Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Verlaine

‘A política de Fortaleza assistiu, nos últimos dias, a uma singular polêmica: a ‘Guerra dos Fármacos’: Lexotan x Gardenal. O psiquiatra Cleto Pontes abordou muito bem a questão no artigo ‘Falta de decoro parlamentar’, publicado na edição do dia 18 último.

Diz o dr. Cleto Pontes: ‘Envergonharia-me, se político fosse, estar em plenário na terça-feira passada (13/5). Deputados bem pagos, graças aos nossos suados impostos, ao invés de defender o interesse da coletividade, deram uma aula de deselegância, falta de educação e de despreparo para o exercício do cargo. Um do PSDB, não médico, prescreveu publicamente Gardenal para a nossa prefeita (Luizianne Lins)’.

Prossegue, mais adiante, o psiquiatra e colaborador do O POVO: ‘O outro tucano, bicho do bico grande, deu publicamente o diagnóstico para a senhora Luizianne Lins. Síndrome Paranóide. Como é médico, obstetra, deveria ter sido cauteloso no diagnóstico e saber que na Comissão de Ética do Conselho Regional de Medicina, ao qual certamente é filiado, reza, no estatuto, o sigilo do diagnóstico. O médico só pode revelar ao paciente e jamais a uma outra pessoa, a não ser em casos interpelados judicialmente’.

Do ombudsman: é certo que foi a prefeita Luizianne Lins que iniciou a polêmica, ao recomendar, num momento de desabafo, Lexotan (um tranqüilizante) para seus adversários, bem como práticas alternativas, como o tai-chi-chuan. Como muita gente, também recomenda chás de cidreira e capim santo para os mais nervosos. Nada de alarmante. Agora, houve motivos para os oponentes reagirem da maneira tão desvairada?

Outra pergunta que se faz: será que a imprensa, principalmente O POVO, não vem alimentando essa questão mesquinha em manchetes de páginas, charges e outras matérias (com ‘entenda o caso’, inclusive)? O grande propósito da cobertura do O POVO, lançada com pompa e circunstância, não é o debate dos problemas da cidade e de sua população? Por que tanto destaque a declarações que poderiam aparecer muito bem em notas de colunas? Houve uma amplificação de um assunto irrelevante em detrimentos de temas muito mais importantes para a cidade. O que a população ganha com debate tão bizarro?

UM DIA COMO HOJE?

Leitora Olga Nunes escreve-me: ‘Por favor, consiga que o jornal volte a publicar como antes, assim: O POVO – Há 75 anos, etc., etc., e a seguir as datas na ‘coluna’ (será esse o nome?), publicada, diariamente, na segunda página do caderno Vida & Arte, intitulada, inapropriadamente, ‘Um dia como hoje’, sem data nenhuma com relação ao dia, apenas ao ano. A minha solicitação é pelo fato de quando se trata de assunto do meu interesse, eu recorto e tenho que escrever ao lado a data do jornal.

Pela falta da data, aconteceu que as mesmas notícias foram publicadas, repetidas, em ‘Um dia como hoje’, nas edições dos dias 10 e 11 de maio em curso.

Antes, não tinha prestado atenção de que não tinha data e, como resultado, tenho uma porção de recortes que eu não sei em que dia aconteceram os fatos ali noticiados’.

Do ombudsman: Não disponho de poderes para conseguir tais mudanças, mas a leitora tem razão, em parte. Deve-se, no entanto, esclarecer que ‘Um Dia como Hoje’ é o da data da edição do dia. Neste domingo, por exemplo, é o dia 25 de maio de 2008. ‘Há 80 anos’ traz os fatos noticiados no dia 25 de maio de 1928 e assim por diante. Mas, ocorre, como a Sra. Olga Nunes diz em sua mensagem, que vez por outra o jornal se engana e troca o ano, gerando uma confusão tremenda. Há também as pessoas que guardam os recortes, mas esquecem de anotar a data da edição.

A seção ‘Um dia como hoje’ é muito lida por antigas e novas gerações. É um documento valioso de pesquisa histórica e de comportamento. Também concordo com Olga Nunes. O nome não diz muita coisa. Chega a ser evasivo. Por que não se volta ao sistema antigo, muito mais prático: ‘O POVO há 80 anos’, ‘O POVO há 50 anos’, ‘O POVO há 40 anos’. Ressalte-se que muitos leitores, pessoas situadas na faixa etária de 40, 50 anos ainda estão a reclamar da falta de ‘O POVO há 30 anos’, parte da seção sacrificada por um anúncio de rodapé. Fica a reclamação. Aliás, já toquei várias vezes neste assunto em comentários internos. Em vão.

SOLUÇÃO FINAL

‘Fala Cidadão’ (Opinião, página 5, 17/5). Nem sempre os leitores estão com a razão. Vou citar um exemplo. ‘Natureza pródiga’, bizarra carta do leitor José Hildeberto J. de Aquino, diz que as catástrofes (terremotos, maremotos, ciclones, tornados) são uma resposta da natureza à falta de planejamento familiar por parte dos humanos.

Vejam que absurdo: ‘A natureza encarrega-se, por bem ou por mal, o equilíbrio populacional, e da forma que melhor lhe aprovem, é só observar: foram 250 mil mortos em países do Oceano Índico. São 100 mil em Mianmar, mais de 50 mil na China, e aos poucos se dá a equalização, via catástrofes coletivas, vez que o homem é incapaz de promover de forma natural. Ou se faz um planejamento familiar ou a natureza sábia, encarrega-se de acarretar esse processo e, de forma mais trágica’.

Não é questão de censura, mas despautérios desse tipo não deveriam ter guarida no espaço destinado às cartas dos leitores.

‘A TERRA VAI TREMER’

Leitor reclama do banner (anúncio) de publicidade da casa de show Hey Ho: ‘A Terra vai tremer’ divulgado no Portal do O POVO. Por coincidência ou não, aconteceu na quarta-feira última, quando Sobral, municípios vizinhos, e até Fortaleza sentiram os abalos de tremores de terra. ‘Ainda é cômico, porque não tão trágico’, diz o leitor. E se houvesse mortes a lamentar?’

Até domingo.