Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 12 de outubro de 2006
ELEIÇÕES 2006
Razão & emoção
‘Foi generalizada a impressão de que Alckmin se saiu melhor no primeiro debate com Lula, na Bandeirantes. Nem por isso aumentou sua aceitação no eleitorado, pelo contrário, perdeu três pontos, com Lula abrindo uma diferença de 11 pontos.
Duas considerações sobre esse fato. Primeira: num debate, o que vale não é o apelo à razão, mas o tom de indignação com que se ataca ou se defende. Alckmin mostrou-se indignado, acuando Lula diversas vezes. E isso contou pontos para a sua performance no debate.
Segunda: por maior que seja a audiência dos debates na TV, o grosso do eleitorado não toma conhecimento deles. Mais da metade da população não lê jornais e revistas, votando por empatia pessoal com os candidatos. Isso explica desde o meio milhão de votos que o estilista Clodovil conquistou em São Paulo até a liderança de Lula nas pesquisas, sempre em primeiro lugar, apesar de todos os escândalos que marcaram os últimos meses de seu governo. O eleitor médio vota em Lula porque ele é pobre, faz o gênero gente como a gente. Depois de anos em que os dirigentes do país foram da classe rica e instruída, a opção preferencial é por um pobre que se orgulha de ter a mãe analfabeta.
A menos que ocorra um fato realmente novo, apesar dos debates que ainda virão, o eleitorado poderá mudar de opinião sobre Lula, mas não de dar seu voto àquele que o representa política e socialmente.
Fernando Gasparian foi uma das principais referências culturais do Brasil contemporâneo. Comovente a sua luta contra o regime militar. Tenho orgulho de ter sido um de seus admiradores incondicionais. A última vez que o vi, era o mesmo Gasparian dos tempos de luta por um Brasil mais justo e civilizado.’
Rafael Cariello
Debate liga Lula a corrupção e Alckmin a autoritarismo
‘O debate entre os candidatos à Presidência da República realizado no último domingo na TV Bandeirantes aguçou a percepção de defeitos, entre os que assistiram ao programa, que o eleitorado em geral vê em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo a pesquisa Datafolha realizada na terça-feira, uma fatia maior de eleitores considera Alckmin o candidato ‘mais autoritário’ (44%, contra 36% para Lula) e ‘que mais defenderá os ricos, se eleito’ (59%, contra 17% de Lula).
Quando considerados apenas os que assistiram ao debate, no entanto, aumenta a proporção dos que consideram o tucano o mais autoritário (50%, contra os mesmos 36% de Lula). Ainda neste grupo, também aumenta a fatia dos que consideram o candidato do PSDB ‘o que mais defenderá os ricos’ (62%, contra 16% para Lula).
Um efeito semelhante ocorre com Lula na percepção de corrupção. No total de entrevistados, 35% consideram o petista ‘o mais corrupto’, contra 20% que consideram Alckmin como tal. Entre os que viram o debate, 40% acham Lula ‘o mais corrupto’, e 22%, Alckmin.
Qualidades relacionadas aos dois candidatos também saem reforçadas. Lula, por exemplo, é visto como ‘o mais simpático’, no total dos entrevistados, por 47% dos eleitores -contra 40% que atribuem essa qualidade a Alckmin.
Entre aqueles que assistiram ao debate na TV, 50% consideram Lula o mais simpático, enquanto Alckmin permanece com os mesmos 40%.
No geral, o tucano consegue uma fatia maior de eleitores que o vê como ‘o mais inteligente’ -51%, contra 34% que atribuem essa característica a Lula- e ‘o mais moderno e inovador’ -45%, contra 39% para Lula. Já entre os que assistiram ao debate, aumenta a proporção dos que consideram Alckmin o mais inteligente -chegando a 54%, enquanto Lula oscila um ponto, para 35%.
O mesmo acontece com a percepção sobre o tucano ser ‘o mais moderno e inovador’, em que ele ganha três pontos em relação aos entrevistados em geral, e chega a uma fatia de 48% do eleitorado que assistiu ao debate -Lula é visto assim por 39% dos que acompanharam o programa de domingo.
Lula lidera na categoria candidato ‘que faz mais promessas que não pode cumprir’, entre os entrevistados em geral, com 37% -contra 32% que dão a Alckmin o título. Para os que viram os dois debatendo, há um empate técnico na capacidade de fazer promessas e não cumpri-las. O petista vence para 38%, e o tucano para 36%.
Segundo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, todos esses aspectos ‘foram abordados no decorrer do programa’ e fixam, para os que o assistiram, uma imagem dos candidatos. Ele ressalva, no entanto, que isso não significa necessariamente um fator de mudança de voto. ‘Os eleitores podem ter essa percepção e nem por isso mudarem o seu voto.’’
Otavio Frias Filho
Medo e esperança
‘O DEBATE ENTRE Lula e Alckmin, domingo passado na TV Bandeirantes, confirma o que sempre se soube sobre esse tipo de confrontos. Ou seja, são assistidos por parcela minoritária da população e invariavelmente resultam numa espécie de empate.
As regras impostas pela assessoria dos candidatos impedem uma discussão de verdade. Cada candidato usa seu tempo, sob o ridículo pretexto de fazer ‘perguntas’ ao adversário, para elogiar a si mesmo e atacar o oponente. O questionamento por parte de jornalistas, que deveria ser o cerne do espetáculo, fica resumido a figuração.
Tudo é organizado de modo a reduzir riscos para ambos os candidatos. Pesquisa Datafolha publicada ontem mostra que apenas cerca de um terço das pessoas diz ter visto algum trecho do debate. E que suas opiniões, quanto a quem venceu o confronto, ficam divididas em proporções quase iguais.
Ainda assim, a vantagem de Lula sobre Alckmin, que era de 7 pontos, subiu para 11. Por quê? Estamos no terreno das especulações.
Chama a atenção que o favoritismo de Lula se alimentou da queda nas preferências por Alckmin nos setores de renda média, nos mais escolarizados e na região Sul. Ou seja, em áreas ‘alckmistas’.
Não parece crível que o tom beligerante adotado pelo tucano seja responsável por essa enigmática queda. A atitude mais combativa sem dúvida fortaleceu a imagem de Alckmin em meio aos chamados formadores de opinião, militância tucana incluída. E não existe motivo para pensar que o efeito terá sido contrário nos eleitores de melhor escolaridade e renda.
A pesquisa da semana passada revelava que a ‘onda Alckmin’, no empuxo da qual o ex-governador chegara ao segundo turno, havia sido estancada. A pesquisa de ontem sugere que essa onda começa a ser revertida, tornando cada vez mais difícil, para Alckmin, chegar ao empate técnico. O que está acontecendo?
É muito plausível que o eleitor, essa abstração estatística, chocado com a irrupção de outro escândalo petista às vésperas do primeiro turno, tenha se concedido mais um mês para decidir. Como o governo teve êxito em congelar a investigação do caso, o assunto saiu dos holofotes.
Conforme se aproxima o Dia D, devem aumentar as falsidades e as promessas delirantes. Um dirá -já está dizendo- que o outro vai acabar com os programas de transferência de renda; o outro responderá que pretende multiplicá-los, garanti-los por lei e o que mais for necessário para não perder.
Alckmin enfrenta a poderosa máquina federal, a metade do eleitorado que tem medo de perder benefícios, a ambigüidade (para dizer o mínimo…) dos ‘aliados’ Serra e Aécio. Cada vez mais seu fio de esperança parece pender da investigação do ‘dossiêgate’, onde se localiza, também, o único medo do governo.
OTAVIO FRIAS FILHO é diretor de Redação da Folha’
Catia Seabra, Kennedy Alencar e Fabio Zanini
Horário eleitoral deve ser menos agressivo que debate
‘O tom de agressividade que dominou o primeiro debate entre os presidenciáveis Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva não deve se repetir hoje no recomeço do horário eleitoral no rádio e na TV.
Os tucanos apostam no abrandamento do tom de Alckmin, atribuindo à veemência adotada pelo ex-governador de São Paulo no debate parte da responsabilidade pela queda de 43% para 40% na última pesquisa Datafolha.
Já Lula, 11 pontos à frente do tucano, deve priorizar as propostas de governo, mas sem abandonar a linha de tentar ligar o adversário às privatizações da gestão FHC.
Os estrategistas da campanha de Lula resolveram adotar essa linha ‘propositiva’ na propaganda de TV após a pesquisa divulgada ontem ter registrado aumento da vantagem do petista. Essa inflexão estratégica também foi influenciada pelo dado do Datafolha que mostrou que, na opinião dos entrevistados que assistiram total ou parcialmente ao debate de domingo na TV Bandeirantes, teria havido empate. O resultado trouxe de volta o clima de ‘já ganhou’ à cúpula do governo.
O deputado eleito José Aníbal (PSDB-SP) diz que Alckmin fará uma ‘transição entre irritação e indignação’.
Para o consultor Antonio Lavareda, ‘é preciso administrar o tom do confronto com Lula para não haver reação por solidariedade’. Segundo ele, Alckmin terá que herdar não só os votos de Heloisa Helena e Cristovam Buarque, mas também conquistar o ‘eleitor soft’ (menos convicto) de Lula.
A exposição de obras paralisadas da gestão Lula será mantida. Segundo o coordenador-geral da campanha, Sérgio Guerra, podem ser exibidas cenas do debate em que o presidente lista suas realizações em contraposição a obras paradas.
Alckmin já gravou em obras paralisadas em Minas e na Bahia e deve fazer o mesmo em Pernambuco e na Paraíba.
Com a vantagem confortável no Datafolha, Lula deve deixar em segundo plano o debate ético. A Folha apurou que ele vai abrir a propaganda hoje dizendo querer discutir propostas.
Mas o Lula bonzinho só dura enquanto houver uma dianteira confortável. Se Alckmin encostar no petista e vier com ataques pesados -como mencionar as suspeitas de enriquecimento de Fábio, filho de Lula-, o revide virá no mesmo tom. O caso dos vestidos que Lu Alckmin, mulher do tucano, ganhou de um estilista encabeça a artilharia petista.
Por enquanto, as críticas a Alckmin na TV deverão ser feitas ligando-o ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula abordará a questão da segurança e da corrupção dizendo que o PT agiu para investigar e não abafar CPIs.
Segundo ministros que tiveram acesso a pesquisas qualitativas da campanha, Lula teria conseguido colar em Alckmin o carimbo de ‘privatista’. A propaganda de TV deverá continuar a bater nessa tecla.
Para tentar captar votos no segmento do eleitorado de maior escolaridade e renda, a propaganda exibirá depoimentos de intelectuais e artistas. O escritor Ariano Suassuna já gravou. O músico Chico Buarque resiste a forte pressão para dar depoimento.’
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Alckmin faz críticas aos institutos de pesquisa
‘O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, criticou ontem os institutos de pesquisa ao procurar minimizar a vantagem do petista Luiz Inácio Lula da Silva na corrida pelo Palácio do Planalto.
Segundo ele, os institutos ‘subestimaram’ sua votação no primeiro turno e ‘superestimaram’ a do presidente.
‘A campanha inteira era ‘não vai ter segundo turno’. Você pode escolher quem [qual instituto] errou menos’, disse, em entrevista à Rádio Bandeirantes. Ele comentava o resultado da última pesquisa Datafolha, publicada ontem.
Segundo o instituto, Lula está hoje 11 pontos à frente de Alckmin. Fora da emissora, o tucano questionou a metodologia utilizada pelo instituto:
‘O Datafolha é um instituto sério. Agora, pesquisa de [ponto de] fluxo, o César Maia, que é um craque em análise de pesquisa, coloca que aqueles que têm menos votos da PEA [população economicamente ativa] você não consegue pegar bem em pesquisa de fluxo. Em 2002, o Serra, na prática, teve mais votos na urna. Na de prefeito [em 2004], também. Eu, no primeiro turno, também. Mas é um instituto sério, correto. Não vejo problema’.
Metodologia
Para o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, o método, desenvolvido pelo próprio instituto, ‘é historicamente consagrado’ por seus resultados.
‘Com esse método, o Datafolha foi o instituto que mais se aproximou do número final de José Serra em 2004 [eleição para Prefeitura de São Paulo]. Em vez de abordar o eleitor nas casas [método domiciliar], nós preferimos abordá-lo nas ruas. Tem a vantagem de ser mais ágil sem perder rigor técnico e incluir todos os estratos’, diz.
A respeito da afirmação de Alckmin de que os institutos ‘subestimaram’ sua votação, Paulino diz que ‘a leitura do candidato é equivocada’. Para ele, a apreensão de dois petistas, no dia 15 de setembro em São Paulo, com dinheiro que seria utilizado para a compra de um dossiê contra os tucanos, mudou os rumos da eleição.
‘O Datafolha disse que, até o surgimento do dossiê, a eleição terminaria no primeiro turno. Com o surgimento do caso, o instituto mostrou que a soma das intenções de voto dos demais candidatos começou a se aproximar do índice de Lula. Esse movimento continuou até a votação final.’
Segundo ele, o instituto também detectou que as chances de haver segundo turno aumentaram ainda mais após a ausência do petista no debate da TV Globo e com a divulgação das fotos do dinheiro apreendido com os petistas, na antevéspera da eleição.’
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Candidatos têm maratona na TV na reta final
‘A partir de segunda-feira, a agenda dos dois presidenciáveis se intensifica com a série de debates e entrevistas a emissoras de TV e de rádio.
Embora os dois comitês hesitem em confirmar a participação dos candidatos nos eventos, Record e Globo já divulgam como certa a ida de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin em seus debates nos dias 23 e 27.
O petista abre a maratona televisiva na segunda, com entrevista ao ‘Roda Viva’, da TV Cultura. Exibida às 22h40, será gravada em Brasília, às 11h30 do mesmo dia.
No dia seguinte, os dois são convidados para o debate na TV Gazeta. Até ontem, Lula não tinha confirmado a sua participação. Caso ele não vá, Alckmin será entrevistado.
No dia 19, tem o debate do SBT. Um dia depois, o tucano é entrevistado pela CBN. Ainda nessa semana, acontecem as sabatinas da Folha -Lula, no dia 18, e Alckmin, no dia 19.
No dia 23, há dois eventos marcados no mesmo horário -entrevista de Alckmin ao ‘Roda Viva’, às 22h40, e o debate da Record, às 22h30. A entrevista do tucano pode ser no domingo. Os eventos acabam no dia 27, com o debate da Globo, às 22h30.’
HH vs. KIBE LOCO
Heloísa chora no Senado depois de divulgação de fotomontagem
Ao presidir a sessão do Senado, Heloísa Helena (PSOL-AL) afirmou ontem, aos prantos, que é vítima de machismo da classe política e da imprensa devido à divulgação de uma fotomontagem em que o rosto dela foi colocado sobre o de uma modelo seminua na capa de uma revista masculina.
Ela acusou o PT e chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ‘vagabundo’. Segundo ela, o PT e Lula estariam por trás da ação com o objetivo de denegrir sua imagem. A senadora afirmou que a atitude seria uma retaliação pelo fato de ela ter se recusado a apoiá-lo.
‘Sei o tipo de cartinha vagabunda dos vagabundos do PT que tenho recebido por causa dessa história de não declarar apoio ao vagabundo do presidente da República’, disse ela.
PT
A coordenação da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva disse, em nota divulgada ontem, ser ‘contra toda e qualquer baixaria no processo eleitoral’.
Segundo a nota, seria absurdo supor que traria qualquer benefício a candidatura do PT ‘se envolver em práticas eleitorais apócrifas e ilegais.’ ‘Respeitamos todos os candidatos à Presidência que disputaram o primeiro turno, em especial os que sempre se colocaram em favor dos interesses da grande maioria do povo brasileiro’, diz o texto da assessoria.
A candidata derrotada à Presidência ainda atacou a Folha por ter publicado, no mês passado, uma entrevista com o senador cassado Luiz Estevão. Nela, o ex-senador comentou as afirmações de Heloisa Helena sobre ele, de que vomitava em ‘homem rico e ordinário’.
Estevão respondeu que, ‘se teve ânsia de vômito comigo, ela engoliu’, e ainda insinuou que a senadora teria votado por sua absolvição.
‘Infelizmente não é a primeira vez que sou vítima disso, porque a Folha de S.Paulo já fez isso, infelizmente uma colunista desqualificada fez uma matéria horrorosa como essa’, disse a senadora.
Machismo
Heloísa Helena criticou ainda senadores que levaram a fotomontagem para a Casa no dia anterior. ‘Sei o quanto de machismo há e de outros preconceitos, porque se fosse a mulher de um senador, a filha de um senador, o presidente da República, não sairia’, afirmou ela.
As fotomontagens com o rosto da senadora na capa da revista foram produzidas pelo site de humor Kibe Loco.’
SP SEM PROPAGANDA
Outdoors ou não
‘NUMEROSOS LEITORES me escreveram comentando minhas últimas colunas, nas quais tratei do vídeo de Daniella Cicarelli e da nova lei da Prefeitura de São Paulo, que proíbe os outdoors publicitários no município. Tento responder.
Sobre o vídeo, uma observação: concordo, transar no meio da praia constitui uma ofensa ao pudor de quem não está a fim de assistir ao espetáculo. Ora, no meio da praia, Daniella e seu namorado só se beijaram e abraçaram. Como assinala o vídeo, o resto ocorreu numa área afastada: uma teleobjetiva foi necessária para filmar o casal. Imagine que, com um telescópio, você espie uma transa que acontece num prédio situado a 200 metros de sua janela. Você se sentirá insultado pela ‘exibição’? ‘Fala sério!’
Mas quero voltar à nova lei da Prefeitura de São Paulo e evitar alguns mal-entendidos (enviarei a íntegra da lei aos leitores que a solicitarem).
1) Acharia ótima a idéia de uma regulamentação básica dos outdoors publicitários (de sua localização, de seu tamanho etc.), mas a lei não propõe uma regulamentação: ela decide a abolição de todos os outdoors.
Quanto aos ‘anúncios indicativos’ (o letreiro com o nome de uma loja, o programa de um teatro etc.), ela propõe uma regulamentação tão complexa que eu não consegui estabelecer se a padaria de minha esquina deverá ou não reformar seu letreiro. Aviso: a complexidade das regulamentações é, tradicionalmente, um convite à corrupção; quando ninguém entende direito o que pode e o que não pode, alguém acaba pagando para que o deixem em paz.
2) No caso dos anúncios publicitários, a lei funciona exatamente como a repressão psíquica. Por não querer ou conseguir diferenciar, ela proíbe tudo (é o abc do sintoma neurótico: para coibir minha ‘devassidão’ sexual, quero mesas e cadeiras sem ‘pernas’, nenhum objeto de ‘pau’, nada de ‘sainha’ nas camas…aliás, ‘cama’ já é uma palavra suspeita).
Por outro lado, a lei (que projeta melhorar a paisagem urbana) propõe uma diversão: proíbe uma coisa para que a gente se esqueça de outras (que, no caso, dependem do poder público).
Espreitando a aparição de um dirigível publicitário (que será proibido), talvez você não veja o incrível emaranhado dos fios das ligações elétricas que ‘ornamentam’ nosso céu ou não perceba a nuvem de poluição que dá sua cor inconfundível ao pôr-do-sol paulistano. Indignado com o anúncio de um reparador de cadeiras, talvez você não note o estado deplorável dos canteiros.
Uma conseqüência, não desejada pelo autor da lei: sem letreiros luminosos e holofotes, perceberemos, isso sim, que a iluminação pública de São Paulo é assustadoramente fraca.
Percorra a pé, de noite, a av. Faria Lima, vindo da Tabapuã em direção ao Oeste; entrando à direita, na luz dos restaurantes da rua Amauri, sua pressão arterial melhorará singularmente.
4) Alguns leitores se preocupam com nossos edifícios históricos. É estranho: nunca vi outdoors publicitários escondendo o Municipal, a Pinacoteca ou a Estação da Luz. Em compensação, pelo que entendi, o Masp não poderá mais anunciar suas exposições temporárias com megatelões laterais que chamem a atenção de quem transita de carro pela Paulista.
5) A implementação da lei é prevista com total descaso pela vida de muitos cidadãos. Em três meses, sem transição, uma indústria de serviços será desmantelada (com a perda de milhares de empregos), aproximadamente cinco mil táxis não disporão mais de uma pequena renda mensal suplementar e por aí vai.
6) É possível que a aprovação entusiasta da lei por muitos comentadores seja inspirada por princípios estéticos sóbrios e adversos ao ‘pop’. Essa discussão fica para outra vez.
Mas suspeito que a iniciativa conte sobretudo com uma antipatia pela publicidade, uma ojeriza de bom-tom, que vê nos outdoors o símbolo (ou, pior, a causa) de nossa frivolidade (e de nossa ‘massificação’, acrescentam alguns): tirem os outdoors e seremos curados de nossa vontade de cuecas de luxo, voltaremos a pensar em coisas importantes, belas e generosas. Ou seja, suspeito que odiemos, na publicidade, a futilidade de nossos próprios desejos. E a lei nos agrada com a ilusão de que exorcizamos, enfim, o consumismo (o qual, claro, não é parte da gente, mas um demônio que nos possui).
Parodiando o marquês de Sade: ‘Paulistanos, mais um esforço para sermos revolucionários’.’
TELECOMUNICAÇÕES
Fiscalização das rádios ficará com ministério
‘A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) decidiu repassar para o Ministério das Comunicações a decisão a respeito dos processos de fiscalização que apuram irregularidades em rádios.
A agência reguladora informou que tomou a decisão no último dia 20, com base no decreto 5.220/ 2004. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, esse decreto determina que cabe ao ministério dar andamento e concluir os processos que apuraram irregularidades cometidas por rádios (como uso indevido de freqüência).
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), considerou a decisão uma vitória.’
TELEVISÃO
Emmy alavanca exportação de ‘Sinhá Moça’
‘‘Sinhá Moça’ só será lançada pela Globo no mercado internacional em abril do ano que vem, mas já tem exibições garantidas em países do Leste Europeu, Ásia e América Latina.
A novela é a grande vedete da Globo na MipCom, uma das maiores feiras de TV do mundo, que acaba hoje em Cannes (França). A produção ganhou um mega-impulso ao ser indicada, segunda-feira, finalista do Prêmio Emmy International, o Oscar da TV mundial.
‘Sinhá Moça’ é a primeira novela a concorrer a um Emmy (que não prevê essa categoria). A Globo a inscreveu como série dramática. Em 20 de novembro, disputará o Emmy com ‘Mandrake’ (HBO/Conspiração), ‘Vincent’ e ‘Life on Mars’ (ambos Inglaterra).
Após o anúncio do Emmy, o movimento no estande da Globo duplicou. Emissoras estrangeiras já acertaram uma pré-compra de ‘Sinhá’ _em abril, essas TVs terão prioridade pela novela em seus países. A primeira edição da trama de Benedito Rui Barbosa, de 1985, já foi vendida para 62 países.
Além de ‘Sinhá Moça’, a Globo fechou negócios em Cannes com a espanhola Antena 3, que comprou ‘Da Cor do Pecado’, com a romena Acasa (‘América’ e ‘Belíssima’) e com a moçambicana TV Soico (‘JK’).
A Record, que também foi a Cannes, praticamente fechou a venda de ‘Bicho do Mato’ e ‘Prova de Amor’ para Equador, Portugal, Chile e Argentina.
DUBLAGEM 1 O SBT acertou ontem a contratação de Yves Dumont, que escreveu a novela ‘Estrela de Fogo’ (1998/99) para a Record e adaptou ‘Vale Tudo’ para versão hispânica feita pela Globo. Ele adaptará a mexicana ‘Confidente de Secundaria’ (1996), próxima novela do SBT.
DUBLAGEM 2’Confidente’ é o nome original da novela. No SBT, a trama, que terá um elenco muito jovem, ganhará outro título. A estréia só ocorre em março. Marisol Ribeiro será a protagonista.
PASSO-DOBLE Silvio Santos gravou ontem um piloto do aguardado ‘Bailando por um Sonho’, a versão SBT de ‘Dança dos Famosos’. O programa ainda não tem data de estréia. Mas será exibido aos sábados, por volta das 22h.
REGRA NOVA A campanha de Lula à reeleição tentou ‘inovar’ no debate da Record, marcado para o próximo dia 23. Os petistas, em reunião na última segunda, sugeriram à emissora que o debate tivesse um bloco de perguntas feitas por populares, na rua. A Record rejeitou a idéia.
ALFINETE 1 Em comunicado distribuído na Band na segunda, o vice Marcelo Parada elogiou a produção do debate de domingo e alfinetou a Globo _que ignorou o evento mais importante, até agora, do segundo turno.
ALFINETE 2’ Agora vamos cuidar com carinho da edição [do debate no ‘Jornal da Band’ de segunda]. Lembrem-se do triste episódio de 89 em uma certa emissora…’, escreveu Parada.’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 12 de outubro de 2006
ELEIÇÕES 2006
Deputado sugere que encontro vire lei
‘Nessa atual sede das emissoras por levar os presidenciáveis a infindáveis debates, eis que surge na Câmara um projeto de lei que pode obrigar os políticos a participarem de debates na TV no segundo turno.
O projeto do deputado Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) determina a obrigatoriedade de dois debates em rede nacional em rádio e na TV quando houver segundo turno nas eleições. Segundo a proposta, os debates podem ocorrer somente 48 horas após o anúncio do resultado do primeiro turno.
O deputado acredita que essa é uma forma de conscientizar o eleitor melhor e praticar a democracia.
Uma das idéias do projeto é que as emissoras se unam em um pool para a transmissão do debate. Assim como foi feito em 1989 na disputa presidencial entre Lula e Collor. Manchete, Bandeirantes, Globo e SBT se uniram para transmitir o debate em rede nacional, simultaneamente. Dessa forma, as emissoras não tratariam o debate como uma atração para só para atrair anunciantes.
O projeto de lei aguarda análise das comissões competentes da Câmara.’
HELOÍSA vs. KIBE LOCO
Fotomontagem leva Heloísa às lágrimas
‘Sentada na cadeira do presidente do Senado, Heloísa Helena (PSOL) chorou por causa da montagem de uma capa da revista Playboy com sua foto, exibida pelo site Kibe Loco. ‘Só se eu fosse uma mulher vagabunda para olhar para uma montagem horrorosa como aquela, como se eu estivesse nua, e me achasse bonitinha.’’
TELECOMUNICAÇÕES
Projeto vai liberar R$ 755 milhões do Fust
‘O Ministério das Comunicações concluiu um projeto-piloto para liberar cerca de R$ 755 milhões do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) nos próximos quatro anos. O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. O projeto, elaborado nos últimos nove meses, foi apresentado por Costa ao presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Guilherme Palmeira, e será encaminhado ainda à Casa Civil.
Segundo Hélio Costa, quem dará a palavra final sobre o projeto-piloto para a liberação dos recursos do Fust será o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A aplicação do programa será feita pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A idéia do Ministério das Comunicações é liberar, em 2007, R$ 126,52 milhões do fundo. Até agora, os recursos do Fust, alimentado por 1% da receita operacional das empresas de telecomunicações, não foram aplicados. Desde que foi criado, o Fust acumula cerca de R$ 5 bilhões. Pequena parte desse dinheiro deve começar a ser liberada neste ano. Segundo Costa, R$ 7 milhões deverão ser empenhados até o fim do ano para projetos de comunicações dedicados a deficientes auditivos.
Os R$ 755 milhões que, segundo previsão do ministério, serão aplicados até 2010 vão ser distribuídos entre sete programas, que incluem acesso à internet e à telefonia por escolas, hospitais e entidades de apoio a pessoas com necessidades especiais.
Alguns desses programas serão realizados por meio do financiamento a projetos de universalização da telefonia fixa e também por meio do fomento à universalização da internet de banda larga. O projeto prevê, por exemplo, a implantação de acessos a internet por banda larga em 93 mil escolas e em 1.708 unidades de saúde.’
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Rádio licenciada só será punida pelo ministério
‘O Ministério das Comunicações passou a ter o poder de definir a punição a rádios outorgadas (com licença de funcionamento) que cometam irregularidades. A decisão tomada em 20 de setembro pelo conselho da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi avaliada ontem pelo ministro Hélio Costa como uma ‘grande vitória’.
Em entrevista coletiva, Costa disse que, agora a Anatel ‘passa para o ministério o controle direto de toda a fiscalização e do fechamento ou não das emissoras de rádio comerciais, educativas e comunitárias no Brasil’. Na verdade, a Anatel informou que a decisão de seu conselho não tira dela o poder de fiscalizar o setor. Mas determina que, no caso de irregularidades em rádios que têm licença, depois que a agência constatar o problema e, eventualmente, lacrar a rádio, o processo segue para o ministério, a quem cabe apurar o caso, abrir o processo e eventualmente punir o infrator. No caso das rádios clandestinas (sem outorga) todo o processo continua com a Anatel.
Em número de ocorrências, as irregularidades são muito mais freqüentes em rádios clandestinas. De janeiro a maio deste ano, a agência realizou 811 ações de fiscalização, sendo 793 em emissoras clandestinas e apenas 18 em rádios com licença.
Segundo Costa, o fato de o ministério passar a ter o poder de punir rádios licenciadas que cometam irregularidades não deverá politizar as decisões sobre punir ou não uma rádio.’
INTERNET
Com YouTube, Google fica mais perto de Hollywood
‘Passando à frente do Yahoo e adquirindo o YouTube, o Google declarou sua intenção de se tornar o parceiro online preferido de Hollywood. Controlado pelo antigo magnata do cinema Terry Semel, o Yahoo passou pelo menos dois anos contratando executivos da indústria de espetáculos, tendo aberto um enorme campus em Santa Monica, na tentativa de voltar a liderar a conexão dos navegadores da internet a sites de música, trailers de filmes e clips de televisão.
O Yahoo se propôs a comprar o YouTube e, dessa forma, proteger seu território no entretenimento online. Mas o Google não deixou escapar o popular website para se assistir e compartilhar vídeos online. Além de preencher uma lacuna que a empresa tinha na área do entretenimento online, a aquisição, no valor de US$ 1,65 bilhão, dará ao Google um inventário de displays e anúncios de vídeo, área na qual ele está atrás do Yahoo. ‘Com certeza, neste caso parece que o real perdedor é o Yahoo’, disse Mark May, analista da Needham & Co. ‘Ele agora pode ser considerado o grande retardatário na categoria do vídeo online.’
Para os analistas, o fracasso do Yahoo na aquisição do YouTube foi o mais recente de uma série de erros cometidos pela empresa que ampliaram a distância na corrida com o Google. Nos últimos meses, o Google adquiriu o YouTube, assinou acordos para distribuição de conteúdo com a Viacom Inc. e editoras de discos e firmou contrato como agente de publicidade da Fox Interactive Media, da News Corp, dona do site de relacionamento MySpace.
Por outro lado, o Yahoo atrasou o lançamento de um novo sistema de links patrocinados para competir melhor com o mecanismo de busca, e depois alertou para uma queda nas receitas do terceiro trimestre. A empresa adquiriu uma pequena empresa de edição de vídeos, a Jumpcut, mas não conseguiu consumar a compra de das duas maiores comunidades na Internet ainda disponíveis: YouTube e Facebook.
‘Parece que o Yahoo sofreu um impacto na capacidade de agir rapidamente na hora de empreender grandes ações, como a aquisição potencial do ‘Facebook’, disse Scott Kessler, analista da Standard & Poor’s.
Segundo os analistas, o altíssimo preço pago pelo YouTube lembra a bolha da Internet do final dos anos 90. Mas muitos dizem que o Google pode se permitir fazer tal aposta para manter o YouTube longe de outros pretendentes, entre eles a News Corp. e Viacom.
O analista do Deutsche Bank, Jeetil Patel, criticou o Yahoo por deixar o YouTube escapar, dizendo que o portal seria um espaço melhor para o YouTube. Ele atribuiu o fracasso do Yahoo ao ritmo lento na realização de negócios, às diferenças de cultura das empresas e à relutância do Yahoo em pagar caro por uma propriedade potencialmente útil.’
HQ
A descoberta dos quadrinhos
‘Ele é um vampirinho. Vive numa casa mal-assombrada muito animada, cheia de caveiras e os mais diversos monstros, alguns com até três cabeças, muito simpáticos, todos adultos. Seu melhor amigo é Fantômato, um cachorro vermelho que voa. Mas ainda assim se sente sozinho e quer conhecer crianças de sua idade. Esse é o ponto de partida da bonita história de amizade e tolerância contada no livro Pequeno Vampiro Vai à Escola, que tem textos e desenhos de Joann Sfar (Editora Zahar, 32 págs., R$ 31,50). A novidade? Trata-se de quadrinhos para crianças – raridade nas livrarias brasileiras.
Mesmo quando têm desenhos sofisticados e conteúdo educativo, os quadrinhos para crianças, valorizados em países como a França, são vistos com desconfiança por pais e professores que tendem a confundir literatura em quadrinhos com gibis de leitura superficial. Uma resistência sentida pelas editoras que mesmo assim vêm arriscando um ou outro lançamento, atraídas pela qualidade dessa literatura.
‘Pequeno Vampiro é uma série grande. Já tem 6 volumes na França. Tem até desenho animado’, diz Mariana Zahar, que falou ao Estado da Feira do Livro, em Frankfurt. ‘Mas hoje mesmo comentei com a editora francesa que tenho a sensação de termos publicado esse livro à frente de seu tempo. O quadrinho infantil ainda não aconteceu no Brasil’, afirma. ‘O mercado brasileiro associa quadrinhos a entretenimento, à leitura sem profundidade e não a produto cultural’, diz Janice Florido, responsável pela edição de outro ótimo e raro livro no gênero, Bilboc e Tânia, Uma Dupla da Pesada (Editora Caramelo, 24 págs., R$ 29). Mas algo pode estar mudando. Miriam Gabbai, editora-executiva da Callis, acaba de lançar seis livros de uma coleção suíça de quadrinhos intitulada Assim É a Vida.
E as crianças? Bem, se depender de Victoria Helena, de 5 anos, essa tendência pega. Acompanhada pela reportagem do Estado, ela adorou conferir pelas imagens a história que ouvia.’
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Quadrinhos: vencendo preconceitos
‘Quadrinhos infantis ainda são raros no Brasil, mas a julgar pela qualidade dos já publicados, talvez esse quadro mude. Bilboc e Tânia, Uma Dupla da Pesada, de Sylvie Fournot e Claire Le Grande, também tem a amizade como tema. Nesse livro, é interessante a forma sutil como é tratado o preconceito de classe. Tânia perde o seu camundongo e Bilboc se dispõe a ajudá-la. Começa aí uma busca cheia de peripécias que termina à beira do mar, onde eles avistam o ‘ladrão’ do camundongo que corre para o seu ‘esconderijo’, um tosco barraco de madeira.
A associação entre menino pobre e ladrão, não incomum em garotos de classe média, é feita e desfeita naturalmente, na trama, sem sermões ou lição de moral. Ao fim, a história vai revelar que o tal garoto vive numa casa simples, mas tem desejos e brincadeiras em tudo semelhantes aos dela e simplesmente ‘achara’ o seu camundongo perdido.
Bons quadrinhos – além de sua qualidade cultural implícita – podem ser porta de entrada para o hábito de leitura, pois o formato atrai os preguiçosos e prende os mais agitados. Mais. Crianças não alfabetizadas podem ‘reler’ sozinhas, a partir das imagens. E elas adoram repetição. A estrutura dramática, em diálogos, facilita a ‘teatralização’ nas escolas, o que poderia suprir outra lacuna editorial – a de peças infantis.
Mas não é fácil encontrar quadrinhos infantis nas livrarias. Enquanto Isso (32 págs. R$ 29,00), da Companhia das Letrinhas, integra um gênero misto – texto narrativo de Jules Feiffer e alguns balões. Interessante, nesse caso, é a metalinguagem, já que um menino em apuros salva-se ao usar um recurso de quadrinhos: ele escreve ‘enquanto isso…’ para assim mudar de cenário e escapar de seus perseguidores.
Afinal, por que tanta resistência? ‘Quem decide o que a criança vai ler é basicamente a família e a escola’, diz Miriam Gabbai, da editora Callis, que lançou em agosto seis livros da série Assim É A Vida. ‘Em geral, os pais não têm tempo para fazer pesquisa e acabam comprando os livros indicados pela escola. E há muito preconceito envolvendo os quadrinhos.’
Ainda assim, ela apostou na série que tem livros como Lili É Malcriada, de Dominique de Saint Mars e Serge Bloch (46 págs., R$ 17,00). Como o título indica, flagra o comportamento de uma menina irascível e egoísta, que decide mudar quando suas amigas combinam uma festa sem ela. ‘São livros de formação, que transmitem valores com bom humor.’ Sem dúvida essa coleção, que tem títulos como Lili Tem Medo de Provas e Max não Quer Tomar Banho, pode ser valioso instrumento para pais e mestres. Afinal, impor limites é necessário. Nada como fazê-lo com auxílio do lúdico. ‘Essa série faz um sucesso incrível na Europa. Já são 70 títulos e por isso resolvemos arriscar’, diz Miriam. ‘Ainda não tenho números, mas posso adiantar que está vendendo bem.’
Sinal de uma mudança de mentalidade? ‘Não posso afirmar que haja preconceito, acho que ainda não descobrimos o quadrinho como linguagem literária’, arrisca Mariana Zahar. ‘Hoje mesmo, aqui na Feira do Livro em Frankfurt, vi um quadrinho francês sem palavras, para crianças entre 4 e 5 anos, ou seja, eles cultivam a linguagem desde que as crianças são bem pequenas.’ Um mercado aberto e com potencial para conquistar a criançada.’
TELEVISÃO
Band estréia produção de Spielberg
‘A Band entra na onda da compra de séries americanas e exibirá, a partir da próxima quinta-feira, dia 19, a ficção científica Taken, produzida por Steven Spielberg. A minissérie, feita em dez episódios, aborda três famílias que tiveram envolvimento com extraterrestres – abduções, conspirações do governo, experiências sobrenaturais… A cara produção ganhou o Emmy em 2003 e foi transmitida no Brasil pelos canais pagos HBO e Fox. A Band segue a estratégia do SBT, Record, Rede TV! e Globo – esta tem ótimas séries na geladeira.
entre- linhas
Aline Moraes é nome confirmado em Paraíso Tropical, próxima trama das 9 da Globo. Ela será uma prostituta na novela.
No sábado, o Universal Channel exibe What’s on Especial Suspense e Terror. O programa mostrará cenas clássicas de filmes desses gêneros, como a famosa seqüência do assassinato no banho do filme Psicose, de Alfred Hitchcock. Vai ao ar às 22h57.
Ana Maria Braga vai comemorar o 7.º aniversário do Mais Você na Oktoberfest em Blumenau. O programa vai ao ar no dia 20.
Três anos na TV
A turma do Pânico comemora três anos na TV neste domingo. Uma edição especial trará os melhores momentos das Sandálias da Humildade, do Dia de Tristeza e das aventuras de Sabrina Sato. Pânico na TV! vai ao ar às 20h, na RedeTV!’
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