Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

‘A sala é fria, quase sem movimento. Há certa solidão no ar, mesmo você estando conectado com internet, esperando os e-mails ou pronto para um telefonema, um fax que seja. Qualquer notícia. Qual jornalista aceitaria uma tarefa como essa? Pois bem, eu aceitei. Depois de 22 anos de vida diária em uma redação, atrás de pautas e notícias, o desafio de poder entrar em contato direto com o leitor me contagiou. Não somente o leitor das minhas matérias, da minha coluna. Mas de todo jornal. Das mais variadas opiniões. Esse mistério é que me fascinou.

No primeiro momento vem o susto do inesperado convite. Afinal, é uma mudança total de rotina, de um estilo de vida. Depois a análise, a aceitação e o estudo mais aplicado sobre o que é o ombudsmato. E é nessa hora que a gente pode ter ideia do que virá pela frente.

O jornalista é um dos poucos profissionais que publica seu erro. Eles ficam ali para a história. Assim como a informação correta, qualquer imprecisão no texto afeta diretamente a vida da população. É ai que cresce a importância de um canal que possa corrigir possíveis escorregões em um texto jornalístico, tanto de apuração como gramatical. E o ombudsman acabou sendo criado para ser o intermediário entre esses dois elos: o jornalista e os leitores.

Foi dentro dessa perspectiva, de conhecer o lado de quem está recebendo a notícia, poder falar com eles, de argumentar e de ouvir a voz do leitor é que iniciamos, no último dia 7 de janeiro, essa nova tarefa. Seria utopia de minha parte querer ‘zerar’ o processo de erros e problemas que acontecem em qualquer empresa jornalística. É bom não esquecer: são seres humanos que elaboram textos, apuram dados, batem fotografias, cuidam da qualidade da impressão, encartam e entregam o jornal em sua casa.

Há muita gente envolvida no ato de fazer jornal. Cabe ao ombudsman ver como está esse processo, ouvir o consumidor final e sugerir alterações. Como bem disse um leitor logo no primeiro dia de trabalho como ombudsman: ‘estou pagando!’. E ele está certo. Paga para ter um bom produto e nós temos que produzi-lo. Esperamos um longo período de atividades e de contatos nesta nova tarefa, sempre com o objetivo de levar informação com mais qualidade, valorizando a liberdade de opiniões e a imparcialidade. A simples existência do ombudsman e a sua total liberdade demonstra a disposição da empresa em buscar essa excelência. É a prova de atenção com o leitor sendo renovada mais uma vez, depois de 16 anos de criação do cargo. No Brasil, só dois jornais conseguiram manter essa tradição. O POVO é um deles.

Metodologia

O ombudsman é o canal oficial, autorizado pela presidência da empresa, de contato entre o leitor e a redação do O POVO. Não há outro. Diariamente, elaboramos um relatório com a análise da edição e os problemas e sugestões apresentados pelo leitor. Ao longo do dia, outros comentários extras são encaminhados para os jornalistas e direção da empresa. Problemas relacionados aos demais serviços e veículos do Grupo de Comunicação O POVO também serão encaminhados aos seus respectivos departamentos pelo ombudsman.

Continuaremos atendendo, pessoalmente ou por telefone, na sede do jornal. O telefone, endereço e o horário de funcionamento estão no final da coluna. As sugestões, críticas e comentários também podem ser feitos pelo e-mail ombudsman@opovo.com.br.

Transparência

A cada dois meses iremos publicar as ações do ombudsman, com balanço de toda a atividade realizada no período, detalhando, numericamente, um pouco do perfil dos leitores e das principais reclamações e sugestões que surgirem. O ombudsman estará presente também, na medida do possível, nas reuniões do Conselho de Leitores, empossado no último dia 7 de janeiro, quando o jornal completou 82 anos de fundação.’