Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Tânia Alves

Durante a semana passada, duas matérias que foram alçadas à categoria de manchete do jornal me chamaram particularmente a atenção. Uma delas de forma positiva, por se tratar de exemplo de jornalismo de fôlego, feito a partir de uma pauta simples, mas executada de forma consistente. A outra, ao contrário, mostrava descompasso entre o oferecido na capa e a matéria publicada no corpo do jornal. Poderia frustrar o leitor.

No primeiro caso, falo da manchete “Transposição: 85% da obra estão concluídos, mas futuro é incerto”, publicada na segunda-feira passada (2/5). A matéria, que resultou num conteúdo transversal reunindo caderno especial “À espera de Francisco” (ver fac-símile), hotsite, websérie e webdoc, foi redigida a partir de uma visita a municípios do estado de Pernambuco e ao sul do Ceará. Casou texto, imagens e bons personagens. No contexto, histórias de pessoas que estão sendo afetadas, direta ou indiretamente, pelas obras. O conteúdo serve de exemplo para o bom jornalismo.

O segundo caso ocorreu na quinta-feira passada (4/5). A capa do jornal apresentava interligada à manchete – “Janot pede ao STF para investigar Lula e Dilma” – uma lista com 29 nomes de pessoas, entre políticos e empresários, que deveriam ser incluídas no inquérito mãe da Lava Jato. Se o leitor foi procurar, na matéria publicada nos páginas do caderno Impeachment, outras informações relacionadas aos nomes elencados na primeira página, perdeu tempo. A matéria praticamente desconhecia a lista. A informação se resume a uma frase informando ter Rodrigo Janot pedido a inclusão de mais 29 nomes na investigação principal. Das 29 pessoas listadas na capa, só 10 eram citadas – e de forma sucinta, sem muitos detalhes. Foi uma falha na edição da matéria. Pela conteúdo, o leitor nunca saberá o motivo do pedido do procurador-chefe. No dia seguinte, não se falou mais no caso.

EXPLICAÇÃO

O editor executivo do Núcleo de Conjuntura, Guálter George, concorda que a edição daquele dia “apresentou uma aparente distorção”. Segundo ele, justificada pela quantidade de fatos do dia anterior, inclusive alguns não relacionados à crise do impeachment. “A alternativa de dar grande visibilidade na capa aos 29 nomes (além de Dilma e Lula) da tal lista do procurador Rodrigo Janot seria uma maneira de compensarmos a forma mais discreta como a informação estaria posta nas páginas internas. O espaço interno seria como foi, destinado a focar nas personalidades políticas mais expressivas, com destaque inevitável, claro, para a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Discutindo as acusações feitas e as reações dos envolvidos.”

O editor de Conjuntura tem razão quando diz que a ênfase do conteúdo deveria centrar na presidente Dilma e no ex-presidente Lula. Os dois são personagens importantes do fato. Porém, em jornalismo, não se pode oferecer um cardápio na primeira página e ele desaparecer internamente. O espaço destinado à cobertura era suficiente para apresentar outros conteúdos referente à lista que tanto destaque ganhou na capa. A edição da página foi distraída e desalinhada com o que o jornal prometia ao leitor. Não fomos bem.

RESPOSTA DEMORADA

Leitor insistiu, nesta semana, para que fosse dada a ele uma resposta sobre uma contribuição enviada para o “Fala, Cidadão”. O problema é que ele havia encaminhado o texto para a seção no dia 15 abril e, até terça-feira passada (3/5), não tinha recebido uma sinalização de que o comentário havia chegado ao destino. Em 21 de abril, ele já havia reclamado, por meio da ouvidoria, sobre a falta de um retorno. “Continuo aguardando a resposta do jornal sobre o meu texto enviado ao Fala, Cidadão. O cidadão aguarda o agradecimento do mesmo por ter enviando”, disse no último email.

Enviei de novo a reclamação para a editoria responsável. Em resposta, a editora de Opinião, Daniela Nogueira, explicou que inicialmente não havia registro do texto no email de Opinião . Só localizou a mensagem após ser enviado pela ombudsman. Disse ainda que havia entrado em contato com o leitor dando as explicações. Ele, por sua vez, confirmou para a ouvidoria que agora, sim, o retorno foi dado. A resposta da editoria demorou muito. Em casos assim, é preciso ser mais ágil. No entanto, devo confessar que, desta vez, a ombudsman também dormiu no ponto. O tempo foi demais para o leitor ser atendido.

ERRAMOS E ATENDIMENTO AO LEITOR

Publico quadro com os erramos publicados em abril. Vinte correções foram editadas no mês passado, segundo levantamento mensal feito pelo Banco de Dados do O POVO. De acordo com o Guia de Redação e Estilo, devem ser privilegiados na seção “os erros de informação, créditos, fotos e erros graves de português ou cometidos em títulos e resumos de matérias”. Também publico o atendimento ao leitor, que resume a interação do ombudsman com o público externo.