“‘A cara de um jornal é sua capa’ – Paulo Machado, jornalista’
O organizador era o mesmo, os motivos também – buraqueira – e a forma do protesto – rali – idem. Mas a capa do jornal viu pesos diferentes. No primeiro, quando o governador Cid Gomes encabeçou comboio na BR- 222 contra falta de investimento federal para o conserto das estradas, publicou chamada, com foto, na edição do dia 16 de maio. Já na última segunda-feira, o rali realizado em Fortaleza nem chamada teve. A cobertura ficou restrita à página interna da editoria de Política. O leitor Paulo Rocha estranhou a diferença. Pelo twitter afirmou que o jornal ‘blindou’ a prefeita.
No comentário interno avaliei que, por ter sido notícia durante toda a semana, o rali merecia ao menos uma chamada. A Chefia de Redação concorda que houve diferença no enfoque por um motivo simples: os motivos tiveram pesos políticos diferentes. ‘O rali da BR envolveu o próprio governador, apareceu em meio a um tiroteio verbal que teve, inclusive, desdobramentos judiciais entre um ministro e Cid Gomes, além de ter reunido centenas de pessoas. Já o de Fortaleza, não teve esse mesmo peso’, afirmou. Pode ser até uma visão simplista, mas para quem dirige diariamente pelas ruas da capital cearense, o buraco daqui é o mesmo de lá.
Popozudas à mostra
O Portal O POVO Online colocou no ar na quinta-feira um hotsite interessante com matéria especial mostrando um retrato do mundo das acompanhantes de luxo de Fortaleza. O tema é delicado e por vezes tratado com certo preconceito e antigos clichês. Não foi esse o caso. O texto foi leve e as imagens não escorregaram para a apelação. Soube dosar o drama de quem escolhe essa opção – embora existam outras menos traumáticas – através das histórias de três universitárias.
A mesma sutileza não tem acontecido no caderno Populares na seção dedicada a essas mesmas acompanhantes. Fotos de mulheres em poses sensuais e corpos seminus emolduram anúncios de fogosas modelos e de casas de massagem. Até semana passada uma delas oferecia dinheiro a taxistas que levassem clientes para ‘momentos de relax’. A leitora Mônica registrou qualificou de inconveniente ‘abrir o jornal e ver mulheres quase sem roupa’.
Acordo atropelado
Segundo a gerente dos Populares, Vera Lúcia Farias, os anúncios das acompanhantes são recebidos com restrições a algumas palavras e termos, conforme autorregulamentação estabelecida há mais de dez anos. Com relação às fotos, o diretor-geral de jornalismo, Arlen Medina, apesar de não ser atribuição da área dele, afirmou que conversou com os responsáveis e eles prometeram ‘ficar mais atentos ao que for publicado’.
O acordo, assinado na época pelo então presidente Demócrito Dummar, pela ombudsman Debora Cronemberger, pela ombudsman-emérita Adísia Sá, pelo próprio Arlen Medina e por Vera Lúcia, veta uso de palavras como universitário (a), sexo, estilo manequim, entre outros. Anúncios com fotos de seios desnudos também são proibidos. ‘As pessoas só poderão aparecer nas fotos da cintura para cima’ diz o artigo seis do acordo. Com uma rápida olhada é fácil verificar que nem tudo está sendo obedecido.
Espaços disputados
Primeiro foi a prefeita Luizianne Lins, depois o governador Cid Gomes. Agora quem ganha espaço fixo (quinzenal) nas páginas de Opinião do O POVO é o senador Inácio Arruda. Na última segunda-feira ele estreou artigo debatendo sobre ‘Planejamento e gestão das cidades’. Segundo a editora de Opinião, Manoella Monteiro, o ex-senador Tasso Jereissati também foi convidado a colocar suas ideias de forma rotineira. Porém, o convite foi recusado, de acordo com ela, por motivos pessoais.
Apresentar uma variedade de pensamentos é uma das qualidades deste espaço, um dos mais lidos do jornal. Paixões políticas e polêmicas à parte, a presença fixa da prefeita e do governador criaram um bom ponto de leitura para a página. O receio é que o ‘colaborador comum’ seja esquecido ou relegado à seção de cartas que já sofre concorrência dos comentários do O POVO Online. Manoella garante que não houve prejuízo graças ao aumento do número de páginas. ‘Na semana, há três vagas de 1,8 mil caracteres com espaço e seis de 2,8 mil caracteres com espaço.
Esquecido pela mídia: Assassinato do advogado Antônio Jorge Barros de Lima, executado em maio de 2010.
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