Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Tânia Alves

Na coluna da semana passada (10/10), comentei sobre a reclamação de leitores do O POVO que tentaram entrar em contato com dois colunistas e não conseguiram. Os e-mails disponibilizados no cabeçalho das colunas – fabiocampos@opovo.com.br e waltergomes@opovo.com.br – voltavam para a caixa do emissor. Retorno ao assunto hoje por mais uma demanda do leitor. Também por considerar um descaso que, numa empresa de comunicação, as pessoas não consigam estabelecer contato com os colunistas utilizando correio eletrônico.

Na última quarta-feira (14/10), outro assinante se manifestou. Desta vez, ele havia tentado enviar um comentário para o colunista Lúcio Brasileiro por meio do endereço paco@opovo.com.br, também publicado no alto da coluna. “Ao mandar a mensagem para e-mail indicado, não obtive sucesso, ao vê-la eletronicamente devolvida, denotando conta não receptiva. Estranho! Então, que não faça constar tal e-mail na coluna Lúcio Brasileiro, se não tem este interesse em interagir com o leitor”, relatou.

Na quinta-feira passada (15/10), enviei, como teste, mensagens para vertical@opovo.com.br, esportes@opovo.com.br (coluna Alan Neto), ericofirmo@opovo.com.br, neilafontenele@opovo.com.br e paco@opovo.com.br, pedindo uma resposta. Érico Firmo, da coluna “Política”; e Neila Fontenele, do “O POVO Economia”, me retornaram prontamente. Os conteúdos enviados para a Vertical e Lúcio Brasileiro voltaram para minha caixa de mensagens. Quanto ao pedido enviado para Alan Neto, não obtive resposta. Pedi uma explicação para a chefia de Redação. Até o fechamento desta coluna, nenhuma justificativa.

Repito o que já disse por aqui. O endereço eletrônico dos colunistas do O POVO no cabeçalho das páginas (ver fac-símile) não é de enfeite nem para seguir o desenho das páginas. Deve ser um canal de interação com o leitor. Se não for assim, deixa de ter sentido disponibilizá-los. Torna-se uma enganação.

COMO NÃO FAZER UMA NOTÍCIA

Notícia deve ter como característica a veracidade, a partir de uma situação nova e atípica. Para isso, é necessária a verificação dos fatos pelo repórter. Caso contrário, pode se transformar em ‘não notícia’. Foi o que ocorreu, na quinta-feira passada, no Portal O POVO Online, que postou como manchete principal um conteúdo sobre o hub (centro de conexão de voos) da Latam que carecia de confirmação. Afirmava: “Levy teria dito que Governo trabalha em favor do Ceará”. A matéria dava como fonte uma postagem do Blog do jornalista Jamildo Melo, do site NE10, de Recife, mas o próprio título usa de ambiguidade para referendar a informação. O parágrafo inicial da matéria também faz uso da dúvida – “teria respondido” – para embasar a narrativa.

O leitor que tivesse a disposição para chegar até o fim do texto, após tantas incertezas, poderia verificar a negação da informação por duas vezes. O texto afirmava que no áudio não existia a defesa do Governo Federal para Fortaleza e ainda destacava que o próprio ministro da Fazenda havia negado o fato. Em comentário deixado no Facebook, que reproduziu o texto, um leitor notou a contradição: “Todas as partes negaram a notícia. Melhore as manchetes, O POVO (Online). Não tente induzir o leitor que não lê manchetes em desacordo com a matéria”.

Citada para responder à questão, a editora-executiva do Portal O POVO Online, Juliana Matos Brito, negou ser o conteúdo uma ‘não notícia’. “Trouxemos a movimentação política em relação a um importante evento econômico para o Estado. O tema, inclusive, foi destaque em jornais impressos de Pernambuco. Colocamos que o ministro “teria” dito a frase e mostramos a confusão política que o fato causou entre as cidades envolvidas. A matéria foi para a manchete por consideramos relevante o assunto e a discussão política em torno do fato”.

Se no áudio da reunião não constava a informação, se o ministro negou, onde estava o fato concreto? A dúvida foi transformada em “fato” que virou “notícia”. O noticiário de um portal de notícias não pode se contaminar de incertezas. Naquele caso específico, foi uma aula de como não se fazer conteúdo jornalístico. Naquele momento, não se tinha fato para publicar. A matéria ainda não existia. Vale ressaltar que, no dia seguinte, O POVO publicou o mesmo teor, mas no impresso o conteúdo foi mais bem apurado.

INDIGNAÇÃO POR ERRO NA CAPA

Na sexta-feira passada (16/10), uma informação equivocada publicada na capa do O POVO causou indignação nos leitores por transformar o presidente eleito do Ceará em técnico do time. “Foi um erro grosseiro”, “O presidente eleito virou técnico?”, “O técnico do Ceará foi demitido?”, “Dê um puxão de orelha neste pessoal”, “Um erro crasso deste não pode acontecer em um jornal como O POVO”. Sim, os leitores têm razão para o incômodo. Todo erro em jornal é embaraçoso. Quando ele ocorre na capa do jornal, torna-se mais evidente e constrangedor. Neste sábado (17/10), o reparo já foi feito na página de Opinião.