Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Tânia Alves

Na semana que passou, um colega de trabalho veio me falar das dificuldades que estava enfrentando para pagar as contar por causa da greve dos bancários que, neste domingo, completa 20 dias. Disse que teve que percorrer parte de Fortaleza para conseguir quitar os débitos. E fez uma queixa sobre a cobertura: “A gente não ouve falar na greve (dos bancários)”. Depois da conversa, passei a observar com mais rigor como O POVO vinha acompanhando o movimento. Constatei que, apesar de ser uma greve que atinge, direta ou indiretamente, boa parte da população, o assunto deixou de ser constante no noticiário por aqui.

A greve começou no dia 6 de outubro passado em vários estados do Brasil, inclusive no Ceará. Antes de iniciar o movimento dos bancários, a Editoria de Economia publicou duas matérias. A primeira dava dicas de como os clientes poderiam fazer para pagar as contas. A segunda informava sobre a correria na véspera da greve. Inclusive oferecendo ao leitor um “Guia de canais para operação bancárias”. A última matéria sobre a paralisação foi publicada no dia 10 passado, acerca da dificuldade que alguns usuários encontravam para depositar cheques.

De lá para cá, o único registro foi em notas ‘Breves’ informando sobre a continuidade da greve. Num período de dias, o assunto sumiu das páginas. É como se o tema não existisse ou não fosse capaz de modificar o dia a dia das pessoas. Cheguei a alertar nos comentários internos que a paralisação carecia de uma atenção maior. A editora adjunta da Editoria Negócios, Paula Lima, lembrando as matérias citadas acima, explicou que a cobertura vem sendo acompanhada desde o início. “Nesses últimos dias (quinta e sexta-feira), saiu como ‘Breves’ para mostrar o ritmo das negociações. Como tivemos que elencar o que precisava de mais espaço na edição, a greve ficou com menor espaço. Mas voltaremos ao assunto fortemente na semana que vem”, prometeu. Vamos esperar.

SOBRE SUGESTÃO DE PAUTAS

Muitos leitores entram em contato com a ouvidoria para enviar sugestão de pauta. Todas elas são prontamente enviadas para a Redação, já que não faz parte das atribuições do ombudsman escolher os temas que estarão na edição do dia seguinte. Mesmo assim, alguns leitores têm se mostrado frustrados por não verem suas indicações atendidas. Relato dois casos que ocorreram nas últimas semanas. O primeiro diz respeito ao evento de rock “Tempestade Metálica”, para comemoração de três décadas do primeiro encontro em Fortaleza, enviada para o Vida & Arte. Embora o organizador insistisse, nenhuma matéria foi publicada. Ressaltando que entrou em contato com bastante antecedência, ele lamentou não ter recebido qualquer resposta.

O segundo caso foi uma sugestão do membro de Conselho de Leitores do O POVO Vandemberg Coelho, para a Editoria Cotidiano. Ele indicou uma pauta sobre os mecanismos utilizados pela Cagece para coibir o desperdício de água dos usuários, especialmente em lavagem de calçada, como observa no bairro onde mora. “É a terceira sugestão que faço. Nunca consigo”.

Mesmo se tratando de sugestões, pedi explicação para os coordenadores das áreas sobre o motivo da não execução das pautas. A editora-executiva do Vida & Arte, Cinthia Medeiros, informou que recebe, todos os dias, dezenas de e-mails com sugestões de pautas, mas nem todos viram conteúdo. A decisão cabe à equipe de editores que considera a diversidade e o interesse geral do público. “No caso citado pelo leitor, evento de rock Tempestade Metálica, não foi diferente. Ele passou por uma curadoria que priorizou, num fim de semana em que se comemorava o Dia das Crianças, pautas dedicadas à programação infantil”.

Por sua vez, o editor executivo do Núcleo Cotidiano, Érico Firmo, explicou: “Não existe previsão legal que proíba a pessoa de usar a água da forma como quiser. E, sem previsão legal, não há como inibir. Realmente, não vi como transformar isso (a sugestão) em pauta. Existe mundo afora a possibilidade de restringir a quantidade de água que se consome e cobrar mais ou menos por isso. Mas, para estabelecer que a água pode ser usada de determinada forma ou não, seria necessário mudar a lei.” Neste sábado veio a notícia. A mudança ocorreu.

SOBRE “JUVENTUDES”
Na terça-feira passada (20/10), O POVO publicou caderno especial chamado “Juventudes”, que foi um dos destaques durante a semana. Com um projeto gráfico arrojado (são dois cadernos em um só – ver fac-símile), o conteúdo foi pensado a partir de dados coletados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Ceará.

Aborda, num primeiro momento, a tragédia da violência que resultou no assassinato de 526 jovens no Ceará em 2013. Num segundo momento, aponta, sutilmente, para saída do problema pelas artes. Este foi o primeiro número da série Juventudes. Mais três virão por aí, nas próximas terças-feiras.