Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

The New York Times fez melhor

Em coluna de 1o/2/04, o ombudsman do Washington Post, Michael Getler, aponta que na última semana os leitores voltaram a levantar dúvidas quanto à imparcialidade do diário na cobertura do governo Bush. No dia 24/1, o jornal publicou uma matéria que noticiava a substituição do chefe de inspeção de armas americano no Iraque, David Kay. Ao deixar o cargo, ele disse à imprensa que está convencido de que Saddam Hussein não teve mais armas proibidas desde o fim da Guerra do Golfo, em 1991. Na continuação da matéria, era explicado que o foco da missão que ele estava deixando seria mudado.

Ora, sendo a suposta existência dessas armas a principal razão para os EUA terem invadido o Iraque, havia ali uma notícia muito importante. A chamada da reportagem, no entanto era algo como ‘Busca por armas no Iraque mudará de foco; novo chefe nomeado para o esforço’. ‘Quando vi essa manchete, não fiquei interessado’, escreveu um leitor, que conta que só voltou para ler o texto depois que viu matéria sobre o mesmo assunto no New York Times, com o título ‘Armas ilícitas do Iraque já não existiam antes da guerra, afirma inspetor’. Uma outra pessoa faz menção ao diário concorrente e pergunta: ‘Se você fosse George Bush (e lesse jornais) qual dessas duas chamadas de primeira página preferiria?’

Getler consultou os editores responsáveis pelo texto. Eles mantiveram sua posição, dizendo que o título era apropriado, pois a reportagem tratava da mudança na chefia de inspeção de armas. As declarações de Kay, acrescentaram, não eram centrais ao assunto e, além disso, haviam sido fornecidas pela agência Reuters. Como não foi possível contatá-lo para comentar o que havia dito, optaram por não dar atenção a isso. O ombudsman não se convenceu com a justificativa dos editores: ‘Na minha opinião, o Post colocou um título errado nesta matéria’.