Quando assumi a função de ombudsman – oficialmente no dia 7 de janeiro do ano passado -, não sabia o que estava por vir. Não sabia como seria lidar mais proximamente com o leitor do O POVO. No entanto, por ter passado muito tempo na Redação, compreendia que o consumidor de notícias está cada vez mais exigente, mais participativo e antenado. A expectativa se concretizou.
Neste ano que passei por aqui, senti o quanto o assinante gosta do O POVO e o quanto ele se irrita quando identifica imperfeições na produção de notícias. Aprendi, neste ano, que, para o leitor, não existe erro pequeno ou grande. Uma vírgula fora do lugar, uma letra trocada, uma concordância desconexa, um texto incompleto, um vício de linguagem, tudo é capaz de chamar a atenção dele, que liga, envia e-mail e pede correção, quando necessário. Isso ajuda a melhorar o nosso cotidiano de fazer jornalístico.
No mês passado, 61 pessoas entraram em contato com a ouvidoria para solicitar alguma demanda. Cito algumas delas a título de exemplo. No dia 23 passado, um leitor enviou correspondência eletrônica para reclamar da falta de informações consideradas por ele importantes, numa matéria sobre a transposição das águas do rio São Francisco, publicada na editoria Política. O título da matéria informava: “Ceará receberá R$ 93 mi para obras hídricas”. Ele recomendou um texto sobre o assunto para a ombudsman que continha alguns dados que não apareciam no conteúdo do O POVO. E pediu: “Examine esta matéria (enviada) e compare com a matéria de hoje do jornal O POVO. (A matéria do O POVO) Não comenta o tamanho da obra nem fala sobre o que já foi realizado. O POVO podia mostrar o que já foi feito e o que deverá ser realizado pelo Governo (Federal)”. Ele tinha razão. Algumas informações relevantes para entender o contexto da matéria não estavam lá.
O leitor também se manifestou quando identificou erros, como foi o caso registrado no dia 26 passado quando uma foto do Ronaldinho Gaúcho foi parar num texto que falava sobre o jogador Anselmo, do Fortaleza, na editoria Esportes. Ele ainda reclamou da falta de uma sílaba num texto de Política. “São erros pequenos, mas imperdoáveis”, disse.
Por outro lado, os leitores também são generosos e elogiam quando leem algum fato que lhes chama atenção positivamente. Foi o caso da capa do jornal do dia 1º de dezembro, que veio toda em preto e branco para falar sobre a possibilidade da volta do voto em papel nas eleições de outubro próximo. “Foi uma sacada colocar tudo em preto e branco”, disse. A manchete não se concretizou. O voto será em urna eletrônica, mas a lembrança do diferencial daquele dia ficará marcada para ele
As estatísticas do ano
Desde março de 2015, passei a publicar os dados de atendimento ao leitor e erramos publicados no mês anterior. De fevereiro a dezembro de 2015, um total de 590 leitores entrou em contato com a ouvidoria para fazer algum tipo de observação sobre o jornal. Uma média de 53,3 atendimentos por mês.
Junho foi o período que teve a maior demanda, com 71 pessoas solicitando respostas da ouvidoria. Fevereiro alcançou a menor participação: apenas 17 leitores acionaram a ombudsman. (Ver quadro elaborado pelo Núcleo de Arte da Redação do O POVO). Aqui vale um esclarecimento: só comecei a compilar os dados em fevereiro. O que é uma falha.
A quantidade de atendimento ao leitor também não deu conta da efervescência que é o mundo virtual. Durante todo o ano passado, acompanhei, via O POVO Online e redes sociais, a demanda que veio de lá. O novo está neste mundo, onde se trava um debate aberto, franco e sincero sobre as nossas imperfeições jornalísticas. Por lá, as discussões se intensificaram. Por lá, nós, jornalistas, temos muito a aprender. Por isso, considero que em 2016 é necessário que a ouvidoria olhe mais para este lado, que tem se mostrado muito rico e bem mais participativo. Olhar mais intensamente para lá será um dever, embora muitas vezes a atividade capaz de gerar frutos seja encoberta pelo lixo, ódio e intolerância que emergiram nos comentários deixados no mundo virtual. Esses são só a parte do todo. E eles vão continuar por mais algum tempo. Faz parte.
ERRAMOS
Além da estatística do atendimento ao leitor, apresento no quadro os erramos publicados no mês passado. O levantamento é elaborado, mensalmente, pelo Banco de Dados do O POVO. De acordo com “Guia de Redação e Estilo” do jornal, na seção “devem ser privilegiados os erros de informação, créditos, fotos e erros graves de português cometidos em títulos e resumos de matérias”.