Em sua coluna de 31/7/05, o ombudsman do Washington Post, Michael Getler, comenta que recebeu na semana passada uma série de reclamações de leitores sobre os critérios do diário para escolher que assunto deve sair na primeira página. Em várias das mensagens as pessoas se diziam ‘chocadas’ com o fato de que uma reportagem do correspondente-chefe do jornal em Londres, Glenn Frankel, sobre o assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes pela polícia britânica não ganhou manchete de capa. ‘Onde neste mundo estavam com a cabeça os editores? Esta matéria estava implorando pela página A1, não pela página A24 (onde acabou publicada)’, atacou um leitor.
Getler concordou: ‘Esta foi uma das histórias mais poderosas que saíram desta nova rodada de atentados – o pesadelo de gente inocente sendo morta por policiais sob tremenda pressão’. O colunista notou que outros jornalões americanos – The New York Times, Baltimore Sun, Washington Times – a publicaram com chamada de capa e concluiu que ela tinha um importante fator de correção, pois o Post havia noticiado anteriormente que o homem morto no metrô londrino, posteriormente identificado como sendo Menezes, seria do ‘sul da Ásia’, segundo uma testemunha.
Consultado sobre o motivo para deixar o caso do brasileiro morto na página A24 da edição de 24/7, o editor encarregado, Milton Coleman, apontou que já havia duas outras reportagens sobre terrorismo na capa e que optou por privilegiar a variedade de temas. ‘Nós consideramos esta história de Londres, mas relutamos em colocar uma terceira de terrorismo ali’, justificou.