‘A prisão de uma repórter não pára o mundo, mas deveria fazer refletir a todos os que se preocupam com a necessidade de haver uma imprensa verdadeiramente livre neste país’, escreve o ombudsman do Washington Post, Michael Getler, em sua coluna de 10/7/05. Ele se refere ao caso de Judith Miller, do New York Times, detida por recusar-se a dizer quem lhe informou que Valerie Plame, mulher do ex-diplomata Joseph Wilson, era uma espiã da CIA. Quando George W. Bush tentava levar os EUA a invadirem o Iraque, Wilson publicou um artigo afirmando que Saddam Hussein não representava uma ameaça tal qual pintava a Casa Branca.
Um processo foi aberto para descobrir se alguém do governo deixou a função de Valerie vazar para a imprensa como forma de desacreditar o ex-diplomata. Foi o colunista Robert Novak, reproduzido por diversos jornais, quem primeiro publicou que ela era uma agente. Judith, que sequer escreveu a respeito, foi intimada a depor junto com outros colegas, mas se nega, sob o argumento de que goza do direito ao sigilo de fonte. O caso chegou à Suprema Corte e, como não há lei federal a respeito nos EUA, ela foi presa por obstrução do trabalho da justiça.
Como o processo corre em sigilo, não está claro sequer se algum crime foi de fato cometido. Para Getler, os dois lados que o disputam – o ‘extremamente agressivo’ promotor Patrick Fitzgerald e os veículos de imprensa – poderiam ter sido mais razoáveis. ‘Pode ser ingenuidade minha, mas me parece que poderia ter sido encontrada uma maneira de resolver isso antes do que aconteceu na semana passada (a detenção da repórter). Esse drama pode ter um final surpreendente. Ele deve vir quando Fitzgerald nos contar o que é que ele tem, quem ele pegou e o que realmente está acontecendo’, conclui o ombudsman.