Anteriormente vistos como um serviço público, hoje os obituários atraem uma grande audiência – e, conseqüentemente, lucros –, revela o ombudsman Andrew Alexander em sua coluna de domingo [2/8/09]. No Washington Post, nos últimos anos o índice de leitores desta seção vem crescendo, assim como a audiência do sítio. Leitores também podem acompanhá-la via Twitter e Facebook.
Se, no passado, os repórteres viam o trabalho na seção de obituários como uma forma de castigo, muitos o vêem hoje como uma recompensa. ‘Acredito ser um dos trabalhos mais importantes do jornal’, opina Adam Bernstein, editor da seção há 35 anos. ‘Somos diferentes de outras partes do diário, pois escrevemos em geral sobre o que foi importante há 40, 50, 60 anos. O nosso desafio é trazer estes dados de maneira justa é vívida’.
Registro da comunidade
Em um ano, Bernstein e sua equipe – os repórteres Patricia Sullivan, Matt Schudel, Joe Holley e Lauren Wiseman – escrevem cerca de quatro mil obituários. Muitos são sobre famosos, mas a maior parte é sobre cidadãos comuns, da região. Como escrever sobre uma vida inteira com a pressa do deadline é algo difícil, o Post tem cerca de 150 obituários adiantados, sobre personalidades, prontos para ser publicados no minuto seguinte em que a morte for anunciada.
A política do Post sobre obituários é escrever sobre qualquer pessoa que tenha morado em Washington por pelo menos 20 anos ininterruptos e por mais anos que em qualquer outro lugar. ‘Não consigo imaginar um único jornal no mundo que escreva sobre quase cada membro da comunidade’, diz Bernstein. Há outras condições. O diário não publicará um obituário se a família não quiser divulgar a causa da morte. Informações sobre casamentos – mesmo aqueles que já terminaram há 55 anos – e prisões também devem ser publicadas.
Famílias podem comprar o que chamam de ‘anúncios de falecimento’, que aparecem nas páginas dos obituários e oferecem dados biográficos sobre o falecido, além de informações sobre o funeral e sobre doações a serem feitas no lugar de coroas de flores. Isto é uma fonte importante de lucro, que gera milhões de dólares ao ano. ‘Observamos um aumento no número de anúncios pagos ano a ano’, afirma Galen Derry, da equipe de marketing.
O grande potencial de crescimento, no entanto, é mesmo o online. No sítio do jornal, os visitantes podem deixar condolências em um livro de visitas. Além disso, por uma taxa, podem enviar flores e presentes à família, postar uma foto ou criar um livro com informações do falecido. De olho no futuro, não é difícil prever que leitores poderão ter acesso a documentos e fotos com um clique, linkados a obituários. Ou que passem a postar vídeos em vida para ser disponibilizados após a morte.