Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

TV por assinatura vive momento de indefinição


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Globo


Quarta-feira, 4 de agosto de 2010


 


TELEVISÃO


Lino Rodrigues


TV paga pede concessão de outorgas


Com mais de 8,4 milhões de assinantes em todo o país, o mercado de TV por assinatura vive um momento de indefinição. Ainda à espera da liberação de novas outorgas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o presidente da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), Alexandre Annemberg, tem pressa e considera a demora um dos fatores que podem levar as empresas a ‘perder o trem’ do crescimento do setor.


Entre janeiro e junho, o número de novos assinantes cresceu 13,1%, percentual que deve dobrar até o fim do ano, puxado pelo ‘fenômeno’ dos consumidores de classe C. Segundo Annemberg, apenas 149 municípios brasileiros são cobertos por operadoras de TV a cabo.


— Ainda falta uma imensidão para a TV por assinatura cobrir o Brasil — salientou.


Associação prevê maior competição no setor Por isso, a entidade tem pregado a necessidade de o governo liberar as novas licenças para operação em todo o território, além de permitir a entrada das operadoras de telefonia no setor e a participação sem limite de empresas de capital estrangeiro. Aprovado esse novo arcabouço legislativo e regulatório, Annemberg espera uma expansão rápida do setor e uma maior competição, garantindo que empresas locais possam participar de nova fase da TV paga, que vai juntar telefonia e internet em banda larga.


Até há pouco tempo, a entidade era contrária à participação das operadoras de telefonia fixa no setor, ponto, agora, considerado inevitável devido à entrada das grandes operadoras (Telefônica e Oi) que já oferecem pacotes com TV, telefonia e internet. Para Annemberg, hoje o mercado oferece condições para as teles entrarem e disputar o mercado com as TVs a cabo.


Essas e outras questões serão o pano de fundo do principal evento de TV por assinatura e banda larga da América Latina, promovido pela ABTA, e que acontece em São Paulo entre os dias 10 e 12. A abertura do evento este ano terá como palestrante o presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho.


— A convergência já é uma realidade na indústria, que passa agora a discutir os papéis desempenhados pelos diversos players — disse Annemberg.


 


 


TECNOLOGIA


Murdoch: iPad é perfeito para jornais


O presidente e diretorexecutivo da News Corp., Rupert Murdoch, considera os computadores tablet, como o iPad, da Apple, ‘uma plataforma perfeita’ para oferecer conteúdo barato e atualizado dos jornais do grupo. Em um fórum sobre novas mídias promovido pelo jornal ‘The Australian’, controlado pela News Corp., Murdoch lembrou o sucesso dos aplicativos de ‘Wall Street Journal’ e ‘The Times’ para o iPad. O do ‘Times’, que no mês passado passou a cobrar pelo acesso a seu site, registrou cinco mil assinaturas em três dias.


Ele ainda se mostrou otimista com o futuro do iPad, que vendeu mais de três milhões de unidades em 80 dias.


— Parece que eles vão vender cerca de 15 milhões de iPads este ano e mais de 40 milhões até 2012. O iPad é apenas um dos muitos tablets que estão na linha de montagem. A News Corp.


pretende estar também em todas essas outras plataformas.


Murdoch também voltou a defender a cobrança pelo acesso aos jornais on-line: — O argumento de que a informação quer ser gratuita só é usado por aqueles que querem que ela seja gratuita.


Na segunda-feira, o site New Media Age afirmou que a News Corp. analisa criar uma divisão para fornecer conteúdo para leitores eletrônicos. Há pouco tempo, o grupo comprou a plataforma de e-reader Skiff. Segundo o site, a decisão seria anunciada nas próximas semanas.


A News Corp. decidiu ainda reforçar a dependência entre o pagamento de seus principais executivos e o desempenho das ações, de acordo com documento entregue à Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão regulador do mercado americano). Dois terços dos bônus anuais dos principais executivos — incluindo Murdoch — vão se basear no desempenho financeiro e operacional, e um terço, em fatores qualitativos. Murdoch tem agora uma meta anual de bônus de US$ 12,5 milhões, com o teto de US$ 25 milhões.


 


 


LITERATURA


André Miranda


De Paraty para o mundo


Você ouve música, bebe um pouco e conta algumas histórias.


A mágica dos festivais está no burburinho, diz Peter Florence, responsável pelo Hay Festival do País de Gales e uma das maiores referências em feiras literárias do mundo.


Então, seguindo a sua definição, quem quiser estar perto do burburinho deve viajar logo para uma cidade litorânea do Sul Fluminense. A oitava edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começa hoje à noite e segue até domingo com uma vasta programação literária, mas também com música, bebida e histórias. Entre essas, a mais certa delas é como a Flip já se posiciona entre os mais importantes eventos internacionais de literatura, inspira outros festivais e pode até ganhar uma franquia na Inglaterra.


A ideia de levar a Flip para a Europa partiu da carioca Christina Baum, organizadora do Palestine Festival of Literature (PalFest) e integrante da equipe que fundou a festa de Paraty.


Recentemente, ela participou de um encontro de organizadores de eventos literários e descobriu que, só na Inglaterra, há mais de 300 festivais. Mas ela acredita que cabe mais um: — Temos um projeto montado, e estarei em Paraty a fim de viabilizá-lo. Queremos fazer uma Flip UK. A marca é muito forte, tenho certeza de que conseguiremos montar um bom grupo de autores estrangeiros e de brasileiros para um evento na Inglaterra.


De certa forma, pode-se dizer que o projeto de Christina é um reencontro da festa brasileira com suas origens britânicas. A principal influência para a criação da Flip foi o Hay Festival, uma feira literária surgida em 1988, na cidade de Hay-on-Wye, no País de Gales. Há quase uma década, a editora inglesa Liz Calder, que havia deixado o Reino Unido para passar uma temporada na tranquila Paraty, ligou para Florence pedindo uma ajuda inusitada: ela queria replicar a ideia de um festival literário, tão comum em seu país natal e em outras partes do mundo, para a pequena cidade do litoral fluminense.


Florence gostou da proposta, pegou um avião em Londres e veio para o Brasil. Em Paraty, como costuma ocorrer com os autores convidados para a Flip, apaixonou-se pelas ruas de pedras, pelos prédios antigos, pela cachaça típica e pela, enfim, sensação de se vivenciar um pedaço da História. Desde então, não só vem ajudando a contactar autores como também ficou marcado por ter sido quem sugeriu o nome Flip, em vez de FLP ou de Fip, como se chegou a cogitar. Peter Florence lembra como tudo começou.


— Da casa da Liz em Paraty, resolvemos ligar para alguns de seus velhos amigos da época em que ela era uma supermodelo, hoje responsáveis por revistas, jornais ou editoras.


Queríamos ajuda, e todos disseram que sim — lembra. — Então fui a uma livraria e perguntei quem era o autor de língua inglesa mais vendido do Brasil. O vendedor me disse que era o Eric Hobsbawn. Fiquei surpreso.


Parece que o Lula havia dito que o Eric foi uma de suas maiores influências. Então escrevi para o Eric do que parecia ser o único cybercafé de Paraty e o convidei a vir. O resto você já sabe.


Hobsbawn veio. Nas sete edições passadas, vieram também Paul Auster, Julian Barnes, Don DeLillo, Ian McEwan, J.M. Coetzee, Amos Oz, Neil Gaiman, entre muitas estrelas literárias.


Nesta, estarão autores como Robert Crumb, Salman Rushdie (em sua segunda participação), Robert Darnton e Isabel Allende.


Para se diferenciar de outros festivais, os organizadores da Flip evitam programar eventos simultaneamente. Se conseguir comprar ingressos, um aficionado por literatura pode assistir à conferência de abertura, na noite de hoje, e às 19 mesas de debates que vão de amanhã a domingo.


— Nossa ideia era ter uma atmosfera mais íntima, para que as pessoas pudessem ir a todas as mesas, enquanto, em muitos dos festivais, há várias atividades simultâneas — explica Liz.


A atmosfera aconchegante de Paraty ajuda a ecoar os temas das mesas. E essa conjuntura também inspira outros idealizadores, mas cada festival mantém suas particularidades. A partir da experiência da Flip, o próprio Florence criou há cinco anos, na Colômbia, o Hay Festival Cartagena das Índias, uma das dez feiras literárias que ele organiza pelo mundo.


Também sob influência da Flip, a Palestina passou a receber um festival. O embrião surgiu em 2007, quando a autora egípcia Ahdaf Soueif veio a Paraty e conversou com Christina Baum. Em 2008, então, foi realizado o primeiro Palfest.


— É um festival itinerante: viajamos de ônibus por cidades como Jerusalém, Nablus e Ramallah — diz Christina. — As mesas são montadas nos moldes da Flip, com escritores internacionais e palestinos. À noite, levamos os autores para conhecer os campos de refugiados. É um choque cultural.


O sucesso da Flip ajuda a festa a entrar num circuito internacional: alguns nomes são os mesmos de outros eventos, enquanto outros, ano a ano almejados pelos fãs, como o americano Philip Roth, não participam da Flip, mas também não aparecem em nenhum outro festival.


— Já estive em Paraty, é uma das cidades mais bonitas do mundo. Infelizmente ainda não tive oportunidade de estar na Flip, mas ouço falar tão bem, parece realmente ser um festival mágico — diz Eleanor O’Keeffe, diretora do Jaipur Literature Festival, na Índia, e codiretora do Shakespeare and Company Literary Festival, na França.


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 4 de agosto de 2010


 


ELEIÇÕES 2010


Lucas Ferraz e Felipe Seligman


Serra abrirá horário na TV; Dilma será a 5ª a aparecer


O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, vai estrear o horário eleitoral gratuito, que começa em rede de rádio e TV no dia 17.


O Tribunal Superior Eleitoral sorteou ontem a ordem de aparição dos nove candidatos: após o tucano, aparecerá Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Pimenta (PCO), Zé Maria (PSTU), Dilma Rousseff (PT), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidélix (PRTB), Marina Silva (PV) e Ivan Pinheiro (PCB).


Já no segundo dia de campanha presidencial, o último da lista (Ivan Pinheiro) abrirá o horário, e assim por diante.


Segundas, quartas e sextas serão destinadas à propaganda dos candidatos a presidente e deputado federal. Às terças, quintas e sábados serão reservadas aos aspirantes a governador, senador e deputado estadual.


O TSE ainda irá definir a divisão dos 25 minutos de propaganda eleitoral. Projeção da Folha indica que Dilma terá 10min39s em cada bloco de 25 minutos (42,6% do tempo total). Serra terá 7min18s nesses blocos, ou 29,2%. A candidata do PV terá 1min24s (5,6%). Os seis nanicos terão, juntos, 5min39s.


O principal critério para a divisão do tempo de propaganda na TV é o tamanho das bancadas eleitas pelos partidos para a Câmara dos Deputados: coligações que reúnam partidos com maior número de deputados federais eleitos têm o maior tempo.


A propaganda no rádio e na TV no primeiro turno dura 45 dias (17 de agosto a 30 de setembro). Para a Presidência, haverá dois blocos de 25 minutos (13h às 13h25 e 20h30 às 20h55), além de peças diárias de até um minuto nos intervalos comerciais.


Em junho, o TSE havia tomado uma decisão que impediria a maioria dos candidatos a governador e senador de usar em suas propagandas as imagens dos candidatos à Presidência e de Lula.


Ontem o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, liberou a participação de candidatos ao Planalto em programas de rádio e TV dos candidatos, mesmo nos casos em que os partidos estão aliados nos Estados, mas são rivais no plano nacional. O julgamento porém foi suspenso por pedido de vista.


No final da noite, o TSE aprovou o registro das chapas de Dilma e de Serra.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Emotivo


Na frase destacada pela ‘Time’ e também pelo ‘Jornal Nacional’, ‘Só Deus tem direito de dar vida, e só Deus tem direito de tirar a vida’


Por BBC Brasil e UOL, abrindo o dia, ‘Irã afirma que Lula é emotivo e fez oferta desinformada’. Ecoou por CNN, BBC, Al Jazeeera, AP, Reuters.


E a repercussão prossegue por EUA e Europa. O site da ‘Time’ destacou frase. Um blog da ‘Economist’ postou que Lula, com ‘palavras cuidadosas’, buscou efeito eleitoral interno e externo. O ‘Boston Globe’ fez editorial elogiando a ‘oferta humana’, mas criticou suas ‘contradições morais e políticas’, pois devia ser amigo, não do governo, mas dos que ‘queriam ter um Lula seu liderando o Irã’ e são reprimidos. E um blog de opinião no ‘Washington Post’ postou que Lula foi ‘apedrejado pelo Irã’ e não passa de um ‘idiota útil’. Aliás, a ‘guerrilheira marxista’ Dilma tem ‘a mesma afeição por ditadores antiamericanos’.


Por outro lado, o blog Pelo Mundo postou na Folha. com que, ‘enquanto EUA preparam sua retirada do Iraque, Brasil prepara seu retorno’, com a reabertura da embaixada em Bagdá em outubro.


AMIGOS, AMIGOS


Na submanchete do UOL e na manchete de ‘Clarín’ e outros sites de jornais argentinos, ‘Novo código aduaneiro acaba com a bitributação no Mercosul’ após ‘árduas negociações’. Cristina Kirchner agradeceu a Lula, ‘eterno amigo da Argentina’, e ele ‘defendeu que os dois países já não se veem como adversários nem inimigos’.


Na cúpula, falou também de Colômbia. Na submanchete on-line do ‘El Tiempo’, ligado ao novo presidente, Juan Manuel Santos, ‘Lula pede harmonia entre Colômbia e Venezuela para o bem-estar dos povos’ e promete ir ao ‘jantar de despedida de Uribe como prova de amizade’.


‘A FRONTEIRA FINAL’


O ‘Barron’s’ já tenta achar ‘o Brasil da África’ para seus investidores. Mas o Global Post critica os programas de EUA e Banco Mundial e opina que ‘o parceiro mais útil dos governos africanos é pouco notado: o Brasil’, que pode levar o continente à ‘Revolução Verde’


A PETROBRAS REAGE


Os rumores continuam, com a Bloomberg produzindo mais um longo despacho, agora dizendo que ‘Investidor vê risco na Petrobras por ignorar vazamento de petróleo da BP’.


E a Petrobras reagiu ontem, via blog Fatos e Dados, mas apenas para negar mudanças na oferta pública de ações marcada para o mês que vem. Como está em ‘período de silêncio’, antes da oferta, postou que suas respostas são ‘de caráter meramente informativo, não constituindo oferta, convite ou solicitação de ofertas de subscrição ou compra de quaisquer valores mobiliários no Brasil ou’ etc.


Oportunidade


O ‘Wall Street Journal’ destacou em análise a ‘janela de oportunidade’ nas ações dos Brics, ‘quando o mercado financeiro voltar à vida depois do verão’ nos EUA e na Europa. Especialmente nos ‘pesos pesados China e Brasil’, estão muito baixas.


Campanha


Na home da Folha.com, ‘Consultor de Serra diz que modelo do pré-sal é um desastre’. Em debate, David Zylbersztajn, diretor da agência de petróleo no governo FHC, ‘falou em nome do candidato’ que ‘no Brasil tem muita gente que adora o Estado’.


A ROTA MATA


Sites, portais e o ‘Brasil Urgente’ já exploravam ontem outro crime, ‘Justiça decreta prisão de Mizael Bispo de Souza’, mas o G1, da Globo, abriu sua home para noticiar que, ‘Após ataque à Rota, polícia de São Paulo mata 7’. O número de mortes nas 36 horas após o atentado contra o comandante da Rota foi ‘seis vezes maior do que a média diária’.


 


 


MERCADO LITERÁRIO


Livraria Barnes & Noble pode ser vendida


A Barnes & Noble, a maior rede de livraria dos EUA, afirmou que estuda vender a companhia para aumentar o seu valor de mercado.


O conselho da empresa anunciou ontem que criou uma comissão para avaliar as suas opções, inclusive a venda. E uma das possibilidades é que ela fique nas mãos do fundador, Leonard Riggio, que é o presidente do conselho e maior acionista.


O executivo, que tem 29% das ações, disse ao conselho que ele pode participar de um grupo de investidores interessado na aquisição.


As ações da empresa perderam um terço do seu valor desde o início deste ano.


A livraria vem perdendo clientes, tanto pela crise econômica como porque os consumidores vêm optando pela web, seja em compras on-line, seja em livros digitais.


No ano passado, ela lançou seu leitor de livros eletrônicos, mas enfrenta a concorrência de Amazon e Apple.


A decisão da Barnes & Noble de estudar a sua venda acontece em meio à disputa entre ela e o seu segundo maior acionista, o bilionário Ronald Burkle, que tem cerca de 19% das ações.


No ano passado, a rede aprovou um plano que exige que nenhum investidor pode ampliar sua participação na empresa para mais de 20% das ações sem que o conselho aprove esse aumento.


Burkle entrou na Justiça para reverter a medida.


 


 


Ruy Castro


Copa literária


Com atraso de um mês em relação às datas em que sempre se realizou, começa hoje a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). O motivo do adiamento foi a Copa do Mundo. Os organizadores não queriam correr o risco de que a Copa, que mobiliza o país e toma a cabeça das pessoas, esvaziasse a Flip. Ou a Flip, quem sabe, esvaziasse a Copa.


Imagino que este seja um fenômeno apenas brasileiro: um evento literário -um festival de escritores, daqui e de fora, entregues a altas prosopopeias com críticos e ensaístas- curvar-se a um evento de futebol, como se seus públicos não fossem distintos e não houvesse quorum para que acontecessem ao mesmo tempo. Significa que no Brasil o público dos livros e do futebol é um só e não pode ser dividido.


Na Europa é diferente. Não apenas as feiras literárias, como os congressos científicos, os simpósios empresariais e toda espécie de colóquio continuaram a se dar enquanto Casillas, Forlán, Sneijder e o polvo Paul brilhavam em campo ou no aquário. A vida seguiu normalmente. Pode crer -eu estava lá.


Em alguns países, a Copa não atrapalhou nem mesmo outros eventos esportivos. Na França, antes mesmo que sua seleção fosse despachada, a TV já dava dez vezes mais espaço ao Tour de France. Na Inglaterra, idem, a Wimbledon. Nos canais esportivos de Portugal e Espanha, era mais fácil acompanhar torneios de pôquer ou sinuca do que saber o resultado de um jogo de Gana. E não faltou nem a reprise dos Jogos de Inverno do Canadá, com suas palpitantes competições de chaleira no gelo.


Já posso imaginar o Brasil sede da Copa em 2014. Não só a Flip terá de ser adiada de novo. Tudo o mais -governo, Congresso, tribunais, bancos, escolas, fábricas, igrejas, imobiliárias, alfaiates, despachantes, dentistas, veterinários, manicures, mata-mosquitos- vai parar por um mês.


 


 


TELEVISÃO


Audrey Furlaneto


‘Passione’ volta ao tema de exploração sexual de criança


Tema polêmico no início da trama, a exploração sexual de uma menina pela avó ficou apagada nos últimos capítulos, mas vai voltar à ‘Passione’, diz à coluna o autor Silvio de Abreu.


Na novela das 20h da Globo, a menina Kelly, 15, é obrigada a ter relações com clientes (homens de mais de 40 anos) da pensão da qual a avó é dona. Além de espinhosa, a trama gerava cenas densas em que a criança, por exemplo, entregava dinheiro dos ‘programas’ para a avó.


A Promotoria da Infância e da Juventude no Rio passou a monitorar a novela, mas o tema já havia perdido a presença, antes frequente na trama. O autor conta que, agora, o papel dá uma virada: ‘A menina está tomando força e se rebelando da exploração’.


Para noveleiros, os detalhes: ‘Kelly vai se recusar terminantemente a fazer o que a avó pede. Valentina vai continuar com chantagem emocional até ver que a menina não se dobra’.


Ainda assim, o tema pedofilia, alerta o autor, está fora dos planos. ‘A narrativa não esmiúça a personalidade dos pedófilos, e sim mostra a exploração sexual, física e moral que a menina sofre.’


Parece, mas não é Embora não tenha representante na chapa única das eleições de agosto da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Radiodifusão), a Record diz que ainda integra a entidade. E garante que está fora da Abratel, que representa emissoras ligadas a igrejas evangélicas.


À mexicana Após Portugal dar início à produção de ‘Laços de Sangue’, é a vez de o México começar sua novela com a Globo. A TV Azteca grava ‘Entre el Amor y el Deseo’ (entre o amor e o desejo), inspirada em ‘Louco Amor’ (83).


Combo A produção reforça nova conduta de mercado da Globo: em vez de simplesmente vender novelas prontas, comercializa o roteiro e a produção das tramas.


Bom dia por quê? Um espectador do ‘Manhã Maior’, da Rede TV!, ligou para o programa, que responde dúvidas ao vivo, para dizer: ‘Oi, eu queria mandar todo mundo tomar no c…’. Sem graça, o apresentador Arthur Veríssimo disse um ‘Que coisa feia, rapaz!’.


Boi na linha É o segundo problema do programa com telefonemas em menos de um mês. Há cerca de 15 dias, uma telespectadora ligou e disse que estava muito contente de falar no… ‘rádio’.


Obra do acaso Segundo a Rede TV!, as ligações ao vivo passam por ‘triagem e monitoramento’. As surpresas do ‘Manhã Maior’ são tidas como ‘caso isolado, totalmente fortuito e eventual’.


 


 


Gustavo Villas Boas


Episódios históricos perpassam 2ª temporada de ‘Life on Mars’


Sam Tyler (John Simm) é um membro da polícia de Manchester. Após sofrer um acidente, ele volta no tempo. De 2006, passa a 1973.


Ele não sabe se a situação é fruto de loucura, de coma ou de viagens no tempo. Na primeira temporada da série inglesa ‘Life on Mars’, Tyler teve de conhecer e tentar mudar os métodos do seu chefe no passado, Gene Hunt (Philip Glenister).


Na segunda temporada, que sai em caixa com quatro DVDs, essa relação se estreita. É a vida de Hunt, seu grande amigo em 1973, que Tyler acredita ter de sacrificar para voltar a 2006. O contato com a agora detetive Annie Cartwright (Liz White) fica mais intenso.


Profissionalmente, Tyler vive alguns eventos que, sabe, são históricos. Um episódio, por exemplo, faz referência ao grupo terrorista IRA. Outro, à chegada da droga heroína a Manchester.


Em paralelo à ação policial, o detetive convive com visões do que acredita que sejam médicos tentando operar seu cérebro em 2006. São os momentos mais soturnos da série, que, sucesso de público e crítica, ganhou adaptação para os EUA.


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