Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

‘A notícia da prisão de servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-CE), incluindo o superintendente Guedes Neto, por um suposto desvio de verbas, causou indignação entre os leitores. Um sentimento parecido com o que aconteceu há pouco mais de uma semana, quando o adolescente Bruce Cristian foi assassinado por um policial do Ronda do Quarteirão. A mistura violência e corrupção respingou na imprensa. A explicação é fácil. Guedes Neto é presidente de um dos principais clubes da elite local, o Náutico – que não tem nada a ver com a história – e figurinha fácil na mídia. Oitenta e oito comentários foram postados no O POVO Online até sexta-feira à noite. Boa parte pedindo que os nomes dos envolvidos fossem revelados. ‘Além da omissão (dos nomes), observo seus principais colunistas preocupados na promoção de determinadas figurinhas da sociedade’ desabafou o leitor Sérgio Moura após ler a primeira notícia no site do jornal e compará-la com outro, nacional, onde apareciam os nomes. Já Leonardo Medeiros não escondeu desconfiança na demora da postagem de seu comentário: ‘Por que quando ocorre a citação de alguém ‘especial’ pra vocês há uma reflexão?’. A mensagem entrou no ar pouco depois. A ansiedade dos leitores é compreensível. Mas tudo tem suas etapas. O POVO não se esquivou de dar alguns nomes na edição impressa de sexta-feira ainda que a Polícia Federal tenha, oficialmente, resguardado detalhes. O jornal ainda avançou na cobertura com uma matéria investigativa mostrando funcionamento do esquema, obras e até provas que a PF tem em mãos. Não saiu acusando a esmo como os leitores pediam. Nem podia. Mas deve sim acompanhar o desenrolar do caso com o olhar mais atento.

ESQUECERAM O LADO BOM

Um curioso paralelo pode ser feito neste momento. Durante três dias, o jornal publicou a série ‘Bons exemplos na saúde pública’ mostrando projetos que têm feito a diferença no atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde. É o que se chama de agenda positiva e que a psicóloga Cristiana de Aguiar, do Hospital Universitário Walter Cantídio, defendeu dia 27 de julho, em matéria sobre a violência. ‘É preciso que se noticiem também as coisas boas porque as coisas que constroem são mais silenciosas’ afirmou. Tão silenciosas que nenhum comentário sobre a série – crítica ou elogio – foi feito pelos leitores. Bem diferente do que aconteceu com as denúncias de corrupção, a série teve apenas quatro citações no O POVO Online. Será que o leitor não gosta de notícias boas?

RESPEITO ÀS REGRAS

Reclamações sobre assinatura, entrega de jornal e até dos Populares são constantes no atendimento do ombudsman. Todas são encaminhadas aos setores competentes e acompanhadas. Um item, no entanto, merece atenção: as promoções. Criadas para incrementar as vendas, acabam tendo efeito contrário, afetando a imagem do jornal. Uma dessas promoções envolveu a III Corrida O POVO 10 Milhas Noturnas, realizada dia 26 de junho. Ao se inscrever, o atleta tinha direito a uma assinatura trimestral de fim de semana. Tudo muito claro. Porém, não foi isso que aconteceu. O leitor Marcelo Evangelista tenta desde o mês passado saber o que aconteceu. ‘Ninguém me dá uma informação precisa’ lamentou. Em outra promoção, desta vez em parceria com a Editora Abril era prometida uma camisa personalizada da seleção brasileira para os jogos da Copa. O Mundial já acabou e até agora o leitor Luis Carlos Parente não recebeu nada. Nem satisfação. ‘Só se for para a Copa de 2014’ ironizou. O diretor de Mercado Leitor, Victor Chidid, admite que as promoções que envolvem parceiros têm o risco aumentado. ‘Procuramos parceiros idôneos, que é o caso da Editora Abril. Eles alegam que tiveram problemas com fornecedor e estão resolvendo’ afirmou. No outro caso, a falha é do próprio jornal. ‘Não fomos eficazes na implantação’, admitiu, prometendo, sem querer ser redundante, ‘correr’ em busca da solução. No momento, os nomes dos inscritos estão sendo colocados no sistema de assinatura.

MODERAÇÃO

Passados pouco mais de quinze dias do início da moderação dos comentários no O POVO Online a chiadeira com a demora na liberação – ou não – das mensagens é grande. Os leitores acabam recorrendo ao ombudsman. Ricardo Câmara sugere que o link ‘Comente essa notícia’, colocado após as matérias seja suspenso. ‘Talvez os comentaristas possam entender o problema’ afirmou. Já Magnólia Almeida disse que seu comentário sobre entrevista com Leonardo Boff, publicada segunda-feira, saiu três dias depois. Segundo a editora de convergência do Portal, Marília Cordeiro, a última moderação é feitas por volta da 23 horas. ‘Há problemas com os comentários em matérias mais antigas, que fogem da ordem cronológica’ reconhece. Um fato, porém, é visível. O nível das discussões melhorou sensivelmente.

PENSAMENTO BRASIL COLÔNIA

Em breve os leitores do O POVO terão que ler o jornal com um dicionário inglês/português e francês/português. Como se não bastassem os colunistas sociais, agora o recurso entrou no noticiário. Na quarta-feira, na Página 2, ao informar lançamento de uma Whiskeria, o jornal publicou que ‘o coquetel de inauguração teve como promoter Francisco Campelo, colunista do O POVO e connoisseur do assunto’. Muita gente – e me incluo na contagem – terminou a leitura sem entender. O que é connoisseur? A Redação me ajudou: a tal palavra, de origem francesa, significa especialista ou perito. Custava colocar a tradução na matéria?’