Um grupo de americanos que apoiam o WikiLeaks planeja criar uma fundação para furar o bloqueio que já dura 500 dias e interrompeu as doações ao site. A organização criada pelo jornalista e ciberativista australiano Julian Assange enfurece governos e grandes corporações ao vazar documentos secretos – entre os mais controversos estão os papéis sobre as guerras do Afeganistão e Iraque e uma extensa série de telegramas trocados entre o governo americano e suas embaixadas e consulados em todo o mundo.
O WikiLeaks foi forçado a suspender muitas de suas operações em outubro do ano passado, pouco menos de um ano depois que empresas como Visa, MasterCard e PayPal passaram a se recusar a receber doações para o site, o que reduziu sua receita em 95%. O bloqueio teve início depois que o senador americano Joe Lieberman pediu às empresas que cortassem os serviços prestados ao WikiLeaks – o que foi feito sem base legal.
Vítimas
Agora, um grupo de americanos negocia com o fundador do site, Julian Assange, para criar uma fundação com sede nos EUA destinada a financiar organizações que tenham sido cortadas por empresas privadas em casos envolvendo questões da Primeira Emenda da constituição americana. À frente dos esforços está Daniel Ellsberg, que vazou os papéis do Pentágono para a mídia americana, e John Perry Barlow, cofundador da organização americana de direitos online Electronic Frontier Foundation (EFF). “A fundação tem o objetivo de apoiar a WikiLeaks e outros, como blogueiros, que têm sido vítimas de bloqueios. Esperamos que isto seja um argumento moral que mudará as mentes das empresas, mas que também pode ser a base dos desafios legais”, disse Barlow.
Segundo ele, uma fundação americana estaria em uma posição mais forte para propor desafios com base na Primeira Emenda – que cobre, entre outras provisões, liberdade de expressão e da imprensa – do que o maior grupo que financia atualmente o WikiLeaks, a Wau Holland Foundation, com sede na Alemanha.
O WikiLeaks afirmou que ações legais contra o bloqueio foram abertas em diversas partes do mundo. A DataCell, empresa que processava pagamentos para a organização, também abriu uma ação contra a Visa em Reykjavik, na Islândia. Todos os servidores de pagamento negaram qualquer envolvimento na decisão de cortar doações ao WikiLeaks e informaram que suas ações foram tomadas para evitar atividade ilegal. Informações de James Ball [The Guardian, 20/4/12].
Leia também