Daniel Okrent é o editor público do New York Times há onze semanas. Em sua coluna de 15/2/04, o ombudsman faz uma auto-entrevista em que coloca uma série de percepções que teve de seu trabalho. Assim como há muita gente dentro do jornal que acredita na proposta de transparência que um editor público representa, há uma agressividade aberta de pessoas que acreditam que o cargo não deveria existir. Essa insatisfação, comumente de colegas que foram criticados, é direcionada, às vezes, a Okrent pessoalmente. Por ser ex-editor de revistas, há quem acredite que ele não sabe do que está falando. O colunista, no entanto, acha bom que não seja um profissional do ramo dos jornais: assim pode fazer perguntas que só um leigo faria.
Okrent observa que já recebeu 11 mil e-mails de leitores, muitos deles com críticas coerentes. No entanto, são comuns as correntes de organizações que mobilizam muitas pessoas que nem leram o jornal, ou mensagens com conteúdo ofensivo. Para esse tipo material, há um espaço reservado na lixeira, junto com as ‘solicitações de bilionários nigerianos’. O leitor que quer ter uma resposta deve, de preferência, mandar um e-mail conciso e bem-educado.
O editor público aponta ainda que não vai comentar assuntos que o Times tenha publicado antes de sua chegada (como a questão da existência ou não de armas de destruição em massa no Iraque), porque isso o condenaria a um trabalho infinito que o impediria de tratar das notícias atuais. As reclamações sobre parcialidade de uma forma geral (como as inúmeras que chega acusando o Times de ser anti-Israel, pró-Bush, anti-republicano etc.) também terão de esperar, pois ainda não houve tempo para que Okrent pudesse acompanhar o jornal e concluir sobre alguma suposta tendência. Finalmente, o ombudsman afirma que abrirá espaço para cartas de leitores que comentam a sua coluna: ‘Alguém tem que criticar o ombudsman’.