessa’, pág. B8 de Dinheiro) foi só para levantar a bola dele ou tinha outro objetivo? O texto sequer explica porque a agência Fitch Atlantic rebaixou o ‘rating’ do banco e trata as críticas ‘de parte da mídia ou da sociedade’ de forma genérica, sem especificá-las ou nomeá-las. É uma (ampla) defesa sem acusação.
08/07/2004
Folha e ‘Globo’ têm manchetes sobre a reforma do Judiciário. A da Folha é apenas informativa: ‘Senado aprova reforma do Judiciário em 1º turno’. A do ‘Globo’ avança um pouquinho: ‘Senado aprova reforma que dá transparência ao Judiciário’. Mas quem tenta explicar o que aconteceu ontem no Congresso, com votações na Câmara e no Senado que pareciam emperradas, é o ‘JB’: ‘Tesouro destranca pauta da Câmara –Governo abre cofre para oposição, fecha acordo e aprova projetos às pressas antes do recesso parlamentar’. É mais um capítulo do escândalo. A Folha tinha a informação e preferiu não dar destaque na primeira página. Poderia ter juntado com a decisão do TSE de vetar repasse da União para obras não iniciadas.
O ‘Estado’ manteve o foco na Argentina: ‘Presidente argentino quer ampliar guerra comercial com o Brasil’. O novo lançamento de títulos brasileiros no mercado internacional foi o principal assunto dos jornais econômicos. E ‘O Dia’, do Rio, a propósito dos protestos das mulheres de militares que pediam ontem, em Brasília, aumento para as Forças Armadas, estampou uma manchete em quatro linhas: ‘Em quartel que falta pão, até recruta tem razão’.
Maluf
O ‘Estado’ informa, com chamada inclusive na primeira página que veio para o Rio (fechada às 21h30), que a Justiça suíça decidiu arquivar o processo contra Paulo Maluf por suspeita de lavagem de dinheiro. É uma informação exclusiva importantíssima, com repercussão previsível na campanha eleitoral. Mais, a notícia deixa a Prefeitura de Marta Suplicy em situação delicada por indicar falta de ação no caso.
A notícia veio de Genebra. Não é a primeira vez, e certamente não será a última, que o jornal toma furo importante por não ter sequer um frila naquela cidade.
Reforma do Judiciário
Achei boa a cobertura da aprovação da reforma do Judiciário. Acho que o assunto merece o espaço destinado, a arte explicativa, as entrevistas a favor e contra o texto aprovado pelo Senado e a análise.
Eleições
Detalhes:
Não sei se é de uso rotineiro, mas só hoje percebi que o candidato José Serra faz campanha de rua com um microfone na camisa (foto da capa e da pág. A8). Não vi em outros candidatos. É uma novidade?
A nota ‘TSE considera ilegal repasse de recursos’ (Pág. A8 da Edição Nacional) deveria ter sido editada próxima ao noticiário sobre o assunto, que está na pág. A7 (‘Governo oferece verba por apoio da oposição’). Na Edição SP, a decisão do TSE ganhou merecido alto da página A7 (‘TSE proíbe verbas para obras não iniciadas’), dentro do noticiário de eleições, mas dissociado do escândalo das promessas de liberações de verbas que continuou ontem no Congresso (pág. A6).
A questão não é se o candidato Paulo Maluf ‘admite’ ou não a redução do seu patrimônio, como está no título da nota da pág. A7 da Edição SP (A6 na Edição Nacional). Não tem que admitir nada, porque a informação foi prestada por ele mesmo para o TRE. O que precisa é explicar como houve uma queda tão grande no patrimônio declarado. Provavelmente deve ser por conta de artifícios contábeis ainda não explicados.
Haiti
É pobre o mapa que ilustra o material sobre a visita do ministro da Defesa ao Haiti (pág. 11 de Mundo). A notícia informa onde ficarão localizadas as tropas enviadas pelo Brasil, Chile, Canadá e Uruguai. O mapa deveria ter mostrado. Como está, serve apenas como ilustração.
Texto
Mundo traz hoje um bom texto, não um bom título, na pág. 12: ‘Europa agora aumenta jornada de trabalho’.
América Latina
A Folha já havia noticiado ontem a entrevista de John Kerry ao jornalista Andrés Oppenheimer, do Miami Herald, a primeira em que fala mais longamente sobre a América Latina. O ‘Estado’ mostra hoje que a entrevista poderia ter sido mais bem explorada pela Folha.
O noticiário de hoje (‘Se eleito, Kerry vai procurar países da AL para derrubar Fidel do poder’, pág. A11 de Mundo) reforça a idéia de que está na hora de o jornal mostrar a diferença, para a América Latina, entre os dois candidatos. Existe?
Argentina e Mercosul
Há uma diferença de tom entre as coberturas do ‘Estado’ e da Folha sobre a nova crise comercial com a Argentina. Para o usar o mesmo termo da coluna ‘Toda mídia’, a cobertura da Folha está menos ‘dramatizada’ do que a do concorrente. Pareceu-me mais apropriada. Mas é melhor a cobertura que o ‘Estado’ faz da presença e interesses do presidente do México na reunião do Mercosul.
Cores e fotos
Está ruim o registro de cores no exemplar do caderno Cotidiano da Edição Nacional que recebi. As fotos de Paraty, na última página, foram bem afetadas. Pelo que vi, nem todos os exemplares chegaram com o problema.
Marta e ongs
O ‘Estado’ continua com reportagens sobre contratações sem licitação de ongs pela Prefeitura de São Paulo.
07/07/2004
O discurso de Lula contra os juros cobrados pelos cartões de crédito é a manchete da Folha (‘Lula critica quem paga juros de cartão’) e do ‘JB’ (‘Lula prega boicote a cartão de crédito’). A Folha destaca ainda, na sua Edição Nacional, os números da Aids no mundo, com gráfico; e, na Edição SP, as eleições municipais, com chamadas críticas para o vice de José Serra, para a declaração de bens de Paulo Maluf e para as dívidas de campanha de Marta Suplicy.
O ‘Estado’ mudou a manchete. Começou rodando com ‘Planalto apela, mas Congresso não vota’. Como os senadores votaram, assim ficou a manchete final: ‘Senado aprova nova Lei de Falências’. Talvez o jornal tenha se precipitado ao informar, na edição que circulou no Rio, que ‘prioridades de Lula continuam na pauta trancada, apesar de pedido de Palocci’. O Senado acabou votando a Lei de Falências e o Código Tributário.
O ‘Globo’ destaca a prisão de uma quadrilha que agia no Rio: ‘PF estoura central de máfia de combustível’.
Os jornais econômicos, e a segunda manchete do ‘Estado’, tratam da Argentina:
‘Brasil obtém trégua para negociar com Argentina’ (‘Valor’)
‘Argentina decide adiar barreiras a eletrodomésticos’ (‘Gazeta Mercantil’)
‘Argentina não aplica, mas mantém barreira’ (‘Estado’).
E os jornais de banca:
‘Sai primeira decisão contra aumento de plano de saúde’ (‘Diário de S.Paulo’)
‘Trabalhador agora vai ter conta única do FGTS’ (‘Agora SP’)
‘Crédito mais fácil – Até devedor terá direito a empréstimo’ (‘Extra’)
‘Lula sugere boicote aos juros do cartão de crédito’ (‘O Dia’).
Eleições
Achei bom o material referente aos bens dos candidatos, bem apurado e cuidadoso. Imagino que o jornal tenha decidido dar logo porque os dados já estão disponíveis no TRE e retardar sua publicação não se justifica. Mas acho que estes dados oficiais podem e devem ser mais bem explorados.
Uma informação que me chamou a atenção, e o jornal apenas menciona porque não deve ter tido tempo de averiguar melhor, é o crescimento do patrimônio da Marta Suplicy, de R$ 1,3 milhão (em 2000, valor corrigido) para R$ 5,1 milhões. O jornal apenas informa que ‘foi resultado principalmente de doações feitas por membros de sua família’.
Há uma desconfiança generalizada de que os cargos políticos ajudam a enriquecer. A série recente do ‘Globo’ sobre o crescimento do patrimônio dos deputados estaduais comprova esta tese.
Sei que é mais difícil e trabalhoso, mas o jornal prestaria um serviço se analisasse a evolução patrimonial dos candidatos a vereador, principalmente dos que já têm mandato.
Achei um pouco deslocado o texto sobre as pendências de Orestes Quércia na Justiça A8). O levantamento está correto, mas teria sido melhor se tivesse sido publicado durante a crise que se seguiu à rasteira do PMDB no PT, com a indicação de Michel Temer para vice de Erundina. Ali o personagem foi Quércia.
De qualquer modo, achei o texto correto.
Estatuto
O ‘Globo’ publicou seu ‘Estatuto das Eleições 2004’, com orientação para a cobertura eleitoral.
Foto 1
Achei horrível, e desnecessária porque não contém informação relevante, a foto que ilustra o noticiário sobre Aids no mundo (capa de Mundo).
Foto 2
Colorida e editada em seis colunas, como fez o ‘Estado’, é possível ter uma idéia da fonte inaugurada ontem em Londres em homenagem à princesa Diana. Como saiu na Folha, pequena e sem cor, é praticamente impossível.
Argentina
A fonte é a mesma, o presidente da Eletros, mas os números não batem: na Folha, ele calcula que o prejuízo causado pela decisão da Argentina de restringir a importação de eletrodomésticos do Brasil será de US$ 34 milhões; no ‘Estado’, de US$ 40 milhões. Os dois números devem ter sido ‘chutados’. O jornal deveria ter informações próprias para distinguir o que é fato do que é lobby e choradeira.
É o tipo de cobertura que pedia um texto analítico.
Hoje, o Folha Online informa que ‘o governo argentino desmentiu declaração feita pelo ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) de que seria adiada a implementação da resolução que criou barreiras para a importação de eletrodomésticos brasileiros’. Diz também que a afirmação do ministro brasileiro já tinha sido desmentida ontem pelo ministro argentino Roberto Lavagna. A Folha não deveria ter ouvido o governo argentino ontem depois da declaração do Furlan? Digo isto como procedimento padrão, porque não sei a que horas foi a declaração do Furlan. Mas o noticiário vindo de Puerto Iguazú já apontava para mais restrições por parte da Argentina, e não por uma trégua.
Falências
A Edição Nacional fechou antes da votação da Lei de Falências no Senado. É importante, portanto, que a edição de amanhã tenha as principais informações sobre o que foi aprovado e o que muda em relação à lei atual.
Guerra de traficantes
Ao relatar a guerra que tomou conta de parte da zona oeste do Rio, o jornal é impreciso: ‘Estima-se que 17 escolas e uma creche também não funcionaram ontem (…)’. Quem estima? A Secretaria Municipal de Educação (que adiante estimou em 11 mil os alunos prejudicados) ou o próprio jornal? Será que não é possível uma informação precisa sobre o número de escolas (e creches) que não funcionaram?
Está faltando um texto mais analítico sobre o que está acontecendo no Rio nos últimos dias. Por que a violência voltou a explodir em várias regiões da cidade? Há algum fator novo? Várias destas áreas novamente conflagradas, como o Complexo do Alemão, já tiveram políticas e projetos anunciados pela Secretaria de Segurança que nunca foram implantados. Se foram, não surtiram resultado porque a situação não mudou. E a política de sufocar os principais morros e favelas onde os comandos são mais fortes?
Acabou? Foi abandonada? Enfim, temos tido vários dias de cobertura de varejo sem uma avaliação das falhas da política de segurança do Estado.
Polícia Federal
A Folha continua a ignorar a crise que se abateu sobre a PF de SP e vem provocando várias trocas de delegados do primeiro escalão. A PF de SP havia sido atropelada nas últimas grandes operações ocorridas no Estado.
Segundo o ‘Estado’, o que ocorre agora é uma intervenção direta do Planalto.
06/07/2004
As manchetes dos jornais são distintas, mas o noticiário está bem parecido: balanço dos 18 meses do governo Lula, início da campanha eleitoral, tarifas telefônicas, inflação em SP, Mercosul (Argentina restringe, México adere) e tráfico.
Manchetes:
‘Governo não fiscaliza o Bolsa-Família’ (Folha); ‘Argentina cria barreiras a eletroeletrônicos brasileiros’ (‘Estado’); ‘Aracaju, Sobral e SP recebem mais verba federal que o Rio’ (‘Globo’); ‘Governo testa a arte da paciência’ (‘JB’).
O ‘Valor’ também optou pela decisão Argentina de impor barreiras aos eletrodomésticos do Brasil. O ‘Correio Braziliense’ foi na linha do ‘Globo’ (‘Governo reserva mais dinheiro para petistas’).
Nos jornais de banca, os destaques são para o aumento parcelado das tarifas telefônicas e para a ação do tráfico no Rio.
A Folha tem um presente para os seus leitores, exclusivo e de qualidade: a conversa com Martin Amis, Paul Auster e Ian McEwan, na Ilustrada.
Manchete
Tenho dúvidas em relação à manchete da Folha, acredito que não tenha sido a melhor opção.
É verdade que o governo deixou de fiscalizar no primeiro semestre deste ano a freqüência escolar dos filhos das famílias beneficiadas com as bolsas. Mas, segundo a própria reportagem: 1 – o controle já era irregular antes; 2 – duas outras exigências foram fiscalizadas; e 3 – o governo informa que está mudando a forma de fiscalizar a freqüência às aulas porque a anterior era ‘frágil’. O governo diz que a falta de fiscalização da freqüência escolar no semestre não compromete o programa. A Folha não tem informação que contrarie este posicionamento.
Acho que o jornal tinha um bom assunto, a publicação da reportagem é justificada, mas exagerou no título (‘Governo não fiscaliza o Bolsa-Família’, quando ele fiscaliza duas das três exigências) e na opção por manchete.
Privilégios
O jornal ‘matou’, na Edição Nacional, a cobertura sobre a distribuição de verbas federais para aliados do governo (‘Oposição acusa governo de fraude eleitoral’, pág. A7). O fato de ter sido a manchete de ontem não justifica o abandono do caso.
Polícia Federal
A Folha deu muito mal a crise na Polícia Federal de São Paulo. Não tem nada na Edição Nacional e apenas uma nota na Edição SP (‘Chefe em São Paulo destitui delegados’, pág. A8). O ‘Estado’ também só deu na edição que fechou mais tarde. O ‘Globo’ deu bem.
Balanço Lula
O ‘Estado’ deu mais espaço e visibilidade que a Folha para o contraponto ao balanço dos 18 meses do governo Lula. Achei que o jornal não estava preparado para checar os dados oficiais. Isso já acontecera com o balanço da Marta Suplicy.
O ‘Estado’ deu um alto de página (‘Balanço confunde dados e derrapa em omissões’) e uma arte. A Folha se limitou a uma arte (‘O balanço de Lula’, pág. A5). O ‘Globo’ questiona apenas os dados da reforma agrária.
Argentina
Manchete do ‘Estado’ já na sua edição nacional, a decisão da Argentina de criar barreiras a importações de eletrodomésticos do Brasil foi mal avaliada pela Folha na sua Edição Nacional. ‘Argentina cria novo sistema de compra’ é o título, fraco, de um texto pequeno, perdido na pág. B6. Na Edição SP, a notícia ganhou o alto da página 7 e um título mais apropriado: ‘Argentina barra eletrodomésticos brasileiros’.
O ‘Estado’ já tinha o principal da notícia na sua edição nacional (alto de página) e jogou o assunto, na edição para São Paulo, na capa do caderno, com mais informações. Como a Folha, ele começou a rodar com a inflação em SP na capa.
Resposta do Editor
Recebi do Editor Sergio Malbegier, de Mundo, a seguinte explicação:
‘Disse o ombudsman em sua crítica de sexta-feira que ‘a Folha se redime da edição de ontem, em que omitiu a frase histórica do ex-ditador ao se apresentar ao tribunal iraquiano (Sou Saddam Hussein al-Majil, presidente da República do Iraque)’. Ora, nenhum dos jornais de prestigiosa cobertura internacional que consultamos — Le Monde, El País, NYTimes, Washington Post, Guardian, Independent e Times — trouxe a frase. Só a vimos publicada no Globo e no Estado. E o motivo, creio, é a dependência total que temos aqui no Brasil das agências que pode gerar procedimentos ralos, como o de que tudo que elas trazem é publicável. Explico: Apenas uma matéria da France Presse trazia a tal frase, sem citar fonte de origem da informação, às 13h46. Nenhuma outra agência e nenhum outro jornal usou a frase nos onlines. Não havia jornalistas naquela audiência, e a France Presse não a atribuiu a ninguém. E, em despachos posteriores sobre o mesmo assunto, a própria AFP não a repetiu. Então, creio, o erro foi dos concorrentes locais, apesar de termos sido nós os criticados, ao cravar que a tal frase foi dita. (Segue abaixo, para conhecimento do ombudsman, despachos daquele dia da AFP, AP e Reuters).
Outro ponto da crítica, cobrando explicação de o motivo de algumas frases de Saddam ditas na quinta estarem no jornal de sexta e não na íntegra publicada, foi respondido em troca da edição Nacional e na edição São Paulo: foram ditas antes da tomada formal do depoimento no tribunal’.
No caso, bastava ter citado a fonte da notícia, a agência France Presse.’