Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Tânia Alves

A prisão do senador e líder do Governo Delcídio do Amaral (PT-MS), na quarta-feira passada (25/11), por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), e depois confirmada pelo Senado Federal, foi manchete dos principais jornais impressos do País no dia seguinte. Pelo ineditismo, primeiro senador da República preso no exercício do mandato após o fim do regime militar, é um assunto que mereceu figurar nas manchetes naquele dia. Mas como apresentar novidade após os sites passarem o dia mantendo o leitor informado? É o dilema que se apresenta para a versão impressa quando um tema é forte o suficiente para inundar de informações os consumidores que buscam as notícias via online.

Pesquisei como se deram as manchetes no dia seguinte à prisão. Alguns periódicos preferiram fazer a apresentação tradicional, como foi o caso da Folha de S.Paulo (“STF prende senador e banqueiro acusado de sabotar a Lava Jato”) e Estadão (“PF prende Delcídio, líder do governo no Senado, e banqueiro André Esteves”). Outros bancaram a informalidade. É o caso do Correio Braziliense, que apresentou aos leitores a manchete “Perdeu, senador”, e do Extra que cravou “Nunca antes na história deste país…”

Por aqui, O POVO preferiu, acertadamente, olhar para frente e destacou em manchete: “Os efeitos de uma prisão histórica” (ver fac-símile). Foi uma boa saída para um dia com muita informação sobre o mesmo tema, e que praticamente tudo já se havia dito sobre o caso. Na cobertura, as análises se sobressaíram, quer seja na matéria “A prisão que aprofunda a crise”, nas colunas e na página de Opinião. Tudo remetido para o leitor na chamada de capa.

A falha ficou por conta da não publicação da informação de como votaram os três senadores cearenses no caso. Poderia ter ido além, mostrar os 13 que foram contra a manutenção da prisão e seus respectivos partidos. Naquele dia, o leitor do O POVO ficou sem saber, muito embora um texto tratasse especificamente do assunto. Só na sexta-feira, a matéria que deu continuidade ao tema mostrou como votaram os três políticos do Ceará.
Mesclar os dados factuais e analisar estes fatos em perspectivas são o grande desafio do impresso hoje em dia. É imperioso olhar para frente, sem deixar no esquecimento informações objetivas que são essenciais para se compreender o contexto da notícia. É assim que as várias plataformas de notícia vão se encaixando nos tempos de ebulição que vivemos na atualidade.

EMAILS INOPERANTES III

Durante a última semana, voltei a receber reclamações de leitores sobre a tentativa de manter contato com os jornalistas por meio dos emails do O POVO e não conseguir. Foram três reclamações vindas de pessoas diferentes. O primeiro disse que tentou informar sobre um reparo em uma matéria do Vida&Arte, publicada no dia 21 passado. “Há emails postos à disposição dos leitores que de nada valem. O do noticioso de sábado (vidaarte@opovo.com.br) comprova o que afirmo. Quis registrar dois injustificáveis deslizes de revisão e fui barrado nas duas tentativas que fiz”. A editora-executiva do Núcleo de Cultura e Entretenimento, Cinthia Medeiros, logo após tomar conhecimento do caso, informou que entrou em contato com o setor responsável para identificar se estava ocorrendo algum problema no endereço eletrônico.

Um segundo caso se deu quando outro leitor também desejou fazer um reparo e enviou e-mail para um repórter do O POVO Online, Lucas Mota, lucasmota@opovo.com.br. “Afinal, pra que colocar email?”, questionou. Após ter conhecimento do caso, o repórter reconheceu que, nos últimos dias, não havia verificado as mensagens, mas que já voltou a abri-lo normalmente. Um terceiro leitor remeteu um texto para o endereço eletrônico do colunista Valdemar Menezes – valdemarmenezes@opovo.com.br –, que não chegou. Por meio da ombudsman, a mensagem foi encaminhada para o jornalista, que deu retorno ao leitor. Só que o email com extensão da casa continua sem receber mensagens.

Esta não é a primeira vez que utilizo este espaço para comentar sobre mensagens enviadas para emails de jornalistas do O POVO que não conseguem chegar. Tratei do assunto nas colunas do dia 11/10/15 e 18/10/15. De lá para cá, pelo visto, pouca coisa mudou. Insisto no assunto, pois considero que as respostas aos leitores devem ser dadas rapidamente. O endereço eletrônico é um canal de interação, e não apenas um recurso gráfico. Hoje em dia existem outros meios mais eficazes que possibilitam um diálogo mais ligeiro com o leitor, mas, se o email está disponibilizado, deve funcionar e o leitor precisa receber resposta. Pelo menos desta vez, a Redação deu resposta de forma mais ágil e positiva.

O NOME E O DEBATE

Recebi email, na semana passada, de um leitor questionando a escolha da ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenele como entrevistada do Debates Grandes Nomes. O projeto, que já está na 10ª edição, tem transmissão na rádio O POVO/CBN e O POVO Online e matéria no O POVO. Para o leitor, os anos de administração da ex-prefeita deveriam ser esquecidos. Expliquei para ele que havia um motivo, sim, para que a ex-prefeita de Fortaleza fosse uma das entrevistadas do projeto. Ela entrou para a história política ao ser a primeira mulher eleita prefeita de uma capital do Brasil. Isto ninguém pode tirar. Além disso, a eleição completou 30 anos em 2015. Daí a importância para que o episódio seja revisitado. Quer se goste da ex-prefeita ou não.