Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Um tema de interesse do jornal e dos leitores

Na parte antiga de Alexandria, na área metropolitana de Washington, nos EUA, o terminal de armazéns Robinson, de propriedade de uma subsidiária do grupo Washington Post, bloqueia a vista e o acesso à água, impedindo carrinhos de bebês de andarem nas calçadas, comenta, em sua coluna [3/6/11], o ombudsman do Washington Post, Patrick B. Pexton. Não é surpreendente que a cidade tenha proposto um plano de desenvolvimento de US$ 42 milhões para colocar nas margens do rio hotéis, restaurantes, parques e museus, a fim de transformar a parte antiga em uma das mais atrativas para turistas.

Ativistas que são contrários ao plano entraram em contato com Pexton para reclamar que o jornal não cobriu o processo de maneira adequada. A audiência pública do Conselho da Cidade, realizada no dia 14/5, foi tumultuada e teve até mesmo pedidos de boicote ao Post. Um repórter estava lá e atualizou o Twitter com informações ao vivo, mas nada foi publicado nas versões online e impressa do diário. Os ativistas alegam, em particular, que o Post não divulgou a natureza completa do interesse e o envolvimento do grupo no processo de desenvolvimento do local – os hotéis planejados, por exemplo, seriam construídos no terreno que é do Post Co.

Na opinião de Pexton, o jornal tinha de ter realizado uma cobertura mais aprofundada. Os planos da cidade só serão possíveis de serem efetivados se o Post Co. vender seus armazéns. As propriedades devem valer US$ 31,8 milhões. Se os planos forem aprovados, este valor deve aumentar bastante e o jornal terá uma quantia dele. O prefeito de Alexandria, William D. Euille, disse, em entrevista, que as propriedades do Post são “chave” para os planos de desenvolvimento.

Repórteres do diário ficam em dúvida em mencionar que o Post Co. é proprietários dos armazéns. Como o papel usado pelo Post não vem mais pelo porto, a empresa não precisa mais dos armazéns e, caso o plano de desenvolvimento seja aprovado, é bem possível que o grupo venda suas propriedades. Ao fazer uma pesquisa nas matérias durante os últimos quatro anos, não houve menção do valor dos terrenos, do tamanho exato deles ou do valor potencial para a revitalização do porto. O editor local, Vernon Loeb, em seu cargo há seis meses, disse que a matéria é importante e que terá cobertura extra nos próximos dias. Para Petxon, não se trata da falha de um repórter ou editor, mas de uma missão. Uma das marcas de uma boa publicação é que ela cobre temas duros – até aqueles que podem afetar os interesses do jornal.