Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Presidente do Clube dos 13 se diz cansado da política


O Estado de S. Paulo, 10/3


Paulo Galdieri


‘Do jeito que entraram, eles podem sair’, diz Fábio Koff


Ao se eleger para o sexto mandato como presidente do Clube dos 13, em abril do ano passado, Fábio Koff parecia ter conseguido se fortalecer como um dos dirigentes mais importantes do futebol brasileiro, já que havia derrotado um candidato apoiado pela Confederação Brasileira de Futebol. Mas, agora, a situação é bem diferente. Koff se diz cansado da política. Ainda assim, ele ressalta, nesta entrevista ao Estado, que o Clube dos 13 é mais do que um negociador de direitos de TV e não vai impedir nenhum clube de sair.


Como o senhor encara essa situação no Clube dos 13?


Eu estou cumprindo o que foi acertado no Cade. Agora, o que vai decorrer disso eu não sei. Assinamos um acordo. E a Globo também assinou. Não fui eu que inventei isso. Se os clubes entenderem que não precisam cumprir o compromisso assinado com o Cade, façam como quiserem. Eu tenho de cumprir.


O movimento acaba com o C13, já que a razão de existir hoje é basicamente negociar direitos de transmissão?


O Clube dos 13 é muito mais que isso. Tudo o que o futebol brasileiro conseguiu nos últimos vinte anos teve a participação do Clube dos 13, que nunca foi elitista. Tanto que somos 20 e pagamos direitos a 26 clubes. O Clube dos 13 tem assento em qualquer discussão do futebol brasileiro, seja no âmbito nacional ou internacional. É evidente que os clubes que formaram a associação determinam os rumos. E do mesmo jeito que entraram eles também podem sair. Não sou eu que vou dizer para ficarem.


E como o senhor avalia a possível criação de uma liga?


Essa é uma coisa que até agora não conseguimos. Na hora de fincar pé e fazer prevalecer os direitos sempre houve recuo. Mas se tudo isso resultar numa liga independente, que não tenha ligação nenhuma com o poder central, ótimo.


Essa independência é possível? Parece clara a ligação de alguns dissidentes com a CBF.


Mas que independência eles têm para negociar? Não têm. Eles vão ter de negociar nas regras do Cade. E essas regras foram assinadas pelo Clube dos 13 em outubro e as coisas foram desencadeadas só agora, quando a Globo saiu do processo de concorrência.


É um movimento político?


Não sei se é político ou econômico. Se é político eu não farei política nenhuma. Estou louco para sair daqui.


Mas o senhor foi reeleito numa disputa e com um candidato de oposição apoiado pela CBF. Pode ser uma retaliação?


É muito difícil ganhar uma eleição como eu ganhei. Eles usaram todas as armas, inclusive compra de voto. Mas agora eu não estou disputando coisa nenhuma. Se os clubes dizem que o acordo assinado não vale e o Cade concordar, não sou eu que vou dizer que não. Se esse órgão pode ser desrespeitado, tudo bem. Eles estão endereçando as manifestações equivocadamente para o Clube dos13. É para o Cade que têm de ser endereçadas. Devem dizer que ele não pode se meter e dizer que o acordo foi uma brincadeira e que farão tudo diferente do que o Cade quer.


Desde o início da dissidência algum dos dirigentes o procurou para conversar?


Eu não falei com eles até porque eles estão usando os meios de comunicação primeiro. E o Clube dos 13 permite que uma assembleia seja convocada por apenas quatro clubes. E por que eles não convocam?


O que acha de Santos e Botafogo serem dissidentes, já que foram da comissão de TV?


Sabe como terminou a comissão? Eu não participei, mas fui lá quando me chamaram e decidiram dar o ágio à Globo. Eles já tinham consultado as emissoras, eu apenas falei com uma funcionária da Globo. E sabe como terminou? Com palmas de todos. Está lá, gravado. E depois eles saíram. Nunca vi isso. Talvez eu não tenha aprendido nada


O racha enfraqueceu o poder de negociação dos clubes com as TVs?


Evidentemente que sim. Houve um prejuízo. Mas quem pode apurar tudo isso é o Cade. A esta altura não tenho nenhuma preocupação com o que eu fiz.


O que acha da posição da CBF e da Globo nessa disputa?


A CBF está como esteve na eleição. Ele (Ricardo Teixeira) diz que está fora.


Mas o senhor acha que ele esteve fora no processo eleitoral?


Se ele diz que esteve fora, eu vou dizer o quê (risos)? A Globo também disse que esteve fora no processo eleitoral. Vou fazer o quê? A CBF está neutra. Mas é uma parceria que eu não gostaria de ter.