Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Tânia Alves

A matéria sobre a Praça Portugal, publicada na edição da quarta-feira passada (20/7), na editoria Cotidiano, foi alvo de críticas de leitores, que se manifestaram por meio das redes sociais ou enviando mensagens para a ouvidoria. O conteúdo, com o título “Obra revela dependência subterrânea” , falava de uma área sob a praça encontrada durante a reforma do logradouro, que está sendo realizada pela Prefeitura de Fortaleza. O texto mereceu destaque com foto principal na capa do O POVO. Naquele dia, figurou como o mais lido do O POVO Online.

Logo no início da manhã, o jornalista Luciano Almeida Filho postou no Facebook comentário em que dizia: “Quem passeou na antiga Praça Portugal, nos tempos da feirinha, lembra que o local possuía uma fonte luminosa e que havia um subterrâneo onde ficava o maquinário. Na matéria, o caso é tratado quase como uma descoberta arqueológica e fala que os engenheiros desconheciam o subterrâneo. Ou seja, os profissionais não estudaram as plantas anteriores do lugar… Isso se chama incompetência!”. De outro leitor recebi email em que ele informava ter passado a infância e a adolescência circulando pela área, pois morava na rua Leonardo Mota e, portanto, conhecia o achado. “O subterrâneo de que dá conta a edição de O POVO de 20/7/2016 foi construído para abrigar as bombas, o equipamento de som e demais dispositivos destinados a sincronizar o funcionamento das fontes de água com a música que tocava e com as cores das luzes dos holofotes”. Vários outros leitores deixaram comentários quando o texto foi publicado na rede social Facebook. Alguns alertavam para o alarde desnecessário ou para o ‘sensacionalismo’ do texto, já que não era novidade para eles.

É lógico que o aparecimento de uma área subterrânea em uma obra pode ser assunto de conteúdo jornalístico. Porém, a matéria publicada sobre a descoberta na Praça Portugal carecia de uma apuração mais aprofundada, mais consistente.

O texto pecou por uma simples razão: ficou centrado em uma única fonte e ela não tinha conhecimento das mudanças que o logradouro havia sofrido. A partir da fonte, o assunto foi tratado como se fosse algo surpreendente, quase um achado arqueológico. O que gerou estranhamento dos usuários. Após movimentação dos leitores, O POVO Online publicou matéria no mesmo dia dando as devidas explicações sobre o achado que era o local da bomba da fonte luminosa e depois serviu de espaço para guardar as ferramentas de trabalhadores que cuidavam do logradouro.

No dia seguinte (21/7), o impresso também publicou os esclarecimentos sobre o assunto na matéria “Área subterrânea foi quarto de apoio e de máquinas”. Neste caso, o texto foi publicado como deveria ter sido o primeiro. Várias pessoas foram ouvidas. Conta, inclusive, que, no dia anterior, outras fontes haviam sido consultadas, mas nenhuma delas sabia explicar do que se tratava a área subterrânea. A matéria usou também como fonte o Banco de Dados do O POVO, que, em seu Acervo, guarda fotografia que mostra o espelho d´água da antiga fonte. Consultá-lo, quando se foi escrever a primeira matéria, poderia ter deixado o texto mais completo na primeira versão.

Sobre fonte, o “Guia de Redação e Estilo do O POVO” assim define: “Pessoa, órgão, instituição ou mesmo uma documentação que gera fato noticioso. Cabe ao profissional, com base em critérios de bom senso, determinar o grau de confiabilidade de suas fontes e que uso fazer das informações que lhe passam. No caso de pessoa, o jornalista deve estar atento à sua credibilidade, à proximidade do fato que ela relata e aos interesses imediatos na sua divulgação.

É recomendável o cruzamento de informação antes de ser publicada”.

O caso da matéria da Praça Portugal mostra, primeiramente, o quanto o leitor do O POVO está atento aos desacertos no conteúdo editado. Também deixa claro o quanto é importante que o repórter faça da diversidade de fontes sua mantra diária na hora da apuração. Se pairarem dúvidas na hora de escrever, é melhor não editar a matéria. Mesmo à custa de um furo.

BATINA NÃO ERA DE ARACATI
Há 14 dias, a coluna Vertical, na nota “Batina Tucana” informava que o candidato pelo PSDB de Aracati era o padre Pedro da Cunha. Na segunda-feira passada (18/7), o pré-candidato a prefeito do município pelo PSDB, Dr. Xavier Maia, ligou para a ouvidoria para pedir a correção da informação. Disse que o candidato era ele, e não um sacerdote, que ele nem conhecia. Ele se sentiu prejudicado.

Em comentário interno do dia 12/7, já havia anotado que não existia pré-candidato dos tucanos com este nome em Aracati. A dúvida que tive ao ler a nota, tirei com o jornalista Tertuliano Siqueira que mora na Cidade e que confirmou ser Dr. Xavier Maia o pré-candidato. Mesmo depois das duas indicações no comentário interno, até neste sábado(23/7), a correção ainda não havia sido providenciada.

Seria desnecessário a ombudsman fazer este alerta na coluna se a nota da Vertical tivesse sido devidamente reparada. Mas, neste caso, é como se no O POVO não existisse a seção Erramos. É como se o pedido do leitor fosse jogado ao vento e o erro, arremessado para debaixo do tapete.