Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O medo das mudanças

O Washington Post perdia dinheiro; a equipe era reduzida; a competição, acirrada. Com a economia em crise, o jornal precisava de mudanças radicais para sobreviver. Esta era a situação do diário em 1933, quando Eugene Meyer comprou o Post após o jornal ter decretado falência, descreveu o ombudsman Andrew Alexander, em sua coluna de domingo [14/6/09]. Atualmente, as circunstâncias -e os desafios – são similares. Com os herdeiros de Meyer no controle do Post, o diário está enfrentando a fase mais crítica das transformações pelas quais tem que passar para sobreviver.

Desde 2003, esta é a quarta de uma série de demissões voluntárias. O sítio em breve será integrado à redação, para fornecer uma operação unificada 24 horas. Isto irá alterar o modo como a cobertura é planejada e o conteúdo é processado. Para tentar entender como este processo é visto pelos leitores e pela equipe, Alexander indagou à redação: ‘E o que estas mudanças significarão para os leitores?’. Dos 27 que responderam, em confidencialidade, a quase totalidade alegou que a qualidade ficaria comprometida, pelo menos em um curto prazo. ‘Com menos editores, há maiores chances de termos erros no jornal’, comentou um deles.

Outros pontos que seriam afetados com as reduções são reportagem investigativa e aprofundamento nas matérias. Não se sabe quantos repórteres e editores ficaram no diário, porém mais de 100 preenchiam os requisitos para o último plano de demissão voluntária. No anterior, mais de 100 aceitaram. Nos últimos anos, diversos talentos da casa foram trabalhar em outros jornais. ‘Espero alguma diminuição na qualidade. Este foi um ano de mudanças excepcionais’, reconheceu o editor-executivo Marcus Brauchli. Na opinião de Alexander, o moral da equipe está baixo, porém o comprometimento permanece alto. ‘Há ansiedade, mas também um imenso orgulho’, concluiu.