Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Tereza Rangel

‘UOL Estilo lançou e a home page do UOL vem dando bastante destaque para a seção ‘O mais gostoso’. Está no ar a eleição ‘do melhor hambúrguer’ da cidade de São Paulo.

A novidade começou com a votação do ‘melhor petit gâteau’ também de São Paulo. Aparentemente divertidas, a quem servem essas enquetes?

Primeiro, ganhará sempre a melhor foto, e não necessariamente a melhor comida, posto que se trata de uma enquete-fotográfica. Qual é o critério para elencar tão poucos restaurantes e restritos a São Paulo? No caso dos petit gâteaux, concorreram quatro fotos. No dos hambúrgueres, cinco.

Parece mais trabalho de assessoria de imprensa do que de jornalismo gastronômico isento. Pode gerar um tititi entre os chefs (dentro ou fora da lista), mas acrescenta pouco ao gourmand. O UOL prestaria melhor serviço se desse todas as receitas em vez das fotos e ampliasse a lista dos candidatos a melhor, inclusive considerando outros Estados. Seria bom também que deixasse claro qual o critério para a feitura da lista.

A redação responde.

Concordo que a enquete faria mais sentido se fosse mais abrangente (com opções de mais restaurantes) e incluísse também restaurantes de outros Estados. Acho também que a votação é diretamente influenciada pela foto e não pelo sabor do prato.

Para melhorar a votação que está atualmente no ar, foi incluído no texto o critério que UOL Estilo adotou para montar a lista.

Foi destacado também, no título do álbum, que a enquete se restringe a restaurantes da cidade de São Paulo. (‘Vote no melhor hambúrguer de SP’)

Vamos reavaliar o formato da seção ‘O Mais Gostoso’ a fim de contornar problemas de regionalismo e votação por foto.

Atenciosamente,

Manoela Pereira

Gerente geral de entretenimento do UOL

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Farsa em destaque (18/07/07)

Internautas têm procurado a ombudsman para se queixar da forma como o UOL vem incentivando, desde a noite de ontem, o envio de fotos do acidente aéreo em São Paulo. Para eles, o UOL criou um clima de oba-oba em torno do acidente e fez um texto que convidava o internauta a ‘mostrar a desgraça que só ele viu’, como bem definiu Renato, cujo e-mail reproduzo abaixo.

‘Esse negócio de ‘Tirou fotos? Mande’ no meio da tragédia de Congonhas é de um mau gosto descabido!!! Puxa vida, todos sabem que esse tipo de tragédia muitas vezes coloca o bom senso do jornalismo no lixo, que acabam se apresentando fotos que não deveriam ser vistas ou que pelo menos geram discussões terríveis sobre até onde o jornalismo deve ou não mostrar esse tipo de desgraça. Enfim, você bem conhece esse tipo de questionamento; aí o UOL coloca em quase todas as páginas do acidente dessa noite uma mensagem ‘Tirou fotos? Mande’ como se fossem aquelas fotos de filhotes no zoológico ou da Parada Gay! E ainda o texto redigido dessa maneira sem o menor cuidado com a situação! Como se dissesse: ‘mostre a desgraca que só você viu’. Terrível!’, por Renato

Uma das fotos enviadas por internautas foi parar na home page do portal, sob o título ‘flagra de internauta: pessoa pula de prédio em chamas’.

A foto é uma fotomontagem grosseira, notada por vários leitores.

Vejam, por exemplo, o que diz João Papa sobre a fotomontagem.

‘Achei que a UOL tivesse o bom senso de averiguar o que publica. A foto é uma montagem (muito ruim, por sinal).

Se houver dúvidas, os fatos:

– A luz que ilumina o corpo é diferente da luz ambiente.

– O tamanho do corpo é absolutamente desproporcional ao tamanho do edifício.

– Nenhuma câmera de celular como a que supostamente foi utilizada para tirar a foto possibilita o controle manual da velocidade de obturação, o que tornaria impossível fotografar um corpo em queda livre com tamanha nitidez (e sem perda de luz no resto da foto).

– Oito minutos após o acidente ainda não havia escurecido completamente.

Não importa se quem postou a foto foi um leitor do site. A responsabilidade por hospedar esse conteúdo enganoso é do UOL. E só aumenta a responsabilidade o fato de a foto ter sido colocada no index do site, sendo anunciada como verdadeira e como flagra de um internauta. Se o UOL Interação não tem meios de averiguar o material que publica, recomendo que seja extinto. Sempre estive disposto a confiar na credibilidade do UOL Notícias assim como sempre confiei no Jornal Folha de S. Paulo. Confesso que um erro desses afetou toda a credibilidade. Além de mentirosa, a notícia é sensacionalista. Duas características que imaginava serem praticamente proibidas na redação do UOL. Acho no mínimo de bom tom publicar uma nota reconhecendo o erro. Muitos dos comentários eram de pessoas chocadas com a foto, e continuar enganando leitores não é uma atitude muito inteligente.’

A imagem entrou no fotoblog da redação às 11h19, foi para a home do portal às 12h20. Às 12h48, um leitor já alertava para a montagem. Foram mais 11 manifestações sobre a farsa no fotoblog, de 12h53 até 13h41. A foto ficou mais de uma hora na home do portal e só foi retirada do fotoblog às 14h20. Um erramos foi produzido às 14h33. Ele, porém, ficou restrito à lista de ‘Erramos’ e a um texto onde antes havia a foto no fotoblog. Para a gravidade do problema, deveria ter sido publicado na home do portal imediatamente. Só foi para lá às 15h55, depois de a ombudsman requisitar uma explicação à redação e depois de ter sido reescrito, às 15h53.

A chamada ‘Tirou foto do acidente em Congonhas? Envie’ continua lá.

A seguir a palavra da redação.

Tereza,

É lamentável que o UOL divulgue uma informação incorreta, não importa se ela vem da redação ou de uma contribuição do público. Portanto, aproveito este espaço para fazer uma retratação com o nosso internauta.

Reproduzo aqui o texto de ‘Erramos’ que chamamos na capa do UOL. Ele explica, passo a passo, todo o processo desde a chagada da foto até a sua remoção.

‘O UOL publicou hoje, em sua homepage e no fotoblog ‘Você Manda: Tragédia em Congonhas’, fotomontagem enviada por um internauta como se fosse uma foto verdadeira. Assim que foi descoberto que se tratava de uma imagem falsa, a foto foi retirada da home do UOL e do fotoblog.

A foto foi enviada às 11h05 por um internauta que assinava Junior Ferrarye. Ele pedia que o UOL o informasse quando a foto fosse publicada.

A redação de UOL Fotoblog publicou a foto às 11h19 e enviou um e-mail de resposta avisando que a foto havia sido publicada. Às 12h20, a foto ganhou destaque na home do UOL.

Às 12h48 surgiu o primeiro comentário de um internauta afirmando que a foto era, na verdade, uma fotomontagem. Outros internautas também enviaram e-mails para o vocemanda@uol.com.br.

Diante desses avisos, a redação consultou a Gerência de Interface do UOL. Na opinião deles, parecia ser uma fotomontagem e merecia investigação. Assim, a equipe de UOL Fotoblog passou a olhar álbuns da concorrência em busca de alguma foto que se assemelhasse a essa (ou seja, tirada por outra pessoa de um outro ângulo) ou que fosse idêntica, exceto por algum detalhes (ou seja, a foto original sobre a qual teria sido feita a fotomontagem).

A redação descobriu uma foto idêntica à enviada pelo internauta, exceto pela imagem do corpo que caía. Assim que a foto original foi descoberta, às 13h45, a fotomontagem foi retirada da home do UOL e do fotoblog, sendo substituída por um aviso do erro aos internautas.’

Acho excelente o debate público sobre a geração de conteúdo na Web. Qual o papel do internauta? De passividade ou interatividade? Fico com a segunda opção. Há fotos de qualidade jornalística e depoimentos ricos enviados para o UOL — material esse que complementou o que vinha sendo produzido pela redação.

A gerência geral de notícias do UOL acaba de dar início a esse processo, a meu ver irreversível, de incorporar conteúdo gerado por internautas. Contudo, precisamos aperfeiçoar muito os nossos filtros e procedimentos. Certamente tiramos lições valiosas desse episódio.

Tereza, nós concordamos em muitas coisas, mas neste ponto específico sei que há algumas divergências entre nós. Mais uma vez saúdo o debate sobre o tema. Temo apenas que esse fato desvirtue a discussão e nos leve a conclusões precipitadas.

Obrigado,

Rodrigo Flores

Gerente geral de notícias do UOL

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Falta agilidade (17/07/07)

O UOL foi o último dos grandes portais a colocar na manchete o acidente com avião da TAM. Precisa se mostrar mais ágil em casos em que a notícias com ‘N’ maiúsculo acontecem.

Agora, são 20h45 e o UOL ainda não trocou a foto principal do portal por foto quente. Tanto Folha Imagem como Agência Estado disponibilizam imagens de mais qualidade, sem ser de reprodução de TV, desde 20h26 e 20h29, respectivamente. Tempo suficiente para que a troca tivesse sido feita.

Erros irritam

Um dos grandes desafios do jornalismo é a manutenção da qualidade na corrida contra o tempo. Na Internet, a pressão do tempo é ainda maior do que em outros meios. Afinal, o fechamento é a cada segundo e as redações são enxutas. Se o controle de erros em outras mídias é uma luta diária e muitas vezes perdida, na Web é ainda pior. Essa característica da Internet, porém, não pode servir de desculpa para que os profissionais do UOL relaxem no controle da qualidade do que escrevem. Vários internautas já vinham pedindo para eu tratar do assunto aqui no blog.

‘Seria interessante se você pudesse abordar o problema dos erros de português e grafia nos textos do UOL e da Folha Online. A meu ver trata-se de falta de atenção, revisão e de certa forma um desrespeito ao leitor (grifo meu). Muitas vezes eu fico tentando entender o que quer dizer o texto ou manchete, tamanha a confusão na escrita’, sugeriu essa assinante de Atibaia, interior de São Paulo.

Hoje, dois erros na home page do UOL irritaram internautas a ponto de eles escreverem para a ombudsman.

O primeiro ficou pelo menos seis horas estampado na principal página do portal. Era uma simples troca de letra. No lugar de ‘plantas’, o redator escreveu ‘plantam’. O descuido gerou protesto de leitores.

‘Leio diariamente as notícias do meu provedor, bem como de outros sites em busca de variadas informações, e, com freqüência, tenho encontrado erros, não só em manchetes, como no corpo das matérias. Exemplo disso é uma manchete do dia de hoje, 17/07/07. ‘Descubra os perigos que as plantam de jardim escondem’. Fico desapontada em fazer um trabalho constante com os alunos no que se refere à correção no uso de nosso idioma, e perceber que há pouco cuidado por parte da imprensa na divulgação desses tropeço tão prejudiciais à formação de nossos jovens’, disse uma professora do Rio Grande do Sul.

Não foi somente ela que ficou desapontada. Outros internautas escreveram à ombudsman para se queixar do erro, que entrou no ar antes das 4h e lá ficou até depois de 10h.

Outro problema, no final da tarde, durou pouco tempo. Pelo espaço que ocupou na home e por sua natureza, gerou mais protestos que o anterior. Era submanchete do UOL, no bloco de Pan-Americano, sobre a medalha de prata conquistada pela brasileira Natália Falavigna. Em vez de ‘Falavigna faz coro por mais verba para modalidade’, trazia um ‘Falavigna faz côro por mais verba para modalidade’. Descuido e tanto. Até porque o texto original estava correto. O erro ficou minutos no ar, tempo suficiente para que leitores escrevessem para reclamar com veemência.

O problema, infelizmente, não é restrito a uma única área do portal. Basta navegar um pouco para se deparar com o descuido em textos que são destaque na home do portal ou de estações. Alguns exemplos de hoje à tarde.

Fica o desafio para o UOL: melhorar a qualidade de seus textos sem perder agilidade. Pela reação do público, fica evidente que erros, mesmo os pequenos, devem ser evitados a qualquer custo.

Arrumado

Só para constar. À 1h50 desta terça-feira, o UOL conseguiu colocar no ar seu quadro de medalhas completo, destacando o Brasil e dando a possibilidade de o internauta ter o detalhamento por país ou esporte.

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Sem informação fundamental (16/07/07)

O site dos Jogos Pan-Americanos do UOL é gigantesco, mas peca num ponto fundamental para quem quer um resumo do andamento dos jogos: o detalhamento das medalhas conquistadas. No menu esquerdo do site, há um item para ‘Medalhas’.

Ao clicar lá, o internauta acha um quadro muito sucinto. Ele traz, apenas, o número de medalhas de ouro, prata, bronze e o total por país e a classificação geral. Quem quiser saber, por exemplo, em que esportes o Brasil conquistou ouro, prata ou bronze não acha aí a informação. Nem para o Brasil nem para país algum. Nem terá um quadro por esportes que já renderam medalhas. Terá de garimpar na área de ‘Resultados’, esporte por esporte, e ainda descobrir que há medalhas sob o item ‘Final’ (parece óbvio, mas não é).

A concorrência dá a possibilidade do quadro geral (como o UOL), mas também detalhado por esporte e por país a partir de seus quadros de medalhas.

A redação reconhece a falha e afirma que tentará corrigir o erro o mais rapidamente possível, quem sabe ainda hoje.’