O aumento do preço do New York Times foi tema da coluna do ombudsman Clark Hoyt neste domingo [21/6/09]. No dia 1º/6, o valor de venda do diário nas bancas subiu para US$ 2 nos dias de semana e para US$ 5 a US$ 6 no fim de semana, dependendo do local dos EUA. Já os preços das assinaturas subiram, em média, 10%. Na semana passada, o jornal também diminuiu o tamanho de sua revista dominical e anunciou que eliminará metade da página das tabelas de ações e algumas seções de notícias locais.
Diante da recessão severa e da revolução tecnológica que impulsiona os leitores para a versão online, não chega a ser uma surpresa que o preço da versão impressa suba e que suas dimensões sejam reduzidas, diz Hoyt. Alguns leitores ficam, no entanto, decepcionados com tais medidas. A leitora Janet Kronfeld, por exemplo, diz ainda não ter se recuperado do cancelamento das tabelas de programação de TV, em fevereiro, e, diante das novas mudanças, pensa em cancelar sua assinatura. ‘Uma seção retirada e aumento no preço?’, indaga outra leitora, Marianne Lepre-Nolan.
Segundo editores do NYTimes, a seção Sunday Metropolitan irá trazer algumas matérias locais. Parte do conteúdo da seção Escapes irá para a seção Weekend. O conteúdo das tabelas com ações estará disponível no sítio NYTimes.com. As mudanças tornam-se necessárias por conta do alinhamento entre custos e lucros. Hoyt, ainda assim, considera tais medidas arriscadas e acredita que o momento é de encontrar maneiras de se lucrar com a versão online. ‘Quanto mais razões você dá aos leitores para se afastarem do jornal, mais danos você faz a sua empresa’, avalia o analista de mídia John Morton.
Morton reconhece a pressão pela qual passa o NYTimes e outros jornais americanos, com queda drástica nos lucros publicitários. No primeiro trimestre deste ano, o New York Times Media Group registrou declínio de 27%. Muitos jornais fecharam suas sucursais em Washington e no exterior, cortaram cargos e diminuíram espaço para conteúdo – já o NYTimes não fez tantas mudanças.
Adaptação
Este ano, o orçamento da redação, de mais de US$ 200 milhões, está sendo reduzido em alguns milhões. Os funcionários tiveram, ainda, diminuição de 5% nos salários. Mas editores alegam que as principais seções não sofreram alterações, desde que tiveram uma redução de 5% em 2007. O número de funcionários na redação está perto do máximo possível, 1.250, embora muitos profissionais estejam ocupando cargos novos, como produtores de vídeo e áudio para o sítio. Enquanto há menos repórteres cobrindo notícias locais, há mais jornalistas cobrindo Washington e outros países que há uma década. O número de fotógrafos caiu à metade, mas há dezenas de novos videojornalistas.
Segundo Scott Heekin-Canedy, presidente e gerente-geral do jornal, o NYTimes já acrescentou ou removeu conteúdo de suas páginas por diversas vezes, e a maioria dos leitores não acredita que as mudanças o tenham alterado para pior. Do total de um milhão de assinantes, 825 mil têm assinatura há dois anos ou mais, o que demonstra lealdade ao diário. Executivos do NYTimes estudam maneiras de se cobrar pelo conteúdo online, como pagamento por artigos lidos ou um modelo de assinatura que deixaria muito conteúdo de graça, mas daria benefícios a seus membros, como acesso a eventos especiais.