Estamos vivendo um momento muito rico para o jornalismo brasileiro, potencializado pela efervescência dos acontecimentos políticos e econômicos vindos do Planalto Central. Os assuntos, os títulos, as manchetes mudam num mesmo dia em um piscar de olhos. O que era o tema forte pela manhã vira secundário à tarde e, à noite, se transforma em nota ‘Breves’. Em consequência, as redações permanecem em ebulição. É um tempo extraordinário para aprender a lidar com as notícias, para bem trabalhar as informações.
Na última quarta-feira (16/12), por exemplo, pelo menos quatro conteúdos poderiam ser definidos como manchete de qualquer jornal do Brasil para o dia seguinte: a proposta do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, para o rito do impeachment da presidente Dilma, deflagrado na Câmara dos Deputados; o pedido de afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pelo procurador da República, Rodrigo Janot; o rebaixamento da nota do Brasil pela agência Fitch; e as manifestações a favor da presidente Dilma, uma surpresa naquele dia. O POVO optou pela denúncia contra Eduardo Cunha. Foi uma boa escolha.
Para o jornalismo, olhando daqui, dá para verificar que muito há que se aprender em dias tão intensos. Ao mesmo tempo em que o jornalismo impresso continua como uma referência, com muita notícia saída deste nicho sendo replicada para defender pontos de vistas contraditórios, ele já não reina como única fonte de informação. As redes de jornalismo que se formam a partir do online se engrandecem pelo contraponto que representam. São capazes de também formar opinião. Falta somente separar o joio do trigo. A parte ruim ainda se espalha com muita facilidade. Os memes de adultérios capazes de atingir milhares de pessoas nesta semana dão ideia do que fato. Isso também faz parte do excesso de agitação.
Tenho fé que a síntese deste momento será diferente para o Brasil, após o caos. Assim como para o jornalismo. Quem vive nas redações – quer seja de online, quer seja de impresso – é bom prestar atenção no papel que lhes cabe. Das cabeças pensantes da área virá parte da energia necessária para apontar um novo curso. Repito, temos um momento extraordinário para o jornalismo. Sai na frente quem souber captar, observar, raciocinar e traduzir melhor o presente para um consumidor de notícias cada vez mais atento e exigente.
Na semana que passou, por exemplo, um leitor ligou para a ouvidoria para elogiar o artigo “O presente que leva ao futuro”, do editor-executivo do Núcleo de Conjuntura, Guálter George, publicado na edição de quarta-feira última (16/12). “O Ponto de Vista do Guálter George foi altamente positivo. Não se limita a fazer o comentário do presente, joga para o futuro. E não é o jogar esperança à toa. As coisas não vão ficar do mesmo jeito”, disse. Também acredito que não ficará. O jornalismo sairá melhor.
SONEGAÇÃO DA INFORMAÇÃO?
Na segunda passada (14/12), recebi e-mail de um leitor questionando o motivo de não se ter dado informação sobre a manifestação de apoio ao mandato da presidente Dilma Rousseff, que ocorreria dali a dois dias. “Dia 16/12, partidos, movimentos sociais, representação de trabalhadores, estudantes, profissionais liberais e a população estarão fazendo um grande ato contra o que consideram golpe contra Dilma e a democracia. Não existe nenhuma informação no jornal. Sonegação de informações ou esquecimento?”, questionou.
Respondi para o leitor que no sábado (12/12) e no domingo (13/12) duas matérias haviam feito menção ao evento e que esperava um texto de apresentação no dia da manifestação (16/12). Só que a matéria não veio. O ato foi citado em dois textos na cobertura daquele dia sobre a operação da PF que resultou em mandado de busca na casa do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. Foi uma falta. No entanto, no dia seguinte, o ato teve cobertura de página inteira na editoria de Política e foi destacado como foto principal da capa do jornal daquele dia (ver fac-símile). Neste caso, O POVO olhou para os dois lados, pois a manifestação pró-impeachment também recebeu espaço considerável na edição de segunda-feira (14/12).
CONTRIBUIÇÃO
Os leitores contribuem muito quando entram em contato com a ouvidoria. Muitas vezes, eles são essenciais para melhorar o nosso fazer jornalístico. Um caso concreto ocorreu no dia 8 de dezembro passado, quando um leitor entrou em contato para reclamar que os jogos apresentados no quadro “Agenda Esportes”, publicado quase todos os dias na editoria que cobre a área, apareciam sem o horário. No fim de novembro, 30/11, outro assinante já havia reclamado sobre o mesmo assunto.
Nas duas ocasiões, enviei o comentário deles na análise interna que produzo diariamente para a Redação. Da última vez, o editor-executivo de Esportes, Fernando Graziani, respondeu que iria acatar a sugestão do leitor. De lá para cá, os jogos contam com o horário do início das partidas. Estes dois leitores ajudaram no aperfeiçoamento da informação. Saber o horário do início dos jogos é essencial.