Um homem japonês, uma mulher branca, um executivo católico irlandês. São todos exemplos de descrições comuns em uma conversa cotidiana. No entanto, em um jornal, escrever tais identificadores de raça ou religião pode significar se arriscar em campo minado, observa o ombudsman do New York Times, Arthur S. Brisbane, em sua coluna de domingo [13/2/11].
Durante décadas, o NYTimes manteve políticas claras alertando repórteres e editores a serem cuidadosos sobre o uso de rótulos étnicos, raciais e religiosos, aplicando-os apenas quando for ‘pertinente’. No entanto, não é fácil decidir quando é pertinente. O uso destes rótulos pode gerar respostas extremas de leitores.
Religião
Um exemplo recente ocorreu no perfil do novo executivo-chefe da NBC Universal, Stephen B. Burke, publicado no dia 26/1. Os repórteres Tim Arango e Bill Carter escreveram: ‘Burke, que é católico irlandês, frequentou a Universidade Colgate, então inscreveu-se na Harvard Divinity School, mas acabou escolhendo a Harvard Business School.’ Alguns leitores questionaram a necessidade da descrição ‘católico irlandês’.
Evidentemente, o uso de rótulos raciais e étnicos provoca reações com base em uma longa história de sentimentos fortes – exatamente o tipo de reação que as políticas do jornal aconselham evitar. Neste caso, o editor da matéria, Bruce Headlam, alegou que o trecho original incluía a informação de que ele passou um tempo em um kibutz em Israel. Nesta versão, era possível entender que Burke era alguém com uma ampla diversidade de interesses – um católico irlandês que ficou um tempo em um kibutz. A ideia era criar um detalhado perfil de alguém com interesses e capacidades diversas. O problema é que a matéria teve de ser encurtada para caber no jornal, então, a parte do kibutz foi cortada. ‘Com isto retirado, a referência à religião ficou perdida e eu tinha que ter editado isto também’, admitiu Headlam.