Leitores desenvolvem um nível pessoal de conforto com os jornais que leem. ‘Parece um amigo que os visita a cada manhã’, compara o ombudsman do Washington Post, Andrew Alexander, em sua coluna de domingo [25/10/09]. Por isso, qualquer novidade em sua aparência é motivo para aborrecimento – como aconteceu na semana passada, quando o Post revelou, em um caderno de oito páginas, sua mais significativa mudança de diagramação da última década.
Centenas de leitores reagiram. A crítica mais comum foi sobre a nova fonte usada, uma versão da Scotch Roman, pouco maior que a antiga. No entanto, para muitos leitores – e não apenas os mais velhos –, a letra parecia menor. ‘A fonte é mais fácil de se ler. Espero que isto seja uma questão de familiaridade e que as pessoas possam se adaptar e ficar felizes com ela’, comentou o editor-executivo Marcus Brauchli.
A segunda maior reclamação foi sobre o layout da coluna de previsão do tempo. Para muitos leitores, o mapa ficou muito pequeno. ‘Concordo 100% com eles. A letra com o nome das cidades é tão pequena que não dá para ler St. Louis. O mapa já foi aumentado’, reconheceu Ed Thiede, editor que fez parte da equipe responsável pelo novo design do diário.
A revista dominical WP Magazine também não escapou das críticas. Houve reclamações de que as matérias estão difíceis de serem achadas. Ironicamente, alguns editores acreditam que o fato de a revista estar atraindo mais anunciantes pode ter incomodado alguns leitores. ‘Eles não estão acostumados a ver anúncios na revista e sim páginas e mais páginas de texto’, diz Raju Narisetti, um dos dois chefes de redação do Post.
Para facilitar a vida dos leitores que querem entrar em contato com os repórteres, passaram a ser publicados os endereços de e-mail dos jornalistas logo abaixo das matérias. Mas alguns leitores já começaram a reclamar que os e-mails não estão sendo respondidos. É um problema crônico em redações, diz o ombudsman. Há os profissionais ocupados demais e sem tempo para responder e-mails; e há aqueles que simplesmente se recusam ou têm preguiça de fazê-lo. Para Alexander, com a sobrevivência dos jornais em risco, ignorar os leitores é uma atitude suicida.