As opiniões dos leitores sobre a cobertura que o New York Times faz do conflito entre palestinos e israelenses são tão controversas quanto o assunto em si. O editor-público do diário, Daniel Okrent, conta [24/4/05] que recebe e-mails diariamente acusando o jornal de ser sionista, anti-semita, ou algo pelo meio. Um leitor de Maryland, sozinho, chegou a escrever-lhe 164 vezes nos últimos 17 meses. Segundo o ombudsman, o fato de haver opiniões contrárias não quer dizer que a cobertura do diário seja incorreta.
Okrent conversou com representantes de organizações pró-Israel e pró-Palestina de monitoramento de mídia. Um argumento citado pelos palestinos contra o jornal foi que seus repórteres vivem em zonas israelenses, o que afeta seu ponto de vista. ‘Eu não sei quanto à empatia, mas sei que o ângulo de visão determina o que você vê’, escreve o editor-público, complementando que o diário deveria tentar colocar alguns jornalistas em áreas palestinas.
O ombudsman admite que o Times é ‘só um jornal’ – ou seja, apenas uma forma de aproximar a realidade das pessoas, não a realidade em si. Por isso, tem suas falhas, embora siga algumas regras, como evitar a reprodução de elementos inflamatórios do conflito – algo de que as partes envolvidas não gostam.
Okrent conta que um dos representantes de organização pró-Palestina, em conversa com ele, opinou que, enquanto não tiver repórteres muçulmanos em igual número, o Times deveria afastar seus jornalistas judeus. Para o ombudsman, essa idéia parece algo ofensiva, mas ainda menos ofensiva do que aqueles que chamam o Times de anti-semita. ‘ Se reportagens simpáticas aos palestinos ou antipáticas aos israelenses são anti-semitas, o que é o anti-semitismo de verdade? Que palavra usaremos para a discriminação consciente, o ódio escancarado ou os atos violentos com motivação étnica? O Times pode ser – e é – imperfeito. Mas não é anti-semita. Qualificá-lo assim difama mais ao acusador que ao acusado’, conclui.