O POVO é um dos poucos jornais do Brasil que mantêm uma seção para publicar correções de erros. Muito mais do que o constrangimento, a retificação de informações deve ser vista como uma medida que estabelece confiança entre o jornal e o leitor, pois este sabe que, se no leque de informações apresentadas uma delas estiver com defeito, será corrigida. De acordo com o Guia de Redação e Estilo do O POVO, “devem ser privilegiados na seção “os erros graves de português ou cometidos em títulos e resumos de matérias”.
Ultimamente, porém, parece que o tempo do leitor não é o tempo da Redação. Pode-se constatar isso quando os usuários se manifestam apontando erros que deixam de ser corrigidos. Como faço todos os meses, pedi ao Banco de Dados do O POVO para fazer o levantamento dos Erramos publicados em junho passado. De acordo com a pesquisa feita pelo setor, oito foram divulgados (ver quadro). Em verificação própria a partir da participação dos usuários, constatei que, no mesmo período, 15 leitores entraram em contato com a ouvidoria para apontar algum tipo de informação incorreta (ver quadro). Mesmo levando em conta que nem todas são passíveis de Erramos, muitos incluem erro de digitação, por exemplo, e podem ser consideradas disparidade. A partir desta constatação, fiz levantamento de manifestações em que considerei necessária a correção – e que não foi feita. Listo abaixo algumas delas. Todas referentes ao mês passado.
Na edição do dia 5, a matéria “As muitas vidas do Rio Cocó”, Ciência & Saúde, informava, no último parágrafo, que a data era dedicada ao Dia Mundial da Saúde. Na verdade era o Dia Mundial do Meio Ambiente. “O Dia Mundial da Saúde é 7 de abril”, avisou uma leitora, sem que a informação tenha sido corrigida até este sábado (2/7). No dia 17, foi a vez de o editorial “Mais respeito com a cidade” receber críticas de leitor por apresentar erro factual. No texto constava que o PSDB não ofereceu plataforma de ideias para apoiar a pré-candidatura do deputado Capitão Wagner Souza (PR) à Prefeitura de Fortaleza. ”É desconhecimento de quem escreveu o editorial”, disse um leitor, lembrando que o PSDB produziu um documento com algumas diretrizes para o programa de gestão do pré-candidato. O documento, já apresentado do PR, foi até citado em matéria publicada pela editoria Política no dia 1º de junho de 2016. Quem escreve o editorial não está lendo O POVO com atenção.
A capa também não escapou do olhar atento de uma leitora que encontrou erro na edição do dia 26. “A manchete, na capa, chama para as páginas 2 e 3. Mas a página 3 é anúncio. A matéria do racionamento continua na página 4”. Erros assim podem parecer menor, mas a primeira página é o que existe de mais primoroso em um jornal. Era necessário o reparo. Outro leitor apontou, na edição do dia 20, palavra repetida em uma legenda publicada na editoria Brasil. “A legenda tem Souza Souza”. No caso deveria ser Souza Aguiar, em referência ao Hospital Municipal do Rio de Janeiro. Foi outra que até este sábado não havia sido acatado, apesar de o Guia destacar que erros em legendas devem ser priorizados.
Fica maçante, repetitivo e sem graça elencar, todos os meses, erros que não foram devidamente corrigidos. Afirmo, no entanto, que é necessário persistir na cobrança. A seção não pode servir somente como peça de adorno para ser usada conforme as conveniências. Tem regra disposta no Guia que não está sendo respeitada em grande maioria. Precisa ser encarada com mais seriedade.
FINAL DA COPA AMÉRICA SEM RESULTADO NO O POVO
Até a sexta-feira passada, cinco dias após a final da Copa América Centenário, os leitores do jornal O POVO ainda não haviam lido o resultado do jogo entre Chile e Argentina em matérias nas páginas da editoria Esportes. Como registro, informo logo que o Chile foi o campeão após vencer a Argentina nos pênaltis por 4 x 2. No tempo normal e na prorrogação, o placar foi 0 x 0.
O caderno de Esportes da segunda-feira passada, 27/6, deixou de publicar o resultado. Na terça-feira (28/6), como consequência do placar, foi publicada matéria em que Lionel Messi dizia que não mais jogaria pela Seleção Argentina. Nela também não constava o placar da final. Na quarta-feira (29/6), mais uma vez, Esportes divulgou texto para tratar do Messi fora da seleção. Mesmo citando o jogo final da Copa América, o placar estava ausente. Foi um ponto fraco durante a semana.
A editora-adjunta de Esportes, Ana Flávia Gomes, explicou a inexistência de matéria sobre a partida final: “A final da Copa América teve prorrogação e cobranças de pênaltis, de forma que o desfecho já se deu na madrugada de segunda-feira, após o horário de fechamento do jornal no domingo. Tivemos a devida cobertura no online, mas houve o lapso para registrar uma chamada no impresso para o Portal Esportes O POVO”.
A questão de horário pode ser levada em consideração para o dia seguinte à final. Mas não explica a falta do placar nos dias subsequentes.