‘O Grupo de Comunicação O POVO adotou oficialmente as mudanças ortográficas há um mês e cinco dias. Todos os profissionais da redação do jornal, das emissoras de rádio, da TV, da Fundação Demócrito Rocha e do O POVO Online, a partir de primeiro de março último, passaram a obedecer às novas regras da ortografia. Mas não está sendo fácil.
Desde aquele dia, rotineiramente, nas matérias, artigos, colunas e cartas dos leitores são encontrados tremas (definitivamente abolido), acentos e hífens já retirados das palavras com a implantação da reforma ortográfica. Os erros são anotados no comentário interno que a ombudsman faz diariamente sobre o jornal. Nas edições do sábado e domingo, com mais tempo para a leitura, a análise é feita com maior rigor.
Os leitores atentam para os erros e dizem que, ‘se o jornal investiu treinando os profissionais da redação, deveria haver maior atenção na hora de redigir as matérias’ A referência é ao treinamento realizado em fevereiro deste ano para todos os funcionários do Grupo. Foi ministrado pelo professor de português Myrson Lima, autor do Guia Prático do Novo Acordo Ortográfico, entregue aos participantes.
Erros diários
A palavra paroxítona IDEIA que faz parte do grupo de ditongos abertos que não são mais acentuados, segundo a nova regra, é a campeã de erros principalmente nas colunas e artigos do jornal. É comum encontrar com acento na letra E (idéia). Outras que seguem a mesma regra, como ESTREIA, ASSEMBLEIA, CEFALEIA, PLATEIA, APOIA, JOIA também ainda são lidas no O POVO com acento agudo.
Os hiatos ‘EE’ como VEEM, LEEM, que perderam o acento circunflexo, também são encontrados em matérias de acordo com a norma antiga: VÊEM, LÊEM. O mesmo ocorre com o hífen de palavras formadas de prefixos terminados em vogal juntos com outras iniciadas também por vogal. Por exemplo: INFRAESTRUTURA que, segundo a regra antiga tinha hífen (INFRA-ESTRUTURA), ou ainda MICROEMPRESA. Antes era MICRO-EMPRESA. A nova regra tem exceção quando a segunda palavra começa pela letra H. No caso de SUPER-HERÓI, por exemplo, foi escrito em matéria do jornal SUPERHERÓI.
O trema, que não existe mais, segundo o acordo ortográfico (exceção para os nomes próprios e seus derivados), vez ou outra, ainda é encontrado em palavras publicadas em colunas e artigos do O POVO. Foram lidas, em edições recentes, CONSEQUÊNCIA, AGUENTAR, FREQUENTADORES, FREQUENTE, METALINGUÍSTICA, CINQUENTENÁRIO. Todas ainda com trema.
Análise
O professor Myrson Lima fez uma análise das edições das últimas segunda-feira, 30, terça-feira,31, e quarta-feira, 1º. Ele anotou os erros relacionados ou não à reforma ortográfica. Vejam alguns exemplos: Na edição do dia 1° deste mês: Em matéria da página 3 (Fortaleza) ‘…situada à rua Cônego Penaforte’,. O certo, segundo o professor é:’… na rua Cônego Penaforte; ‘…não possuiam armação de ferro’ (mesma página), o verbo não perdeu o acento ( possuíam).
O professor corrige a palavra ‘pré-requisito’ que está separada no texto da pagina 9: ‘No final da linha, se o vocábulo exige hífen (com pré- ), o hífen é repetido na linha seguinte’. Na frase: ‘…é a forma de ter uma eleição tranqüila’ (Política, p.18), lembra que ‘tranqüila’ é sem trema, consoante o novo sistema ortográfico. No fim de frase: ‘…em evento da Assembléia Legislativa’ ensina que ‘Assembleia’ é sem acento.
Ele corrige a palavra ‘Pôr-do-Sol’ (Sônia Pinheiro, Vida e Arte, p.2) dizendo que o certo é: ‘pôr do sol’ (segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, da ABL, 2ª.ed.). Em ‘pão de côco’ (Ayrton Monte, p.2), o correto é: ‘pão de coco’.
Na edição de O POVO da última terça-feira, 31, Myrson Lima anota o erro da palavra ‘idéia’ (Política, p.22) e explica: ‘é sem acento, consoante o novo sistema ortográfico’, e no O POVO da segunda-feira, 30, ele anotou outro erro em ‘…apóia o Governo’ (Anuário da Construção Civil, pág.18). O verbo não tem mais o acento com a nova regra ortográfica. E ainda: a palavra ‘malestar’, em texto da página 9, foi escrita errada. O certo é com hífen: mal-estar.
O que diz a Redação
A chefia de Redação recorda que ‘desde 1º de março, O POVO se antecipou e adotou o uso das novas regras ortográficas para as suas edições. Apesar de a obrigatoriedade só estar determinada para vigência a partir de 1º de janeiro de 2013. A fase, portanto, ainda é de transição. Infelizmente os erros ainda acontecem, devem ser corrigidos. Mas tendem a ser reduzidos.
Para isso, inúmeras medidas já foram tomadas. Isso inclui a assessoria permanente dos professores Myrson Lima e Débora Arruda – e também a inclusão de revisores no acompanhamento das edições. A Redação disponibilizou ainda, para livre consulta dos jornalistas, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, a recente publicação editada pela Academia Brasileira de Letras (ABL)’.’