No dia 1/10/04, o diário americano Washington Post deu uma pequena chamada de capa para o caso de Jonathan Magbie, um jovem de 27 anos que fora condenado a 10 dias de prisão por posse de maconha. Para um réu primário, a pena foi mais severa do que de costume. Mas, como escreve o ombudsman do Post, Michael Getler [14/11/04], esse não é o ponto mais chamativo na história, e sim o fato de que Magbie morreu enquanto estava preso. Atropelado por um motorista bêbado quando tinha quatro anos de idade, o condenado vivia numa cadeira de rodas motorizada e precisava de ajuda para quase tudo, inclusive para manter seus pulmões limpos. À noite, usava um ventilador para poder respirar durante o sono.
Magbie morreu cinco dias após ser preso. Uma pré-sentença recomendava dar-lhe liberdade condicional e a promotoria não fez objeção a isso, mas a sentença final foi de que deveria ir para a cadeia. O Post publicou apenas uma matéria noticiosa sobre o caso. Foram recebidas diversas cartas de leitores e o colunista Colbert I. King ainda escreveu a respeito na seção opinativa do jornal. O repórter que cobre a Corte Suprema não teria tempo para ir atrás de todos os detalhes. Assim, foi mesmo através de King que os leitores puderam saber mais a respeito.
Graças à investigação do colunista, sabe-se que Magbie foi levado a um hospital mas retornou à prisão no dia seguinte. Enfermeiras do presídio tomaram conhecimento de que ele precisava de um ventilador para respirar à noite e sua mãe foi autorizada a trazê-lo quatro dias depois. Mas, quando ela chegou, o jovem já estava novamente no hospital, onde morreu. Sabe-se que um promotor, durante audiência para o julgamento de Magbie, disse ao juiz que não acreditava que o réu poderia ficar num presídio comum por causa de sua condição física. Sabe-se também que o médico da penitenciária não autorizou que ele voltasse ao hospital quando foi dispensado pela primeira vez.
O ombudsman do Post comenta que, todos os dias, pessoas morrem ou são mortas em circunstâncias incomuns nas grandes cidades. É impossível para a imprensa acompanhar todos os casos. No entanto, exemplos como o de Magbie trazem consigo muitos detalhes que mostram como funciona a sociedade e suas instituições. E, neste caso, foi um colunista quem jogou uma luz sobre isso.