Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

‘‘‘O que fazer diante de contradições? Apurar, apurar, apurar. Até que todas ou quase todas tenham sido eliminadas’’ – Ricardo Noblat, jornalista.

O Brasil é o país com a mais alta carga tributária do mundo. Nada anormal que, diante da notícia de mais uma cobrança, o leitor fique indignado. Foi exatamente isso que aconteceu após a manchete de capa de terça-feira (21) – ‘Governo do Ceará quer taxa sobre poluição de veículos’. Cerca de quarenta comentários foram deixados no O Povo Online. Desabafos como o de Paulo Peixoto: ‘Mais imposto! Tem que gerar mais empregos, não tirar de quem não tem’. Ou de Sandra Campos: ‘O que está faltando é competência dos órgãos públicos para fiscalizar’. É compreensível. Tudo o que envolve dinheiro precisa ser bem explicado. Conclui-se que todos os cuidados na informação tenham sido tomados, certo? Errado. O que se viu foi muita confusão. Da fonte entrevistada, da edição e da apuração.

Vamos aos fatos. A matéria originou-se de entrevista com Lúcia Teixeira, superintendente da Superintendência Estadual do Meio Ambiente de Ceará (Semace) e foi manchete em Economia: ‘Semace quer criar taxa para veículos no Ceará’. O texto começa em tom afirmativo: ‘Uma nova taxa vai ser aplicada aos proprietários de veículos no Ceará’. Em seguida informa que um indicativo de Projeto de Lei que cria a taxa está em tramitação. No final, dá versão do líder do Governo na Assembleia Legislativa (AL), Nelson Martins (PT), de que o indicativo foi negado e o governador nunca criou a taxa.

E a credibilidade?

Há algumas considerações. A tal taxa existe há 15 anos, não precisa ser criada. Outra. A Semace não pode criar taxas. Não tem competência para tal. E o Indicativo foi negado em 2009. Resumindo: o jornal embarcou na desinformação da fonte, até então segura, e deu duas manchetes equivocadas. A notícia provocou reação na AL. A superintendente mudou discurso e em nota alegou que o órgão só trabalha na ‘atualização do Plano de Controle de Inspeção Veicular’.

Ao repórter Andreh Jonathas, autor da matéria, ela assegurara que até junho seria definida cobrança. Fala até em valores – cerca de R$ 64. Sugeri que disponibilizasse gravação da entrevista no Portal, o que não foi feito por falta de condições técnicas. Na quinta-feira, O POVO voltou a procurar Lúcia Teixeira. Pela assessoria ela disse agora que ‘não tem opinião formada sobre implantação de taxas’ e que tomou conhecimento do Indicativo – elaborado em 2007 – há poucos dias. Quem perdeu mais a credibilidade?

Pela metade

‘‘Desta vez saiu com destaque, mas ainda foi pouco o que o jornal mostrou’. A reclamação é do leitor Percival Palmeira, o mesmo que criticou a pouca repercussão dada ao aumento dos parlamentares federais, na semana passada. O alvo agora é a manchete de quinta-feira (23) – ‘Deputados cearenses terão salário de R$ 20 mil’. Ele lamenta que a matéria não descreva os outros ganhos como verbas de assessorias, telefone, etc. Ele tem razão. A cobertura melhorou com a publicação da opinião de internautas e cidadãos, mas ainda está simplória. A começar do sempre esquecido placar de votação dos parlamentares.

ETS fura olho?

Animais mortos de forma misteriosa, com os olhos arrancados. Luzes, objetos voadores e medo. O POVO retratou no domingo (20), em Ceará, a tensão vivida por moradores de Desterro, em Sobral. Porém, no lugar de respostas, contribuiu para mais mistério. Além dos moradores, o jornal ouviu somente o presidente do Centro Sobralense de Pesquisa Ufológica. Esqueceu de verificar, por exemplo, se havia investigação da Polícia ou se veterinários analisaram animais. Fenômenos ou simples armações podem virar lendas – vide ET de Varginha. À mídia cabe buscar respostas científicas, sempre com equilíbrio e, principalmente, seriedade.

Esquecido pela mídia: Quantos crimes a nova delegacia de homicídios já elucidou desde sua inauguração, em setembro?

Fomos bem

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CRIME DE CHILENO’