Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

‘A notícia está na rua. Nada substitui o que se possa saber lá fora.’ Sebastião Jorge, jornalista maranhense

Por mais que o uso do telefone ou da Internet ganhem importância para o jornalismo, nada substitui o contato pessoal com as fontes, o bate-papo na rua ou a mera observação da cidade. Pode até soar um pouco saudosista, mas a verdade é que a notícia está nas ruas, não na Redação. É preciso que o jornalista saia para encontrá-la, se livre das amarras dos releases e e-mails. Um bom exemplo foi a série de matérias do O POVO denunciando irregularidades no Hospital Municipal Dr. Eduardo Dias, em Aracati, que começou com a manchete do dia 6: ‘Biópsias esperam por 6 anos em hospital’.

Com dados extraídos de depoimentos em uma Ação Civil Pública, inclusive com a utilização de fotos cedidas pelo Ministério Público, a matéria ganhou força – e credibilidade – quando uma equipe do jornal foi àquele município. O repórter constatou mais problemas, teve chance de uma apuração detalhada e o principal: sentiu de perto o drama vivido por médicos e pacientes. Se repetir a fórmula e enviar repórteres às unidades de saúde do Interior, o jornal não terá dificuldade em achar a resposta para a superlotação do Instituto Dr. José Frota, em Fortaleza, um tema que foi manchete diversas ocasiões em 2010.

Votantes anônimos

A Assembleia Legislativa finalmente apreciou e aprovou o polêmico pacote que diminui a taxa de ICMS para importação de algumas bebidas alcoólicas. Foi uma discussão longa e que reuniu desconhecimento, demagogia e jogo de cena. O POVO até que vinha acompanhando bem o assunto, mas na quinta-feira, ao noticiar a decisão, se restringiu ao placar da votação – 28 a 3 – e em mais discussões. O mínimo que se esperava era saber quem votou contra, a favor ou nem estava em plenário, o que não aconteceu. O jornal vive cobrando o acompanhamento do trabalho dos parlamentares por parte dos eleitores, mas falha justamente na hora de disponibilizar estas ferramentas.

Código trocado

O leitor José Sinval Sá diz que ficou sem entender a matéria sobre aprovação de mudanças na legislação penal, publicada sexta-feira (10). ‘O jornal precisa definir se as alterações são no Código Penal ou no Código de Processo Penal. São bem diferentes’, alertou. E com razão. Enquanto a manchete, o abre e o quadro da página 23 citava mudanças no Código Penal, o texto abordava o de Processo Penal. Que confusão…

Púlpito não, mamãe

Cearense, pobre, sem estudo, que deixa o Interior, vira artista nacional e é eleito deputado federal com a maior votação no Brasil. Falo de Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (foto), um personagem com ingredientes suficientes para uma boa matéria jornalística. Em outubro, quando o humorista esteve no Ceará, sugeri uma entrevista com ele, sua família e seus conterrâneos de Itapipoca. Nada foi publicado. Bastou que as tevês levassem ao ar, domingo passado, reportagem nesta linha para que O POVO – e toda imprensa cearense – abrisse espaço à figura mais polêmica das eleições. Ainda assim de forma restrita, reproduzindo material da agência Folha.

Pior é que, ao tentar uma ‘gozação’ com o novo deputado, a imprensa acabou mostrando mais preconceito que conhecimento. Questionado se já havia se imaginado fazendo um discurso no púlpito da Câmara, Tiririca respondeu: ‘Na verdade não sei nem o que é um púlpito’. A declaração ganhou destaque e o leitor José Valdesley Alves criticou. ‘O redator da matéria também não sabe: púlpito, segundo ensina o Aurélio (o dicionário), é específico de templos religiosos. A Câmara tem tribuna’, explicou. Ao pé da letra, na verdade o leitor está certo.

Esquecido pela mídia: Assassinato do padre Josenir, ocorrido em outubro.

FOMOS BEM

SÉRIE Debates Especiais, Grandes Nomes.

FOMOS MAL

INFLAÇÃO recorde em Fortaleza’