‘Aos jornais, resta o talvez fundamental: a explicação do fato, a sua interpretação, a sua análise, os seus efeitos’ Ali Kamel, jornalista
O resgate de dez presos no sábado, em Itaitinga, somada à fuga de outros tantos no Interior deixa claro que há uma crise no sistema carcerário do Ceará. Os sintomas já vinham sendo registrados ano passado e apenas se agravaram no início deste. O POVO investiu bem na cobertura do resgate, com um segundo clichê (segunda edição) ‘gordo’ para a edição de domingo. Um dos destaques ficou para levantamento publicado na quarta-feira, 9, na editoria Fortaleza, com detalhes das dez unidades prisionais. Houve certa confusão na contagem dos presos – o texto fala em 7.402 quando são 7.663, incluindo os do regime semi-aberto. Apesar disso, o jornal foi o único a ampliar a pauta.
A imprensa, porém, perde a chance de ir mais além. O próprio quadro mostra que até o ano 2000 tínhamos apenas três unidades. Prova do menosprezo dos governadores anteriores. Há algo na Segurança Pública que a imprensa não conseguiu resposta. Por que nada foi feito se havia informações de possível fuga? O Governo está apurando denúncias de corrupção? Quanto o Estado destinou de verbas para o setor nos últimos anos? Como meio impresso é hora do jornal abrir espaço para análises e comparações, fugindo do jogo de empurra-empurra que tem acontecido.
Relações perigosas
É normal que profissionais de veículos de comunicação de massa recebam convites para viagens, lançamentos de produtos, congressos, shows, pacotes turísticos. A meta das assessorias das empresas é reunir os principais veículos, economizar custo com publicidade e ter ‘quase’ a certeza da divulgação. O POVO prevê estes casos em seu Guia de Redação e Estilo. A ordem é que, no final do texto, se informe a origem do convite. O procedimento vale para empresas e pessoas físicas.
O POVO adotou essas regras na edição do último dia 2, na editoria Política, quando enviou repórter para posse dos novos senadores, em Brasília. Tudo dentro do figurino. As matérias, em nenhum momento, favoreceram A ou B. O problema a meu ver está na origem do convite – que incluía todas as despesas pagas: o senador Eunício Oliveira, um dos empossados. Vejo essa relação de favores políticos – e incluo clubes de futebol na sacola – perigosa tanto para o jornal como para o jornalista.
Desgaste desnecessário
Para a Chefia de Redação o fato é encarado de forma natural. ‘Qualquer leitor poderá comprovar, pelas matérias publicadas, que são coberturas isentas. E mais: Trata essa questão com toda transparência, informando quando há o convite’ esclareceu. Por mais clara que fique a imparcialidade, a imagem que passa para o leitor não é lá muito boa. Abre espaço para outras questões: Afinal o dinheiro gasto com o jornal sairá de onde? Quem pagará a conta? E para dúvidas: O POVO fez a cobertura daquele dia no Congresso graças ao senador. Como poderá fazer críticas agora? Um desgaste desnecessário.
Encontro de ouvidores
A Associação Brasileira de Ouvidores Secção Ceará (ABO-CE) realiza no próximo dia 25, das 9 horas às 11horas, no auditório do Hospital Regional Unimed Fortaleza, a reunião de abertura das atividades em 2011. De acordo com a presidente da entidade, Dayse Fuques, os encontros serão mensais e itinerantes. O hospital está localizado na Avenida Visconde do Rio Branco, 4000, bairro de Fátima. Mais informações pelo telefone (085)9925 8695.
Esquecido pela mídia: Caso da universitária Francisca Nádia Nascimento Brito morta por um policial em abril de 2009, na Avenida Dedé Brasil.
FOMOS BEM
BURACOS.
Apesar de minimizar bordão (‘A culpa é da Cagece’), O POVO foi único a ampliar cobertura para além da troca de acusações e promessas
FOMOS MAL
SEGURANÇA.
Dois ‘furos’ na área policial: Mortes em Van e anúncio da transferência de Alemão, líder da quadrilha que furtou Banco Central.’