Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O Estado de S. Paulo

INTERNET
Ana Paula Lacerda e Paulo Justus

Banda larga cresce e problemas se multiplicam

‘O crescimento da banda larga no País veio acompanhado do aumento no número de reclamações sobre o serviço no Procon. Com a oferta de planos com velocidades maiores, agora os usuários reclamam que não conseguem atingir a velocidade máxima vendida pelas operadoras. A queixa se soma à instabilidade no serviço, evidenciada durante a semana passada, quando clientes do Speedy, serviço de banda larga da Telefônica, tiveram problemas de conexão à internet no Estado de São Paulo. A operadora creditou a instabilidade a ataques de hackers, que teriam superlotado os servidores DNS (Domain Name Server) utilizados para a navegação na internet. Segundo a empresa, de segunda a quarta-feira foram registradas cinco interrupções que duraram de 10 minutos a quase quatro horas.

A instabilidade e lentidão de acesso não se restringem a uma operadora. Segundo Carlos Coscarelli, assessor chefe da Fundação Procon-SP, as queixas sobre problemas com banda larga cresceram mais que a média das reclamações ao órgão de defesa, que foi de 8%. ‘Quem acabou de sair da conexão discada acha a banda larga uma maravilha, até aparecer um problema como esse (do Speedy). E aí ela percebe que problemas de lentidão são mais frequentes do que imaginava.’

De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o número de clientes do serviço de banda larga saltou de 124 mil, em 2000, para 11,4 milhões no ano passado. Segundo a consultoria Teleco, 5,19% da população brasileira tem acesso à internet banda larga. ‘A tendência é que esse número continue subindo num ritmo forte’, diz Hubert Filho, diretor da Teleco.

‘Esse crescimento de usuários e de tecnologia não é acompanhado pelo crescimento na qualidade dos serviços’, diz a advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Estela Guerrini. Ela diz que o maior questionamento é sobre a velocidade de conexão oferecida pelas operadoras. ‘A pessoa contrata um plano de 3 ou 10 megabits por segundo (Mbps), por exemplo, e raramente consegue navegar nessa velocidade.’

Segundo a Anatel, as operadoras garantem em contrato um mínimo de 10% da velocidade nos horários de alto tráfego. ‘Vender um serviço e garantir apenas 10% dele é um absurdo. Essas cláusulas são completamente abusivas’, diz Estela. A advogada afirma que, apesar de essa deficiência do serviço estar em contrato, o consumidor pode e deve reclamar em caso de queda na velocidade de conexão.

A coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Maria Inês Dolci, aconselha que todos os consumidores com problemas façam suas reclamações às empresas, aos órgãos de defesa e à Anatel. ‘Talvez, assim, a regulamentação do serviço ocorra mais rapidamente.’ Isso porque o serviço de internet banda larga ainda não foi regulado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). ‘Não fossem os órgãos de defesa, o consumidor não teria como se defender dos abusos.’

A Anatel diz que o setor segue ‘sem a mínima intervenção do Estado’, como forma de estimular a expansão da cobertura do serviço. A entidade informa que já iniciou estudos para criar uma regulamentação para a área, por causa da grande evolução do serviço. Segundo a agência, a banda larga deve seguir os mesmos passos da TV por assinatura, que passou a ser regulamentada a partir da metade de 2006, depois de ter atingido cobertura nacional.

As velocidades de conexão oferecidas no País ainda estão aquém das de outros países. ‘O brasileiro conectado utiliza, em geral, conexão de 1 Mbps’, diz Hubert Filho, da Teleco. Na Europa são comuns conexões de 20 Mbps, e no Japão, até de 100 Mbps.

Para o diretor de Estratégia e Tecnologia do Ajato, serviço de banda larga da TVA, Virgílio Amaral, a oferta de velocidades mais altas no Brasil depende de demanda. ‘Se você não tem um portal que oferece conteúdo para essas velocidades, os usuários não vão poder perceber a diferença.’

Ele diz que ataques como os observados no Speedy são frequentes e respondem por boa parte da lentidão e instabilidade nas redes. ‘Você não tem ideia da quantidade de gente querendo invadir o sistema, são pessoas do mundo todo, da China, Coreia, Japão, Europa’. Para se proteger, o Ajato investe em firewalls, sistemas que fazem a proteção do serviço 24 horas. Sobre a velocidade, destaca que a empresa garante 40% da velocidade do plano.

Já a Telefônica disse, por e-mail, que a velocidade contratada no plano se refere a uma capacidade de banda oferecida ao usuário: ‘Ocorre que o desempenho obtido a partir dessa capacidade – a velocidade atingida pelo internauta – depende de vários fatores, como o site acessado, o provedor utilizado e todos os trechos da rede mundial de computadores..’ A operadora compara a internet a uma autoestrada, que, embora tenha capacidade para altas velocidades, tem lentidão em dias de trânsito congestionado.

NÚMEROS

11,4 milhões é a quantidade de clientes dos serviços de internet banda larga no Brasil em 2008, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

124 mil era o número de clientes registrados em 2000. A ampliação da cobertura, de acordo com a Anatel, se deveu à ausência de regulamentação’

 

Paulo Justus

Usuário não confia no serviço e navega no trabalho

‘A lentidão da banda larga trouxe dificuldades para o vendedor Márcio Medeiros, de 35 anos. Em novembro, ele aumentou o plano Net Vírtua de 2 Mbps para 4 Mbps. ‘A diferença até agora só veio no valor da conta’, diz. Por causa da má qualidade da conexão, Medeiros deixou de levar trabalho para casa. ‘Fico até mais tarde no escritório, em Guarulhos, porque não posso contar com a minha internet.’ Ele perdeu a confiança em março, quando ficou sem internet às 22 horas e teve de recorrer a uma lan house para poder trabalhar. Com mais velocidade, Medeiros queria ter melhores condições de acessar os catálogos de peças de automóveis que vende. ‘São arquivos de até 3 gigabytes, que demoram para serem baixados.’ Num dos dez chamados que fez para resolver o problema, ele foi aconselhado a comprar um computador novo. Investiu R$ 1,6 mil, mas a conexão continuou lenta. ‘Já pensei em trocar de serviço, mas meu irmão tem o mesmo problema com o Speedy.’ Procurada, a Net não se pronunciou.’

 

MÍDIA E PODER
Daniel Piza

Democracia sonegada

‘Concordo com o nobre senador Renan Calheiros: a culpa é da imprensa. Afinal, a imprensa demorou demais a revelar que o Senado tinha triplicado o número de diretores; a imprensa até agora não esclareceu quem pagava as contas da mãe de seu filho, Monica Veloso, e onde estão as empresas cujas notas ele brandiu como provas de inocência; a imprensa não contou como é que seu correligionário José Sarney conseguiu sacar o dinheiro do Banco Santos um dia antes da operação da PF; a imprensa não explicou o que está se passando com o tal ‘G-8’, formado por peemedebistas como Jader Barbalho. E ponha um etcetera do tamanho de Brasília, abrangendo desde a filha de Fernando Henrique Cardoso – que desempenha a digna função de zelar pelo acervo de Heráclito Fortes, certamente um tesouro documental à altura do homônimo da Grécia Antiga – até o irmão de Franklin Martins, o filho do presidente Lula, as relações de Marcos Valério e Delúbio Soares com estatais como o Banco do Brasil (esse que ‘o cara’ quer que seja maior que o Itaú Unibanco). A culpa é da imprensa, que sempre conta tarde e conta pouco.

O poder à brasileira, como avisou Joaquim Nabuco há mais de cem anos, é um círculo oligárquico, um clube no qual se revezam pessoas das diversas origens e classes – aproximando fazendeiros e sindicalistas, ONGs e empreiteiras – sem que seu isolamento seja rompido a sério. Logo, a imprensa é apenas um obstáculo eventual em sua comunicação direta com o povo, como Lula não se cansa de dizer.. De vez em quando alguém tem algum surto individual, como Pedro Collor e Roberto Jefferson, e decide expor um apêndice das tripas podres da política tropical. Convoca um contato da imprensa e, ‘scoop!’, a notícia cai como uma bomba. Mas é uma bomba de pequeno impacto e sem efeito moral. Quando a poeira baixa, os experimentos destrutivos voltam a minar a máquina pública em silêncio, longe do olhar complacente da mídia. As aparências democráticas são restabelecidas; alguns vão para a sombra até que possam ressurgir como se nada tivesse acontecido, como Collor, Barbalho ou Palocci – ou então fazem como Tião Viana e Tasso Jereissati e dizem que gastar fortunas públicas com celulares e jatinhos é permitido pela lei.

O pior é que a ideologia oligárquica não é exclusiva dos ocupantes de cargos oficiais. Ela se encontra todo dia nas mesmas pessoas que se dizem tão indignadas com os políticos nas pesquisas de opinião. Assim como FHC e Lula falam das mazelas brasileiras como se fossem meros observadores, os cidadãos reclamam de comportamentos que eles mesmos repetem. Pessoas com diplomas universitários e vidas para lá de confortáveis justificam sonegar impostos. Dizem, por exemplo, que a formação de quadrilha e o contrabando por parte do maior centro de luxo da nação, a Daslu, não bastam para a prisão de ninguém, mesmo que tenham prosseguido depois das primeiras multas. Afinal, como diziam os hippies nos anos 70, a culpa é do sistema e ‘corrupção existe no mundo todo’. O mesmo argumento é usado para as licitações fraudadas e a praxe das propinas, que são pagas para ‘evitar problemas’ ou ‘driblar a burocracia’ no país do futebol alegre. Pois Renan não está sozinho: mesmo os assalariados dão um jeitinho de gastar menos do que a nota fiscal diz.

Recebi emails de leitores se queixando de que me referi a essas barbaridades da ‘zelite’ brasileira ao comentar o romance recém-lançado de Chico Buarque. Curiosamente, também recebi queixas por ter descrito brevemente o estrago cultural do regime militar de 1964. Na maioria dos casos o que me parece haver, nas tais classes ‘educadas’ como entre os mais pobres, é uma cultura condescendente com o autoritarismo, com o rouba-mas-faz, com o uso do poder para fins pessoais – ainda que muitos digam o contrário nas enquetes. Li muitas vezes, por sinal, que o livro de Chico teria sido influenciado pelas ideias de seu pai, Sérgio Buarque de Holanda, mas pelo visto ninguém lê Raízes do Brasil, que mostra como o conceito liberal de interesse público não fez parte da colonização local. O que Chico descreve é o Brasil de Gilberto Freyre, oligarca que, no estudo Casa Grande & Senzala, não se privou de relembrar os prazeres dengosos que mulatas lhe deram na infância. E defender a tese de que eles constituem uma base para nossa democracia multirracial.

Deve ser por isso que, em festas da classe alta a que já fui, volta e meia me deparei com uma empregada negra em pé durante a noite toda apenas para apontar a porta do banheiro para os convidados. Ela talvez não seja nem registrada em carteira, mas certamente ganha, entre uma ordem e uma bronca, ‘presentinhos’ do patrão como roupas e comidas, tal como numa crônica de Machado de Assis. Essa cultura oligárquica, claro, se vê também nas artes, que aí estão para mostrar nosso valor, como o filme que a família Barreto faz sobre Lula – ou outros em que a classe média urbana é que é a maior das culpadas, talvez porque fique consumindo essa mídia maledicente. A realidade, porém, é ainda mais amarga. Debaixo de tantos aplausos, nas mais diversas camadas da sociedade, o que se sonega é a democracia.’

 

LIVROS
O Estado de S. Paulo

Jornalista vê a vida como uma série de descobertas

‘O mundo é um lugar onde ocorrem ataques terroristas, desastres naturais, colapsos econômicos e crises familiares. O que fazer com essa realidade, pergunta Neil Strauss (1969), jornalista norte-americano que colabora com a Rolling Stones e o New York Times? Aceitar os fatos ou transformar a vida numa aventura cheia de descobertas? Com o mesmo estilo das obras que o consagraram, como The Game: Penetrating the Secret Society of Pickup Artists, Strauss propõe que os leitores aprendam a ser donos de si mesmos, apesar das normas de conduta que os uniformizam. Para provar que a mudança é possível, Strauss ficou três anos viajando pelos EUA e se virando como podia por onde passou.’

 

A cultura das tatuagens a partir de um reality show

‘High Voltage Tattoo é um volume que lança um olhar global e atual sobre a cultura da tatuagem a partir da vida de Kat Von D (Katherine von Drachenberg), estrela do L.A. Ink, reality show norte-americano sobre os eventos ocorridos no ‘High Voltage Tattoo’, estúdio de tatuagem em Los Angeles, Califórnia. O programa é exibido pelo canal pago People & Arts. Com a introdução assinada por Nikki Sixx, o livro reúne imagens e histórias sobre celebridades, roqueiros e cidadãos nem tão famosos – em comum, veem a tatuagem como manifestação a um só tempo pessoal e artística. Há também detalhes sobre trabalhos de tatuadores do mundo tudo – alguns dão entrevista – selecionados por Kat.’

 

Artigos curtos abordam os mecanismos da narrativa

‘O romancista e acadêmico inglês David Lodge trata dos meandros do funcionamento da ficção em 50 ensaios curtos, publicados nos jornais Independent e Washington Post. Em A Arte da Ficção, traduzido por Guilherme da Silva Braga, ele aborda elementos importantes do fazer literário, como a construção do início e fim dos romances, a manipulação do tempo, o uso de artifícios como o suspense, a escolha do ponto de vista do narrador e nome dos personagens.. E visita autores clássicos para realizar essa tarefa: Henry James, Virginia Woolf, Laurence Sterne, Jane Austen, George Orwell, Edgar Allan Poe.. David Lodge (1935) é autor, entre outros, de Fora do Abrigo, Invertendo os Papéis e Nice Work.’

 

REVISTA
Francisco Quinteiro Pires

A liberdade no império das palavras

‘O ensaio tem um formato textual que imita a vida. Todos sabem como e onde começa, mas não como e onde ele termina. Dizem, os mais ingênuos, que ele é fácil. Na verdade, é sinuoso, ele vai e vem como um serrote, título da revista de ensaios do Instituto Moreira Salles. ‘É um gênero perigoso’, diz Matinas Suzuki Jr., um dos editores do periódico quadrimestral ao lado de Samuel Titan Jr., Rodrigo Lacerda e Flávio Pinheiro. ‘Viver é perigoso’, alertara João Guimarães Rosa.

Inspirada na norte-americana Virginia Quarterly Review, serrote (224 págs., R$ 29,90) oferece espaço generoso às imagens. O primeiro número publica, com exclusividade, desenhos do romeno Saul Steinberg (1914-1999), que fez mais de 1,2 mil trabalhos para a New Yorker, onde trabalhou por quase 60 anos. Feitos em folhas de um caderno de 1954, eles são exemplo do ataque às ‘convenções que podem tornar a vida uma monótona sucessão de comportamentos previsíveis’, segundo Rodrigo Naves, autor de texto sobre o ilustrador.

Uma das criações, publicada ao lado, mostra um gato montado num cavalo. O felino tem feições semelhantes às do romeno e concentra ‘com singeleza’ as suas ideias essenciais. ‘Gatos são bichos domésticos que, diferentemente dos cães, não passam a vida em busca do reconhecimento dos humanos. E essa autonomia – a renúncia a seguir o que esperam de nós – havia de instigar Steinberg.’

Há um depoimento de Roberto Civita, publisher da editora Abril, sobre como seu pai, Victor, e seu tio, Cesar, foram responsáveis por divulgar a obra do artista. Ao pesquisar arquivos secretos da diplomacia portuguesa para escrever a biografia de Stefan Zweig, Alberto Dines encontrou documentos que mostram a dificuldade de Steinberg de sair da Europa conflagrada pela 2ª Guerra Mundial.

Com título inspirado em A Idade do Serrote, de Murilo Mendes – ‘o prosador mais livre do modernismo’ -, segundo Samuel Titan Jr., professor da USP, a revista traz carta inédita de Mário de Andrade a Otto Lara Resende e retratos do pintor José Pancetti feitos pelo francês Marcel Gautherot, pertencentes ao acervo do IMS. Modesto Carone traduz 109 aforismos de Franz Kafka: ‘A partir de certo ponto não há mais retorno. É este o ponto que tem de ser alcançado.’ ou ‘Uma vez incorporado o mal, não se exige mais que se acredite nele.’ Nuno Ramos escreve sobre o sambista Nelson Cavaquinho. O historiador italiano Carlo Ginzburg trata de O Último Suspiro de Marat, quadro de Jacques-Louis David. E.B. White e Edmund Wilson falam da indústria automobilística dos EUA. Na seção Alfabeto, Tostão reflete sobre o P de passe, Francisco Alvim sobre o S de serrote e Antonio Cícero sobre o V de verso.

O segredo do ensaio, segundo Matinas, está na maneira de escrevê-lo e não no tema escolhido, uma vez que ele oferece oportunidade para falar de tudo: do suor e de sapato (temas comuns) ou do amor e da amizade (temas universais). Samuel Titan Jr. lembra Montaigne, autor dos Ensaios, que, pela primeira vez, traz à cena a subjetividade e, como ‘escritor leigo’, escreve para um ‘público leigo e não institucionalizado’.

A Carta dos Editores cita Vinicius de Moraes, que percebeu no essay a ‘origem da brasileiríssima crônica brasileira’. Tem lá sua razão, sobretudo se se lembrar de Rubem Braga, considerado o pai da crônica.

Seu estilo se afigurava despretensioso. Manuel Bandeira falou da característica de doce puxa-puxa – palavra que aciona palavra. O Velho Braga parecia escrever sobre o nada. Mas, de repente, a vida explodia numa prosa em que convivem – disse Drummond – o humor, a sensualidade e a anarquia, coisas que pressupõem, ou buscam, a libertação. O mineiro resumiu o que o capixaba representa: ‘Esta a lição de Braga, ?lição de insaciável liberdade e gosto de viver?.’ serrote diz ter ‘como horizonte o espírito daqueles que viram, no ensaio, o jogo e a felicidade, e, no ensaísta, o homem liberto’. O que se procura é a liberdade – no texto e na vida.’

 

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