No dia 4/6/04, o Washington Post publicou uma matéria em que o ex-consultor do deputado democrata James Moran, Allan Secrest, o acusa de ter feito um comentário anti-semita numa reunião com assessores dois meses antes. A notícia saiu apenas quatro dias antes das eleições primárias no distrito pelo qual Moran, um dos políticos mais influentes da região de Washington, quer se reeleger.
Ele conseguiu vencer, mas a notícia do Post gerou reação de diversos leitores, que escreveram ao ombudsman Michael Getler [13/6/04], reclamando que o jornal havia sujado a reputação do político deliberadamente. O principal problema neste caso foi que Secrest não quis dizer qual teria sido o comentário de Moran contra os judeus. No dia 25/5, o consultor especializado em pesquisas se demitiu da campanha do congressista, com quem trabalhava havia 20 anos. O Post publicou mais duas reportagens sobre o assunto, além da primeira. Também deu espaço para que o deputado respondesse que a acusação de Secrest seria uma ‘absoluta mentira’.
A editora Jo-Ann Armao, da seção Metro, onde a notícia foi publicada, está convencida de que o diário agiu corretamente e não acredita que o fato de o consultor não ter especificado a suposta colocação preconceituosa do político teria sido motivo para não publicar a matéria. ‘Se Secrest tivesse nos contado qual foi o comentário e Moran tivesse negado que o fez, teria feito alguma diferença para aqueles que acham que não deveríamos ter dado a história?’, indaga.
Getler considera este ponto de vista interessante, mas, ainda assim, acha que ‘o Post violou uma fundamental noção de justiça e senso-comum ao divulgar e repetir uma acusação explosiva, sem comprovação, sem explicação – e negada – quatro dias antes de uma eleição’.