‘Na semana passada, no artigo ‘Para quem escrevem os colunistas sociais’ (http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/ombudsman/674982.html), analisei este gênero jornalístico, especialmente no Ceará e nas páginas do O Povo. Aconteceu algo inédito nos mais de dois anos em que estou nesta função: recebi 36 manifestações a respeito de um único assunto, apenas uma defendendo o modo como se faz colunismo social no Ceará.
Concluí o texto anterior com um repto: ‘Cabe ao O Povo, como jornal inovador – característica incorporada ao seu histórico –, tomar a frente e promover urgente renovação no colunismo social cearense’, que se torna mais intenso e relevante agora, em vista das respostas dos leitores. Vou resumir algumas das manifestações, não por vanglória, nunca publiquei nenhum dos elogios ocasionalmente dirigidos a esta modesta coluna. Se o faço hoje é para dar uma idéia de como os leitores esperavam com ansiedade um gesto do jornal a respeito do tema. (Os textos entre aspas são citações literais dos leitores.)
Crítica
1) Três leitores resumiram seu sentimento: ‘Falou tudo’; ‘acertou na mosca’; ‘pegou bem no meio da ferida’.
2) ‘Abordou de maneira inteligente um tema temido pela maioria das pessoas. (Os colunistas sociais) escrevem com uma visão própria e exclusivista, enaltecendo ou desprezando as pessoas, de acordo com suas relações.’
3) ‘É lamentável passar os olhos por essas colunas. O que se observa é um ‘jornalismo’ para usufruto (dos colunistas). Como assinalado, são profissionais da imprensa ‘sem nenhum dos controles do ofício aos quais estão submetidos os demais jornalistas’, o que é injusto.’
4) Depois de marcar 37 citações em língua estrangeira, a grande maioria em inglês, em uma única coluna de Sonia Pinheiro (14/1), leitor escreve: ‘Sou bacharel em letras, conheço o português, latim, grego, inglês, francês e rudimentos do alemão e italiano. Nem por isso ando arrotando em inglês…’
5) ‘Quero parabenizá-lo pela coluna, que abordou de forma clara, direta (e corajosa!) um tema extremamente pertinente. Opinião, certamente, compartilhada por boa parte dos leitores do jornal – excluindo-se, claro, aquela meia dúzia de pessoas capazes de qualquer coisa para aparecer nas tais colunas.’
6) ‘Primorosa a sua coluna. Você conseguiu descrever muitos sentimentos pessoais acerca do ‘noticiário’ socialesco do Estado do Ceará. Não vou negar: há muito tempo não ficava tão feliz com uma coluna do O Povo. A coragem e a força que o senhor teve em criticar sua própria publicação demonstram que a diretoria deste jornal fez uma escolha acertada quando lhe concedeu esta função.’
7) ‘Veja o outro lado, as colunas sociais são também humorísticas, mantendo assim a tradição cearense de fazer um bom humor. O problema, se existe, é o leitor, não o colunista-humorista.’
8) Depois de lamentar que Lúcio Brasileiro tenha se referido a uma jovem noiva como ‘fruto do casamento desfeito’, citando o nome dela e dos pais em sua coluna, uma leitora escreve: ‘Ele (Lúcio Brasileiro) é profundamente inconveniente, até mesmo ofensivo, sob as vestes das ‘boas maneiras sociais’.’
9) ‘Ao ler sua coluna senti um misto de alegria e tristeza. Alegria por saber que vocês do O Povo têm a perfeita noção da futilidade colocada diariamente em suas colunas sociais. (…) A tristeza fica por conta de saber que nada é feito em prol de um jornalismo ético e correto (nas colunas sociais). Parabéns pelo seu texto e pelo brilhantismo do O Povo ao expor seus próprios problemas. O verdadeiro sentido do ombudsman está sendo fielmente cumprido.’
10) ‘No jornalismo de ‘antigamente’ existia um termo que definia tais manifestações: ‘jornalismo de cavação’.’
11) ‘É justamente entre a minoria que o confuso colunista (Lúcio Brasileiro) recolhe material para seu programa na ‘Janga’ (TV Jangadeiro), sua coluna no O Povo e seus outros empreendimentos comerciais.’
12) ‘É muita baboseira publicada. Lúcio Brasileiro, além da atemporalidade e da escrita arrevesada, posa de ‘herói civilizador’. É teúdo e manteúdo dos poderosos de sempre (…)’
Defesa
O leitor que escreveu para defender as colunas sociais, da forma como se apresentam hoje, me faz um questionamento (grafando meu sobrenome de forma errada), mas, penso, sua própria carta revela a resposta à pergunta.
Ele começa por fazer um resumo de como se estabeleceram no Ceará os primeiros empresários, os ‘intelectuais’ e as famílias ‘nobres’, citando vários nomes. E continua: ‘Vejo que o senhor não gosta muito de colunas sociais, em especial, Lúcio Brasileiro. Não pretendo mudar sua opinião. Só posso dizer da minha admiração quando escuto (Lúcio Brasileiro) falar (em seu programa de TV) sobre os bastidores de fatos sociais e culturais relevantes, desde a década de 50, dos eventos que realizou, apaziguando ânimos políticos e promovendo encontros empresariais. (…) Os grupos sociais sempre tiveram um papel importante na manutenção da cultura, costumes e tradições de um povo. Fico triste quando, passeando na praia de Iracema de hoje, vejo patrícios do sul ou estrangeiros tentando impor seus costumes e culturas ‘modernas’. Tive sorte muito grande de, nos meus 35 anos de idade, conviver com (cita várias pessoas conhecidas na cidade). É para essas pessoas, Sr. Plínio, incluindo a mim, que o Lúcio escreve. Uma pergunta, Sr. Plínio Bortolloti (Bortolloti??), quem é o senhor???’
Colunistas
Quanto aos colunistas sociais, nenhum se manifestou. Suponho que alguns deles possam ter murmurado: ‘Sorry, periferia’.’