‘O que incomoda demais aos leitores do O POVO é a divulgação de números errados ou somas incorretas nas matérias. Muitas vezes, no abre da matéria (pequeno texto antes da matéria principal da página. Um resumo do assunto divulgado abaixo do título), cita-se um determinado número que não é o mesmo que consta no texto. Só para ter um exemplo, numa única edição do jornal (terça-feira, 10) ocorreram vários erros. A chamada (resumo da notícia e a página onde está divulgada) para a matéria do enterro das vítimas do acidente aéreo na Amazônia, dizia que 30 mil pessoas acompanharam o enterro. Na página da matéria (21), o número subia para 40 mil pessoas.
Na matéria com o título ‘‘Governo negociará dívidas das prefeituras’, na mesma edição, página 18 de Economia, uma das matérias cita que o Ceará terá 100 agências do INSS até 2010, em outra, na mesma página, diz no título que serão mais 39 agências em Fortaleza. No texto consta que essas 39 serão em todo o Estado. Verdadeira confusão na cabeça do leitor.
Também em Economia, na mesma edição (terça-feira, 10) em uma matéria sobre a venda de carros novos no Ceará, diz no abre que ‘‘Foram 227 carros a menos vendidos em janeiro último no mercado cearense, com relação ao mesmo mês em 2008’. No texto, esse número sobe para 277.
E, na matéria sobre as autuações em 2009 que já superam 2008, na página 5 (Fortaleza), consta, no abre, que 357 motoristas foram autuados pelo Detran por descumprimento da Lei Seca no último fim de semana (dias 7 e 8 passados). No texto, é citado o número de autuações por município. Quando o leitor soma, o número sobe para 365 motoristas autuados.
Nos dias seguintes
Na edição de quarta-feira, 11, os erros continuaram. Na matéria com o título ‘‘Preço da cesta básica tem queda expressiva na Capital’ (pág. 19), no abre, a deflação de janeiro é apontada como -5,93% e no quadro, ao lado da matéria, a variação é de -5,12% em Fortaleza.
Ainda em Economia, na matéria coordenada (complementação da matéria principal) o título diz: ‘‘Dívida dos municípios é de R$ 14 milhões’. No texto, esse número sobe para R$ 14 bilhões. Na página de Brasil (24) da mesma edição, em uma ‘‘Breves’ (matéria curta) com o título de ‘‘Absolvição’, diz que Alcides Borges, acusado de homicídio, fora absolvido 24 anos depois do crime ter acontecido. Só que, no mesmo texto, diz que o homicídio ocorreu em agosto de 1986. Conta feita, não chega aos 24 anos. Mas sim aos 22 anos e seis meses.
Já na edição de quinta-feira, 12, novos erros envolvendo números. Na página de Ceará, constava no abre da matéria que até o início de fevereiro, mais de nove mil relâmpagos foram contabilizados pelo Estado e, desses, quatro mil foram no mês de janeiro (passado). No texto, os quatro mil raios sobem para mais de cinco mil só no primeiro mês deste ano.
Mais uma de Economia, na edição de sexta-feira, 13. O título da matéria afirma que as classes C e D seguram alta de 6,83% no comércio. No texto, esse percentual cai para 6,38%.
Em questão de números, o repórter e o editor devem fazer e refazer as contas. Ter cuidado também para que não haja discordância de números na chamada e no abre com relação ao texto da matéria.
Verbos e palavras
Leitores irritados, e com razão, ligaram para reclamar de palavras e verbos errados ou inexistentes divulgados no O POVO. Por exemplo, numa legenda que identificava a cantora Sheila Carvalho, que participou do grupo É o Tchan, foi abolida a letra ‘‘V’ do sobrenome, tornando-se um verdadeiro palavrão, o que indignou a professora Maria Isabel da Costa.
Em uma pequena matéria (Breves) sobre o assalto à atriz Carol Castro, foi divulgado que os bandidos ‘‘araamados’ chegaram num táxi e um deles atirou poara cima. O leitor José Mário da Silva perguntou: Será que eles estavam com arames? Araamados seria armados e poara seria para.
Só num infográfico (quadro informativo que mescla texto e ilustração para transmitir uma informação visualmente), continham diversos erros. O quadro era para mostrar o roteiro da comitiva da Fifa na Capital. Saiu ‘‘presentação’ em vez de apresentação; ‘‘o grupo de divide’, em vez do grupo se divide, a palavra grupo saiu com a letra J na frente; e capital (Fortaleza) seria com a letra c maiúscula. Faltou revisão.
Num texto em que o repórter pretendia escrever que o governador Cid Gomes não hesitou…, ele escreveu que Cid não ‘‘exitou’. Inexiste o verbo exitar, mas sim a palavra êxito. Também não constam em dicionários: ‘‘modestiando’’ e ‘‘desperdiçante’’, usadas pelo colunista Lúcio Brasileiro.
O leitor Barros Alves até mandou um recado com relação a uma matéria que saiu nas páginas de Política com o título ‘‘Maracanaú estuda projetos’. Diz o leitor no e-mail enviado: ‘‘Avise ao jornalista que escreveu matéria no caderno ‘Política’, pág. 16, (Maracanaú estuda projetos) que se mata o homem, mas não se lhe muda o nome. O Burle Marx transformou-se em Boule Max. Desleixo, eis o nome da coisa’.’