‘‘Na questão do aborto, o cinismo dos candidatos só é comparável ao cinismo da mídia’. (Ligia Martins de Almeida, jornalista)
Os brasileiros escolhem dia 31 o novo presidente do Brasil ou o papa? Essa não é hora nem lugar para que o tema aborto ganhe tamanha discussão. A começar do tom que está sendo apresentado. O eleitor quer saber de propostas para educação, emprego, segurança, qualidade de vida. Não quem é o ‘matador’ ou não de criancinhas. O pior é que a imprensa vai na onda dos defensores do ‘direito à vida’, abrindo espaços generosos para bravatas. Poucos veículos se aprofundaram no assunto mostrando como está o mercado ilegal do aborto ou as vantagens e desvantagens da descriminalização. Os candidatos resolveram ser simpáticos aos grupos religiosos e colocaram, com ajuda da mídia, o assunto na pauta do dia.
O POVO já havia abordado os temas no primeiro turno. Em 26 de agosto, manchetou pesquisa onde o cearense se colocou contra mudanças na lei do aborto, no uso da maconha e da união entre pessoas do mesmo sexo. A matéria ouviu candidatos ao Senado e especialistas políticos, mostrando os projetos em tramitação. Depois, em 8 de setembro, apresentou as propostas dos presidenciáveis. Serra e Dilma já afirmavam ser contrários aos dois primeiros e favoráveis ao último. O jornal não capitalizou o assunto. No dia 14 ouviu cientistas políticos, um espírita e uma assistente social. E só. Parou por aí, mesmo tendo um grande material para confrontar discursos, inclusive com outros temas.
Novo design
Toda mudança gera reações das mais diversas. O novo visual do O POVO Online é um exemplo. Passados mais de 20 dias do lançamento do novo design, alguns leitores ainda criticam alteração. Para André Noronha, a mudança desprezou editorias. ‘Colocar Opinião em ‘veja também’ do menu à esquerda é ridículo!’, criticou. Rangel Brasil também não gostou. ‘A mudança descaracterizou uma identificação tão bela, a anterior’, afirmou ele, alegando que site ficou parecendo um ‘pavão’.
Nem tanto. Teve seu lado positivo e negativo. O bom: maior interação com redes sociais, convergência com outras mídias e canais especiais. Já o sistema de busca continua falho e alguns navegadores não garantem acesso a todos os recursos, embora não haja qualquer aviso. Segundo a editora de Convergência, Marília Cordeiro, a maioria das manifestações foi elogiosa. ‘Mas esta é uma versão que estará em constante aperfeiçoamento, e, portanto, vamos acatar a sugestão do leitor’, ressaltou. Com relação aos novos recursos, ela disse que foram constatados problemas na visualização em versões do Internet Explorer 7 que serão corrigidos em breve.
Erros infantis
Na Semana da Criança, alguns erros infantis continuam irritando leitores. José Moreira, não conseguiu conter a ironia após ler na editoria Gol, dia 12 de outubro, na matéria ‘Vai dar tempo?’, a palavra fachada escrita com x (faxada). ‘Ora, mas desse jeito nunca vai ficar pronta’, alertou. Crítica semelhante partiu de Ireleno Benevides após ler declaração do ator Wagner Moura, do filme Tropa de Elite 2, da mesma edição, no Vida & Arte. ‘Duvido que ele tenha falado assim. Se ler a matéria, vai ligar para reclamar’, explicou. A declaração atribuída ao ator foi: ‘Pirataria não tem haver (sic) com democratização do audiovisual’. O correto é ‘não tem a ver’.
Pior veio no dia seguinte. Na Vertical foi publicado que seria comemorado o Dia da Expirometria (sic). Errado novamente. O correto é espirometria, com ‘s’, de espirar, e não com ‘x’, de expirar (terminar). Para fechar a semana, na matéria sobre balanço do feriadão, a editoria Fortaleza errou nas contas e nas estradas. No título publicou ‘91 acidentes e seis mortes nas rodovias do Ceará’. Só que o texto era claro. Foram 50 acidentes nas rodovias estaduais e 43 nas federais. Ou seja, 93. E ainda disse que houve dois óbitos na CE-020, um em Maracanaú e outro em Boa Viagem. Primeiro não existe CE-020 e sim BR-020. Segundo, a rodovia não passa em Maracanaú. Nem perto. Vertical e Fortaleza foram únicos a corrigir erros.
Agilidade
O resgate dos 33 mineiros chilenos presos em uma mina de cobre mobilizou a atenção da mídia internacional. Foram momentos de tensão, emoção e demonstração de solidariedade. Tudo acompanhado ao vivo. Sem dúvida uma das maiores coberturas jornalísticas desde o ataque ao World Trade Center e a Guerra do Iraque. Mais de 2 mil jornalistas acompanharam a saída dos personagens e a história de cada um deles, enredos que ainda serão bem explorados nos próximos meses.
O POVO mostrou agilidade ao registrar, com texto e foto, a saída do primeiro mineiro em 2º clichê (segunda impressão de uma edição de jornal). Um fato pouco comum nas edições do meio da semana, mas já tradicional aos domingos. Além do factual, a edição foi enriquecida com um belo trabalho na editoria Mundo, da infografista Luciana Pimenta, detalhando todo o processo de resgate. Falta ao jornal agora ampliar a discussão, saindo do que a TV e sites estão informando e investir em artigos de especialistas (médicos, psicólogos, engenheiros, políticos, etc) para dar ao leitor maiores opções de leitura. Esquecido pela mídia: Retirada ilegal de areia do leito do rio Curu.’