‘As participações do jornalista Renato Lombardi no Jornal da Cultura apontam para um modelo que, aperfeiçoado, pode ser a base do jornalismo que me parece o mais adequado a uma TV Pública. Refiro-me ao diferencial, que só a Cultura pode ter, de explicar melhor um dos assuntos do dia, aprofundado o tema de modo a oferecer ao público não apenas o fato, mas o que está atrás e em torno dele.
Há muitos anos outras emissoras, e também a Cultura, dispõem de comentaristas de economia e de esportes. Lombardi acrescenta agora sua respeitável bagagem profissional a serviço de temas bem conhecidos do cotidiano das pessoas – os ligados à corrupção, aos golpes, às transgressões de toda ordem, à violência, à bandidagem. São temas que em geral vão parar nos órgãos de defesa do consumidor, na Polícia, no Ministério Público e na Justiça.
Lombardi tem algumas vantagens sobre os seus mais experientes colegas especializados em economia e em esportes. Com mais de 30 anos de profissão, é tão experiente quanto eles, mas a sua linguagem não é hermética como a dos que falam de taxa Selic como se todos soubessem do que se trata; nem tão descompromissada como a de um torcedor de futebol. Moldado profissionalmente em redação de jornal diário, Lombardi sempre conviveu com uma ferramenta de trabalho e uma circunstância: pela ordem, a apuração e o anonimato. Mas também não é nenhum novato em televisão, posto que já há alguns anos fazia comentários na TV Bandeirantes.
Quando digo que o modelo pode ser aperfeiçoado, refiro-me ao Jornal da Cultura de 20/10, quarta-feira. Todos os telejornais (Band, Record, Globo) deram matéria sobre a quadrilha que usava a internet para desviar dinheiro de contas correntes bancárias, aplicando um golpe de R$ 80 milhões. A Cultura também deu, mas foi além. Renato Lombardi explicou porque em certos setores o crime organizado está mais avançado que a maioria das polícias estaduais. Um único reparo: poderia ter falado mais pausadamente, menos aflito com o tempo que lhe foi destinado.
E como aperfeiçoar o modelo? Ampliando a explicação. Por exemplo, com um especialista em internet que demonstrasse, na tela do computador, como o golpe foi praticado e como os bancos podem se defender do roubo eletrônico. E mais: com um advogado que dissesse o que os correntistas devem fazer para recuperar o que lhes foi tirado. Tudo isso apoiado em mapas e ilustrações produzidos em computação gráfica e eventuais entradas ao vivo de outros personagens capazes de abordar ângulos novos do tema. Com esse tratamento, o assunto poderia tomar até metade do tempo total do Jornal da Cultura, que teria valido a pena.
Minha opinião a respeito do jornalismo que deva ser praticado em uma TV Pública como a Cultura é conhecida – já tratei disso, antes, neste mesmo espaço. Esse jornalismo pode, sim, e até deve, ser baseado nos principais fatos do dia. Isso é o que todos fazem, mas quase sempre de forma apressada (aquilo que eu chamo de fast news). A Cultura, repito, é a única que pode dar-se ao luxo de tomar um tema por dia e tratá-lo melhor, criando assim a sua marca, o seu diferencial (não confundir com a pauta alternativa, que em geral ignora os principais fatos do dia).
E, como o jornalismo não se limita aos telejornais, muitos desses temas de grande interesse para o público podem e devem ser abordados também em programas de entrevistas, em debates e até em documentários.
Os fundamentos éticos desse tipo de jornalismo estão, todos, no guia de princípios elaborado pelos profissionais da casa. São tão irretocáveis que deveriam ser adotados por todas as redações comprometidas com o jornalismo sério e responsável. Mas, são apenas princípios. O modelo, o formato, o modo de tratar a informação na linguagem televisiva em uma TV Pública, são outra coisa. São o jornalismo que aprofunde mais a informação e permita ao telespectador conhecer melhor o seu próprio cotidiano.’
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‘Parabólica’, copyright TV Cultura (www.tvcultura.com.br/ombudsman), 22/10/04
‘Já foi informado aqui, nesta página, mas não custa repetir: o sinal da TV Cultura transmitido pelo satélite Brasilsat B1 não será codificado. Assim, os usuários de antenas parabólicas podem ficar tranqüilos. Nenhum telespectador será prejudicado. O sinal continuará aberto e nada mudará. A questão das afiliadas é outra, com solução técnica específica.’
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‘Anos Incríveis’, copyright TV Cultura (www.tvcultura.com.br/ombudsman), 22/10/04
‘A legião de admiradores da série Anos Incríveis também pode comemorar. Em resposta aos muitos e-mails enviados ao ombudsman, a diretora de Programação, Rita Okamura, manda avisar que a série volta ao ar em novembro, de segunda a sexta, às 18h30.’
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‘Café cabeça’, copyright TV Cultura (www.tvcultura.com.br/ombudsman), 22/10/04
‘A série Café Filosófico, em cartaz, foi gravada em 2003. De cada ‘sessão’ foram editados vários programas diferentes, que bem poderiam estar identificados (parte um, parte dois, etc), para o espectador se orientar melhor. Em novembro estréia uma nova série do Café, gravada em 2004.’
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‘TV Pública e religião’, copyright TV Cultura (www.tvcultura.com.br/ombudsman), 22/10/04
‘Tenho recebido muitos e-mails com reclamações de telespectadores referentes ao que consideram uma opção religiosa da Cultura pelo credo católico. Evangélicos de diferentes ministérios (metodistas, presbiterianos, etc), espiritualistas, umbandistas e outros argumentam, com base na Constituição Federal, para reivindicar também o seu espaço na programação. Ou, como tantos outros defendem, que a TV Pública seja laica. Encaminhei o assunto à direção da Cultura que, por sua vez, vai submetê-lo a deliberação do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta.’