O editor de notícias locais do Washington Post, Vernon Loeb, deu início a um treinamento mandatório em mídias sociais para repórteres e editores da seção metropolitana. Isto significa que a maior parte dos editores e repórteres, caso já não tenham, terão de criar contas no Twitter e Facebook e usar outras ferramentas online para monitorar, apurar e divulgar notícias locais.
O Twitter pode ser extremamente útil para se ficar por dentro das últimas notícias. Esta semana, por exemplo, ao seguir duas estrelas do Twitter – os blogueiros Chris Cillizza, do The Fix (com 82 mil seguidores), e Ezra Klein, do Wonkbook (com 78 mil), o ombudsman do Post, Patrick Pexton, tomou conhecimento de que o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, poderia renunciar ao cargo. A informação foi dada em primeira mão por elas e, somente depois, pela Bloomberg News. Ezra logo escreveu um post sobre possíveis candidatos para substituí-lo. Ela também perguntou a seus seguidores no Twitter se eles teriam sugestões.
A redação do Post, neste ínterim, colocou um de seus repórteres de economia, Zachary Goldfarb, para apurar o caso – que foi tema da capa do jornal no dia seguinte. O leitor online, no entanto, não precisou esperar a edição do dia seguinte para saber da informação. Este é apenas um exemplo de como o Twitter pode ser útil para jornalistas e para quem precisa ficar por dentro das notícias imediatamente.
Filtros
Twitter e Facebook funcionam como serviços de notícias particulares que filtram o constante fluxo de informações na web. “As mídias sociais não são mais algo opcional. Não é possível fazer seu trabalho sem elas que, em geral, dão a notícia em primeira mão”, observa Loeb. “Elas são ótimas para cultivar fontes, rastrear eventos, encontrar especialistas. Não dá para ser um bom repórter se você não estiver envolvido nas mídias sociais”.
O número de seguidores do Postno Twitter aumentou 210% de maio de 2010 a maio de 2011 (o jornal tem hoje quase 530 mil seguidores). Segundo Loeb, não é necessário ter 80 mil seguidores para ter uma conta de sucesso no Twitter, nem tampouco ter 20 e poucos anos. A repórter Jura Koncius, de 56 anos, escreve sobre design para o Post e tem 1,3 mil seguidores – o que é bastante, por ser um tema especializado.
“Com o Twitter, você é sua própria RP e pode divulgar suas matérias e fazer autopromoção sem culpa. Além disso, é possível ter uma conversa com fontes e leitores, mostrando a eles seus interesses e vendo o que lhes interessa”, diz o editor. Por outro lado, há um aspecto ruim neste jornalismo instantâneo: a possível diminuição da qualidade. Se os repórteres estão dedicando parte do dia para as mídias sociais, ficam com menos tempo para a reportagem tradicional.