Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mário Magalhães

‘O ator Tião D’Ávilla volta e meia quer ‘saber o que acontece nos teatros de Sampa’. Morador do Rio e leitor da Folha, não consegue. Quando visita a mãe em Rio Claro (SP) compra o jornal e, de novo, nada encontra.

O Guia da Folha, bem-sucedido roteiro que circula às sextas-feiras com a programação de cultura e lazer da cidade de São Paulo, não chega ao país inteiro. Nem mesmo a boa parte do interior do Estado, onde não falta quem queira planejar o fim de semana na capital.

A Revista da Folha, aos domingos, alcança menos regiões: ao contrário do Guia, não é entregue no litoral norte e sul. As revistas Moda, Lugar, + Dinheiro e Morar são distribuídas no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, locais que não recebem o Guia e a Revista.

Os leitores do Rio, por sua vez, não são avisados na Primeira Página sobre as quatro revistas que, juntas, somam 13 edições por ano. O motivo é que a edição Nacional se destina também a praças que não verão os encartes.

Lêem as seis revistas os leitores da capital, da Grande São Paulo, incluindo o ABCD, e de alguns municípios adjacentes. Essa área corresponde a cerca de 50% da circulação da Folha. Parcela dos leitores restantes tem acesso só a algumas revistas ou, um contingente numeroso (quase todos os Estados e o interior paulista), a nenhuma.

Há dois tipos de leitores: os que usufruem do conjunto da produção da Folha e os que perdem os suplementos que concentram jornalismo de serviço e tratam de comportamento. Há um paliativo na edição Nacional (a destinada aos leitores distantes da capital), com um extrato de reportagem da Revista, mas os problemas são constantes.

A leitora Maria Celina Canto Álvares Corrêa chamou a atenção para o domingo passado. A Primeira Página remetia à reportagem em que chefs ‘apresentam receitas que aprenderam’ com as mães. Dentro, em Cotidiano, não havia receitas. Elas só saíram na Revista.

No domingo 18 de março, a capa convocava para quatro dicas de ‘primeiros passos para mudar de vida’. O leitor de fora da capital e da Grande São Paulo achou duas. A chamada correspondia ao conteúdo integral da reportagem da Revista da Folha, da qual Cotidiano publicou só a metade.

Indaguei e recebi resposta via Secretaria de Redação: ‘A definição da circulação das revistas segue padrão que permita viabilidade financeira aos produtos sem custo extra para o leitor das bancas e os assinantes. Quanto ao Guia, o produto apresenta serviço para os habitantes da capital, onde circula’.

A Folha precisa de fato considerar a viabilidade financeira das revistas. No entanto, além do empenho comercial, seria recomendável determinação editorial para ampliar a circulação, mesmo pagando o preço do custo maior. Não é bom que o jornal prive de algumas publicações metade dos seus leitores.

Todas as revistas estão à disposição na Folha Online (www.folha.com.br) para assinantes da Folha e do UOL. Algumas têm conteúdo livre (sem restrição).

Mas a Folha é um jornal impresso, e impressas suas revistas merecem chegar a mais leitores.’

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‘‘Traficantes’ de foto são atores de filme’, copyright Folha de S. Paulo, 20/05/07.

‘Na edição de terça-feira, o ‘Jornal do Brasil’ publicou na primeira página uma chamada com o título ‘Tráfico exibe poder de fogo pelo Orkut’.

Acima, estampou uma foto de jovens armados, com a legenda ‘Doze traficantes com armas e coletes à prova de balas. Entre eles, uma mulher’.

A reportagem da página A12 acrescentava mais informações obtidas na rede de relacionamentos da internet: ‘Um outro perfil, de uma pessoa não identificada, exibe a foto que simboliza a ousadia dos traficantes no Orkut. Doze jovens armados de fuzis, metralhadoras e pistolas se exibem para a câmara no alto de um morro. Até uma mulher aparece no grupo’.

Foi ‘barriga’, o que o ‘Manual da Redação’ da Folha define como ‘publicação de grave erro de informação’.

Os ‘traficantes’ eram, na verdade, atores fotografados na filmagem de um longa ainda inédito.

Infelicidades como essa compõem a história de toda empreitada jornalística e de todo jornalista. Quem nunca deu vexame que ouse atirar a primeira pedra.

A maior surpresa, contudo, o ‘JB’ guardou para o dia seguinte, quando titulou na capa ‘Atores viram bandidos em página de apologia ao CV’: em momento algum o jornal reconheceu o seu erro.

Ao noticiar a investigação policial sobre apologia virtual ao crime, o diário contou que os ‘bandidos’ eram artistas, mas transferiu a cobrança: ‘nem a assessoria do grupo [teatral Nós do Morro] nem os atores souberam dizer quem fez a fotografia e como ela foi parar lá’ (no Orkut).

O maior tropeço do ‘JB’ não foi a falta de checagem sobre foto garimpada na internet, mas não assumir que informou errado.

Conversei com a editora chefe adjunta do ‘JB’, Ana Carvalho. Ela afirmou: ‘Não escolhemos aleatoriamente essa fotografia. Fomos induzidos ao erro porque a foto constava em quatro sites, todos com apologia ao Comando Vermelho. Não é nem tanto reconhecer, nem tanto não reconhecer o erro. Acho que existe uma má vontade grande com o ‘Jornal do Brasil’, principalmente dos jornalistas’.’

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‘Ombudsmans se reúnem em Harvard’, copyright Folha de S. Paulo, 20/05/07.

‘Dezenas de jornalistas de todo o mundo participam de amanhã até a quarta-feira da conferência ‘Ombudsmans em um tempo de transição’. O encontro anual da Organização dos Ombudsmans de Notícias terá lugar na Universidade Harvard (Estados Unidos).

A reunião ocorre em um momento de enormes transformações no jornalismo. Os palestrantes – dos EUA, do Reino Unido, da Rússia e de outros países – vão de especialistas em ética a blogueiros. No domingo contarei aqui na coluna como foi o encontro.

Nesta semana não haverá atendimento regular, mas os leitores que procurarem o ombudsman terão as mensagens encaminhadas à Redação por minha assistente Rosângela.’