‘O leitor Guilherme Strozi escreveu para esta Ouvidoria perguntando: ‘Não tem como fazer comentários nas matérias?’ A Agência Brasil respondeu: ‘Nosso sistema não permite comentarios.’ Respondida a demanda, encerrado o processo.
O leitor Edson Augusto escreveu: ‘Parabéns pelo excelente serviço público prestado. Eu gostaria de ver um espaço para os leitores comentarem as noticias.’ O elogio e a sugestão do leitor foram encaminhados para conhecimento da Agência Brasil.
Tal como estes, outros leitores têm enviado mensagens cogitando a possibilidade de interagirem com as informações publicadas. É um novo tempo que se inicia no jornalismo, uma tendencia que cresce a cada dia alimentada pela participação consentida e desejada pelos blogs da webesfera – praticamente todos os chamados ‘jornalões’ já se renderam a ela. Em uma breve pesquisa constatamos que todas as cinco maiores publicações impressas permitem que os leitores comentem as notícias por meio de suas versões eletrônicas.
Há poucos anos esses mesmos jornais resistiam inclusive a publicar suas notícias na internet e, quando o faziam, davam acesso à sua leitura apenas para assinantes – o conteúdo pago. Paulatinamente eles foram obrigados a se render, primeiro liberando o conteúdo para leitura gratuita e depois permitindo inclusive que os leitores postassem seus comentários. Sinais dos tempos e da revolução que o meio eletrônico vem proporcionando em termos de acesso e disponibilidade da informação. Diz-se que hoje, a quantidade de informação disponível para uma pessoa, em um só dia de navegação pela web, é muito superior à que um indivíduo dispunha, há 50 anos, em toda sua vida.
Em breve provavelmente assistiremos a mais um episódio dessa história quando os sites se tornarão o principal veículo de comunicação das empresas jornalísticas, desbancando as versões impressas. Hoje já praticamente todos os colunistas possuem blogs onde publicam suas opiniões e recebem o retorno dos leitores que comentam o que foi publicado. É a comunicação completando seu ciclo entre emissor e receptor da informação. Como uma avenida de mão dupla, o que vai volta e vice-versa. Assim funcionam também os espaços para comentários das notícias.
São espaços democráticos que permitem aos leitores manifestarem suas opiniões, ajudarem a formular as pautas, enriquecer o conteúdo das informações e promover o debate de idéias. É o jornalismo como espaço democrático de construção da cidadania por meio da argumentação, do diálogo e da negociação de soluções para os problemas que nos afligem no dia-a-dia.
Ao promoverem e incentivarem a interação com o público, os veículos de comunicação cumprem com sua função social de formar cidadãos críticos e conscientes. A participação é o caminho mais curto para que se processe o controle social dos meios de comunicação, pois ela remove da alienação aqueles que outrora eram apenas consumidores passivos. Por outro lado, desafia os jornalistas a conhecerem como sua mensagem chegou e repercutiu na opinião dos leitores.
Provamos um pouco desse remédio na semana passada quando aqui neste espaço dissemos que a mídia em geral não contribuiu para o debate público acerca da extinção do Fator Previdenciário. Pecamos pelo excesso de generalização.
O leitor Paulo Muzzolon, subeditor e pauteiro de Economia do jornal Agora São Paulo escreveu: ‘ Quando você diz, na coluna sobre o fator previdenciário, que a ‘a mídia comercial geralmente se submete aos mesmos interesses dos grupos de poder que pressionam o governo na distribuição das verbas orçamentárias’ e que ‘a mídia comercial dá pouca atenção ao assunto [fator previdenciário]’, demonstra duas coisas: uma leitura deturpada dos meios e a total falta de conhecimento sobre alguns jornais. O Agora São Paulo, por exemplo, que pertence ao Grupo Folha – e, portanto, faz parte do que você chama de mídia comercial –, dedica quase diariamente sua manchete a assuntos relacionados à Previdência Social. Acompanhamos a discussão sobre o fator 85/95 desde quando o índice foi oficialmente proposto, em dezembro de 2008, e já havíamos tocado no assunto em 2007, quando houve o fórum da Previdência. Nossas reportagens mostram, por exemplo, para quem será vantajoso o fim do fator, quem seria beneficiado com o fator 85/95 e, até, quem, hoje, consegue uma aposentadoria maior com o fator previdenciário (sim, isso é possível). O Agora São Paulo é o jornal popular com maior tirage no Estado, e é o diário que mais vende em bancas também no Estado. Portanto, não é um veículo qualquer.
Da mesma maneira, outros jornais populares de grande circulação por aqui, como o Diário de SP e o Jornal da Tarde (o primeiro já foi do mesmo grupo d’O Globo, e o segundo pertence ao Grupo Estado) também tratam regularmente do assunto… Como pauteiro de Economia do Agora, é minha obrigação acompanhar o que os veículos de comunicação trazem sobre o fator previdenciário, visto ser a Previdência Social um tema muito relevante para nossos leitores, grande parte deles aposentados ou prestes a se aposentar. E o que percebo é que, nesse quesito, a chamada ‘mídia comercial’ está muito à frente da Agência Brasil.’
Até a próxima semana.’