A coluna de Deborah Howell do dia 15/1 sobre o lobista Jack Abramoff gerou tantos comentários obscenos e ofensivos que o Washington Post decidiu, na quinta-feira (19/1), fechar a seção de comentários do blog dedicado ao debate com os leitores sobre a linha editorial do jornal – embora isto não tenha sido feito a pedido da ombudsman.
A postura de Deborah foi duramente criticada depois que ela afirmou que membros do Congresso dos partidos Republicano e Democrata teriam recebido dinheiro de Abramoff, que se declarou culpado por crimes de corrupção, sonegação de impostos e fraude de financiamento de um cassino.
No domingo [22/1/06], a ombudsman dedicou sua coluna para expressar seu ponto de vista em relação ao caso. Ela reconheceu que escreveu uma afirmação que levou a interpretações equivocadas; no texto em questão, teria afirmado que Abramoff deu dinheiro para os partidos Republicano e Democrata e seus membros no Congresso – enquanto hoje defende que deveria ter dito que ele direcionou o dinheiro recebido de tribos indígenas proprietárias de cassinos para campanhas de membros do Congresso de ambos os partidos. Deborah insiste, com base em dados da Comissão Federal Eleitoral e do Centro de Integridade Pública, que o dinheiro foi direcionado a legisladores dos dois partidos – 195 republicanos e 88 democratas entre os anos de 1999 e 2004.
‘Ouvi que estava mentindo, que os democratas nunca haviam recebido um centavo de Abramoff, que eu estava tentando dizer que era um escândalo bipartidário. Eu não disse isto. Não é um escândalo bipartidário, é um escândalo republicano’, escreveu ela, mencionando algumas das mensagens escritas pelos internautas no blog: ‘O Post precisa de uma lavagem intestinal, e Deborah deve ser a primeira a ser removida’; ‘Você, Deborah Howell, pare de mentir sobre democratas terem recebido dinheiro de Abramoff. Os democratas não controlam nada em Washington, então porque ele gastaria dinheiro para suborná-los? Pense e pesquise, e pare de ser idiota’.
Deborah se defende e pede aos críticos que pesquisem sua biografia como jornalista. Embora afirme que os palavrões recebidos não irão magoá-la, ela diz ter aprendido que usar xingamentos e profanidade em vez de argumentos solidificados virou algo comum – o que não ajuda em nada o jornal, o país ou a democracia.
Apesar de tudo, a ombudsman não se mostra completamente pessimista. O leitor Mark Kelch, de San Antonio, enviou-lhe um e-mail onde a criticava duramente. Depois de receber resposta dela, Kelch decidiu pesquisar sobre Deborah na internet e reavaliou seus comentários, enviando-lhe um novo e-mail com um pedido de desculpas. A ombudsman planeja ler cada e-mail e tentar responder ao maior número deles possível, rejeitando todos os abusos. ‘Para aqueles que querem minha demissão, vocês não estão com sorte. Tenho um contrato e por dois anos vou continuar me expressando. Continuem sorrindo. Eu vou continuar’, alfineta ela.