A catástrofe provocada pelas ondas gigantes que varreram diferentes países asiáticos no dia 26/12/04 colocou, mais uma vez, a eficiência das organizações jornalísticas à prova. The Washington Post, como conta seu ombudsman, Michael Getler [9/1/05], conseguiu enviar 10 correspondentes à região em poucos dias e contou com a colaboração do experiente repórter Michal Dobbs, que teve suas férias no Sri Lanka interrompidas pela tsunami. Foi dele o único texto escrito no local dos acontecimentos que gerou críticas dos leitores. Trata-se, na verdade, de uma matéria para o caderno Style que falava, em tom pessoal, de sua família e da ilha que seu irmão comprara no Sri Lanka. Algumas pessoas escreveram reclamando que a reportagem seria alheia à desgraça da população local e, portanto, imprópria para o momento.
No entanto, a matéria relacionada ao desastre asiático que mais suscitou queixas foi escrita nos EUA pelos repórteres John Harris e Robin Wright e publicada no dia 29/12/04. Ela destacava que ‘as críticas domésticas’ estariam crescendo diante da decisão do presidente George W. Bush de não interromper suas férias natalinas para se pronunciar a respeito dos acontecimentos, supostamente ignorando as reclamações de que estaria sendo ‘insensível a uma catástrofe humanitária de proporções épicas’. O principal problema do texto, que desagradou a muitos leitores por aparentemente carregar no tom político, foi que apenas uma fonte identificada corroborava a idéia de que a postura do presidente estava sendo mal-vista.
‘Quem são todos estes céticos que estão reclamando, além de Harris e Wright?’, ironizou um leitor. Getler nota que, após os ataques de 11 de setembro, muitas nações manifestaram apoio aos EUA e que, sendo a Indonésia, um país de maioria islâmica, o mais atingido pela tsunami, seria importante que Bush fizesse algum tipo de declaração rapidamente. Ele demorou quatro dias para dizer algo. No entanto, segundo o ombudsman, a referida matéria do Post, apesar de chamar atenção para essa importante questão, era falha por não apresentar evidências que comprovassem suas afirmações, o que diminuiu o impacto daquilo que noticiava.