‘101 Assaltos por dia em Fortaleza. Esta foi a manchete do O POVO no dia dois passado. Pela segunda vez, este ano, o jornal errou por considerar roubos e furtos como assaltos. A mesma falha tinha ocorrido no último mês de fevereiro em relação à quadrilha que furtou a agência do Banco do Brasil em Quixadá, no Sertão Central. A diferença é que, na edição do último dia dois, a manchete e o título da matéria publicada na página 4 (Fortaleza), referiam-se a assaltos e, no texto, o repórter Marcos Cavalcante citou (apontando números de janeiro a março último) os roubos ou furtos, embora tenha dado exemplos também de quem sofreu assalto.
As três palavras têm sentidos diferentes e houve explicações, nesta coluna, no dia 22 de fevereiro e, também pelo jornalista Plínio Bortolotti, em agosto de 2005, quando era ombudsman do O POVO. Naquela ocasião, ele recebera reclamações de leitores sobre o uso das três palavras nas matérias relacionadas ao furto no Banco Central, em Fortaleza. Apesar dos dois esclarecimentos, O POVO repetiu o erro e, novamente, reclamações foram feitas por leitores.
‘Há uma confusão do repórter que não consegue repassar o significado de assalto, roubo e furto’, reclamou Carlos Fernandes que prefere chamar as ações das quadrilhas de ‘ocorrências’. Outros leitores também acham que o repórter deveria ter explicado, na matéria, o que é assalto, o que é furto e o que é roubo.
A jornalista Angélica Martins, coordenadora da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ligou e enviou e-mail afirmando que o jornal errou na manchete e gerou ‘insegurança na população. De acordo com os números enviados ao repórter, não são assaltos, são furtos e roubos’, esclarece e também ressalta que existe diferença entre furtos e roubos. Na primeira da série das matérias, o repórter diz que, ‘de janeiro a março deste ano, 9.129 furtos ou roubos foram registrados em Fortaleza’. Ela nota que o repórter cita furtos ou roubos, quando deveria ser furtos e roubos.
Mais uma vez divulgo aqui as explicações dadas pelo professor de Língua Portuguesa, Myrson Lima, consultado para a coluna do dia 22 de fevereiro passado. O professor Myrson ensina que, no sentido mais genérico, FURTO é usado quando se subtrai algo alheio sem que haja violência. ‘No ROUBO existe rigorosamente, na linguagem técnica, mais do que um furto, pois está presente a violência ou a ameaça de violência’, continua o professor. Já O ASSALTO, define, ‘é ato repentino, algo impetuoso e surpreendente para a vítima, que se dá em determinado momento com uso de força física ou moral’.
Correção
O jornalista Luiz Henrique Campos, que estava no plantão da chefia de Redação sendo responsável pela manchete do jornal do dia dois, explica que o erro foi corrigido na edição do dia seguinte (domingo, 3). ‘Providenciamos o ERRAMOS do título na própria série’. De fato, o erro foi corrigido na página da matéria e não como é corriqueiro, na seção ERRAMOS publicada nas páginas de Opinião (6 e 7). Já o repórter Marcos Cavalcante diz que se referiu a roubos ou furtos porque as pessoas podem ter sofrido uma ou outra dessas ocorrências. Sobre as explicações a respeito da diferença entre furto, roubo e assalto, diz que colocou no quadro sobre dicas de segurança (embora não tenha definido assalto), mas faltou espaço para a publicação.
Ainda o Clubinho
A suspensão do caderno repercutiu. Leitores e professores comentam o fato do caderno infantil deixar de circular e não ter data para o retorno. ‘É precisa suspender a publicação para repensar? Fizeram isso com o Buchicho, que foi todo repaginado. Agora não dava para rever os caminhos (se é que era necessário) enquanto o caderno continuava saindo, visto que ele fazia parte do afeto, da cognição e da história de muitas crianças?’, indaga Maria Amélia Gomes.
Outro leitor acrescenta que ‘os educadores deverão concordar que dispersar o conteúdo infantil nos demais cadernos (sem ser num espaço específico) possa ser o oposto do que foi a história do jornal. Teremos, por exemplo, ao lado de uma matéria sobre consumo em Punta Del Leste uma matéria para crianças’.
Já a jornalista Isabelle Câmara, que editou o Clubinho, recorda que era ‘um espaço em que a equipe precisava reaprender a ser criança para produzir um caderno, ao mesmo tempo, educativo e lúdico, que levasse em conta as dimensões cognitivas, da sensibilidade e corpórea da criança. Dava um trabalho imenso, sobretudo quando levávamos a linguagem do Clubinho para as páginas do O POVO. M as a cada edição, com o resultado impresso, nossos rostos se enchiam de satisfação e felicidade’.
Sobre a Coluna O POVO na Educação, extinta em fevereiro passado, Isabelle Câmara, responsável pela redação das notas, a define como ‘um espaço de reflexão e educação, pois O POVO entende que a responsabilidade educativa não é só da escola, mas de toda a sociedade’.’