Com a eleição presidencial cada vez mais próxima, a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, dedicou mais uma coluna [12/10/08] à cobertura da campanha. O diário havia planejado publicar, em outubro, um número maior de matérias sobre o pleito, mas a crise financeira acabou desviando o foco. Ainda assim, leitores mais atentos não deixam passar nenhuma matéria ou foto. Quando se trata de cobertura política, a preocupação é sempre a mesma: parcialidade.
Na semana passada, republicanos ficaram indignados com matérias que, alegam, favorecem o democrata Barack Obama. Uma, em especial, rendeu bastante crítica: publicado na revista dominical do Post, tratava-se de um texto tirado de um livro escrito pela jornalista Liza Mundy sobre a mulher de Obama, Michelle. O casal aparece na capa da revista com a manchete ‘O início de algo grandioso’, e o texto tem tom positivo. ‘Era minha intenção escrever algo sobre os anos de Michelle como advogada; que fosse direto, interessante e equilibrado. É verdade que [o livro] é baseado nos comentários de colegas de turma e de trabalho, mostrando-a como uma mulher trabalhadora e preocupada com os pobres. No entanto, também revela que ela exagerou ao dizer que sofria isolamento racial na empresa Sidley e que foi impaciente profissionalmente’, defende Liza. O artigo coincidiu com o lançamento do livro.
Leitores republicanos compararam a peça a um texto de setembro sobre a mulher do republicano John McCain, Cindy, e o vício em drogas para dor que ela sofreu há muitos anos. Na semana passada, o jornal publicou um texto sobre o primeiro casamento de McCain. Nem crítico, nem elogioso, o artigo contava que, após voltar do Vietnã, o ex-prisioneiro militar acabou se divorciando da primeira mulher. Segundo Deborah, a matéria tinha de ser feita porque diversos leitores já haviam questionado sobre o assunto e o jornal tinha escrito pouco a respeito.